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"Há mazelas no SUS que precisam ser resolvidas", diz Raquel Dodge

Procuradora-geral da República defende mais eficiência nas políticas de saúde para enfrentar excesso de judicialização

Raquel Dodge: a procuradora-geral da República se declarou defensora do Sistema Único de Saúde (José Cruz/Agência Brasil)

Raquel Dodge: a procuradora-geral da República se declarou defensora do Sistema Único de Saúde (José Cruz/Agência Brasil)

AB

Agência Brasil

Publicado em 29 de novembro de 2018 às 15h14.

Em seminário promovido pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, disse hoje (29) que a judicialização da saúde é tema desafiante, que assumiu grande relevo dentro do sistema de administração de Justiça e exige diálogo entre vários órgãos governamentais.

"Se há um assunto que interessa, preocupa e é priorizado pelos brasileiros há muitas décadas é exatamente a dificuldade de acesso à saúde", avaliou.

Dodge se declarou defensora do Sistema Único de Saúde (SUS), mas destacou que há "mazelas" que precisam ser resolvidas.

Segundo ela, trata-se de um sistema de ampla cobertura, mas com dificuldades na acessibilidade, na cobertura e na qualidade dos serviços prestados.

"Ao contrário do que se esperava - que houvesse uma política publica de saúde no país desenhada de modo a evitar a judicialização - isso acabou não acontecendo. O fenômeno da judicialização precisa ser examinado em relação a suas causas, aos problemas que tornam essa realidade hoje tão visível no âmbito do nosso sistema."

"O que se espera é que a política pública seja eficiente a ponto de dispensar a judicialização desses temas e da necessidade de implementação dos direitos", disse.

"As mazelas têm sido reclamadas com razão pela população que, desassistida no momento em que necessita, precisa recorrer ao Judiciário", completou, ao citar a falta de medicamentos e de assistência especializada na rede pública.

Para a procuradora-geral, a intervenção judicial, ainda que necessária em casos específicos, pode ter um efeito "maléfico", que é atender a alguns, mas inibir a cobertura de vários.

"Talvez a excessiva judicialização coloque o gestor numa situação de inércia, de aguardar ser demandado, já que o Ministério Público e o Judiciário vão interferir mesmo, ao invés de termos um diálogo e uma atitude que promova a qualidade da política pública".

Prioridade

Ainda durante o encontro, Dodge defendeu que o Poder Judiciário passe a priorizar a tramitação de ações judiciais que tratam da saúde.

"A demanda por um serviço de saúde, um medicamento ou uma cirurgia é uma demanda sempre urgente. Esse urgente vem da necessidade do autor da demanda. Não é uma necessidade que ele cria ou uma urgência que ele artificialmente apresenta ao Judiciário. Mas é a urgência da vida, a urgência da saúde".

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