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Gurus da política viram estrelas no Brasil antes da eleição

"Viramos quase sub-celebridades", diz Richard Back, analista político da corretora XP Investimentos. "A pergunta sempre é: ’o que vai acontecer?’"

Congresso Nacional, em Brasília 11/05/2016 (Paulo Whitaker/Reuters) (Paulo Whitaker/Reuters)

Congresso Nacional, em Brasília 11/05/2016 (Paulo Whitaker/Reuters) (Paulo Whitaker/Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 25 de agosto de 2018 às 08h00.

Última atualização em 25 de agosto de 2018 às 08h01.

A insanidade da política brasileira está transformando os analistas políticos em estrelas.

O interesse em seus conhecimentos disparou nos últimos meses porque os investidores encaram uma eleição presidencial em outubro na qual os candidatos favoritos são um deputado de direita comparado a Donald Trump e um ex-presidente de esquerda que está preso por acusações de corrupção.

O vencedor - que também pode ser algum dos outros candidatos, que variam desde um ex-presidente do Banco Central até um político que mudou seis vezes de afiliação partidária - pode determinar se o País finalmente vai sair de sua crise de anos ou afundar ainda mais.

Para Richard Back, analista político da corretora XP Investimentos, toda a atenção que está recebendo não chega a fazer com que ele se sinta uma estrela do rock, mas talvez pelo menos alguma celebridade de baixo nível de um reality.

Ele diz que frequentemente é bombardeado por perguntas detalhadas sobre a perspectiva eleitoral quando estranhos em aeroportos e bares ficam sabendo com que ele trabalha. Todos os dias, mais de 100 pessoas recorrem a ele pelo WhatsApp para falar sobre os últimos acontecimentos políticos.

"Viramos quase sub-celebridades", disse Back, 32, em entrevista. "A pergunta sempre é: ’o que vai acontecer?’"

Back trabalhou em Brasília durante seis anos como assessor parlamentar antes de entrar na XP em 2015. A corretora, uma das três maiores do Brasil em volume de ações negociadas, viu a necessidade de contar com um guru político interno na época em que os mercados eram agitados pelo alvoroço causado pelo modo como a ex-presidente Dilma Rousseff lidava com a economia, o que acabou levando ao impeachment. Embora ele tenha sido a primeira pessoa no cargo, a XP ampliou a equipe no Brasil para cinco pessoas.

A maioria dos mercados emergentes é suscetível a oscilações ligadas à política, mas o Brasil tem sido particularmente volátil nos últimos anos devido à Lava Jato, o escândalo de corrupção que colocou dezenas de políticos e executivos renomados atrás das grades. O escândalo ajudou a derrubar Dilma e minou o apoio ao Partido dos Trabalhadores entre a classe média brasileira, o que ajudou a ampliar o campo eleitoral para a votação deste ano.

A perspectiva incerta já abalou os mercados. O dólar subiu acima de R$ 4 pela primeira vez em 2 anos e meio nesta semana, e o índice Ibovespa registra um dos piores desempenhos, em dólares, do mundo neste ano. Mas é claro que um forte indício de que algum candidato favorável ao mercado esteja prestes a vencer poderia desencadear uma recuperação monstruosa.

"A questão política nunca saiu de nossos monitores", disse Maurício Oreng, estrategista sênior do Rabobank em São Paulo.

O assunto provavelmente permanecerá no centro das atenções até que o próximo governo assuma o controle em 2019 e avance - ou recue - nos esforços para fortalecer as finanças públicas e recuperar a nota de crédito de grau de investimento do Brasil.

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