Ricardo Nunes: prefeito da cidade de São Paulo prometeu medidas contra as empresas (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter
Publicado em 9 de dezembro de 2025 às 19h55.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou nesta terça-feira, 9, que os atrasos no pagamento do 13º salário de motoristas e cobradores de ônibus não têm relação com a revisão quadrienal dos contratos e cobrou das empresas o cumprimento imediato da obrigação trabalhista.
A declaração foi feita em vídeo publicado pelo prefeito poucas horas após o início da paralisação parcial do transporte coletivo na capital.
No vídeo, Nunes diz ter tomado conhecimento de um ofício enviado pelas empresas ao sindicato, no qual as concessionárias pedem dilação de prazo para pagar o 13º salário. “Vou deixar muito claro: eles dizem ali que é com relação com a coisa do quadrienal. Não tem nada a ver com quadrienal”, afirmou.
Segundo o prefeito, os repasses da prefeitura às empresas estão em dia, o que, segundo ele, elimina qualquer justificativa para atraso nos salários. “Todos os pagamentos da prefeitura de SP às empresas de transporte coletivo estão em dia, portanto não existe motivo algum pra que eles atrasem o pagamento de salário e de 13º”, disse.
Nunes também afirmou que o pagamento do 13º é um direito do trabalhador e prometeu medidas contra as empresas. “Não vai acontecer de essa turma prejudicar o trabalhador e achar que não vai acontecer nada. Eu vou tomar todas as medidas administrativas e judiciais para garantir que você, trabalhador, tenha o seu direito de receber o seu 13º”, declarou.
Dirigindo-se diretamente aos motoristas e cobradores, o prefeito pediu a retomada do serviço. “Eu conto com vocês, motoristas e cobradores, para que a gente atenda a população do transporte coletivo. Essa questão com empresários, quem vai tratar com eles, sou eu”, afirmou.
A prefeitura informou que Nunes recebe ainda nesta noite representantes do sindicato e donos das empresas de ônibus para tratar da paralisação.
A paralisação dos ônibus começou por volta das 16h desta terça-feira, por iniciativa dos próprios motoristas, segundo o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (SindMotoristas). A orientação aos profissionais que ainda estavam em circulação foi recolher os veículos.
Há registros de ônibus paralisados em terminais como Dom Pedro II, Santo Amaro e Campo Limpo. A principal reivindicação da categoria é o atraso no pagamento da primeira parcela do 13º salário, que deveria ter sido depositada no fim de novembro.
Em entrevista à TV Bandeirantes, o presidente do sindicato, Valdemir dos Santos, afirmou que havia um acordo para que o valor atrasado fosse quitado junto com a segunda parcela, no dia 12 de dezembro, mas que as empresas informaram nesta tarde que precisariam de novo prazo, sem apresentar data.
Em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss) admitiu que solicitou mais prazo para regularizar o pagamento do 13º.
As empresas afirmaram que mantêm diálogo com a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte para concluir os acertos da revisão quadrienal dos contratos, alegando necessidade de recomposição do equilíbrio econômico-financeiro do sistema.
A prefeitura, no entanto, reforçou que os repasses estão em dia e que o pagamento do 13º é responsabilidade exclusiva das concessionárias.
A Secretaria Municipal de Transportes e Mobilidade e a SPTrans vão registrar boletim de ocorrência contra as empresas que aderiram à paralisação sem aviso prévio.
"A gestão se solidariza com todos os usuários que dependem do transporte público e que hoje sofrem com o descaso, irresponsabilidade e falta de compromisso dessas companhias com a população", lê-se na nota da prefeitura.