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Greve geral não deve afetar reformas, dizem especialistas

Especialistas reconhecem que as manifestações trazem incômodo para a gestão de Temer, mas nada que seja capaz de barrar a agenda reformista

Greve Geral: "A aprovação (final) da reforma da Previdência deve ocorrer até setembro", afirma o diretor para América Latina da consultoria Eurasia (Diego Vara/Reuters)

Greve Geral: "A aprovação (final) da reforma da Previdência deve ocorrer até setembro", afirma o diretor para América Latina da consultoria Eurasia (Diego Vara/Reuters)

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Reuters

Publicado em 28 de abril de 2017 às 16h52.

São Paulo - As greves e manifestações que ocorrem em diversas cidades brasileiras nesta sexta-feira não devem prejudicar a agenda de reformas do governo do presidente Michel Temer, sobretudo a da Previdência, que afetaria a recuperação econômica se não for aprovada.

Especialistas consultados pela Reuters reconhecem que as manifestações trazem incômodo para a gestão de Temer, mas nada que seja capaz alterar as forças no Congresso Nacional a ponto de barrar a agenda reformista, cuja aprovação continua sendo esperada para o segundo semestre e é considerada essencial para ajudar o país voltar a crescer de forma mais consistente.

"Não há sinais de que os protestos vão ganhar escala maior. Há certa limitação da capacidade de mobilização para algo que saia do controle a ponto de amedrontar o Congresso", afirmou o diretor para América Latina da consultoria Eurasia, João Augusto de Castro Neves.

"A aprovação (final) da reforma da Previdência deve ocorrer até setembro", acrescentou.

Manifestantes bloquearam importantes vias de diversas cidades do país, provocando alguns confrontos com a polícia, e trabalhadores de diferentes categorias decidiram aderir à greve geral convocada por movimentos sindicais em protesto contra as reformas da Previdência e trabalhista.

O Brasil viveu sua pior recessão nos últimos dois anos, ao mesmo tempo em que passou a registrar rombos históricos nas contas públicas.

Temer e sua equipe econômica, a partir daí, adotaram o discurso que a reforma da Previdência era imprescindível para que o país voltasse a crescer, e começaram forte movimento de convencimento junto ao Legislativo.

Analistas projetam crescimento de apenas 0,43 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017, o que deve encerrar dois anos de recessão, acelerando a 2,50 por cento em 2018.

Negociação dura

Mesmo a greve e as manifestações desta sexta-feira não serem capazes de prejudicar muito o andamento das reformas, os especialistas são unânimes ao destacar que a vida do presidente Temer não está fácil no Congresso.

Prevêem ainda negociações duras pela frente, como já vem enfrentando, e o governo abrindo mão de mais pontos da reforma da Previdência.

A situação delicada ficou evidente durante a votação da reforma trabalhista nesta semana, quando o governo só obteve 296 votos na Câmara dos Deputados, menos do que os 308 necessários para a reforma da Previdência.

"Tensão vai ter e acho que o principal é que a reforma (da Previdência) não vai ser exatamente o que estavam imaginando. Acho que temos meses complicados pela frente", afirmou o economista-chefe do banco Fator, José Francisco Gonçalves, mas que ainda mantém o cenário de aprovação final da reforma em outubro.

Em busca de mais apoio, o governo já aceitou uma série de alterações na proposta original da reforma da Previdência e, na véspera, a Reuters mostrou que o governo planejava estender "por alguns dias" o cronograma de votação para não correr o risco de derrota.

"Eu acho que o governo aprova alguma coisa da Previdência, com proposta de idade mínima e período de contribuição, não mais do que isso", afirmou o economista e professor da Universidade de Brasília, José Luis Oreiro.

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