Dia de greve geral é marcado por protestos e paralisação de transportes
Veja a situação em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte e no Rio Grande do Sul durante greve convocada contra a reforma da Previdência
Estadão Conteúdo
Publicado em 14 de junho de 2019 às 10h52.
Última atualização em 14 de junho de 2019 às 11h35.
São Paulo - Serviços de metrô, trem e ônibus foram parcialmente paralisados na manhã desta sexta-feira em capitais e outras cidades do país, e manifestantes bloquearam importantes vias para protestar contra a reforma da Previdência, em dia de greve geral convocada por centrais sindicais.
Em São Paulo, a Justiça concedeu liminar que obriga o funcionamento dos transportes. Os ônibus circulam com 97% da frota, segundo a SPTrans, e os 29 terminais municipais estão em operação. A CPTM opera normalmente e o Metrô tem circulação parcial em algumas linhas.
Houve paralisações nos transportes públicos também no Distrito Federal, em Salvador, em Belo Horizonte e em Curitiba, entre outras cidades, de acordo com levantamento do portal de notícias G1. Segundo o site, por volta de 10h38 ao menos 25 Estados e o DF foram afetados.
O Rio de Janeiro estava com o transporte público operando normalmente, mas com bastante congestionamento devido ao fechamento de vias importantes.
Funcionários da Petrobras também iniciaram uma greve durante a madrugada em refinarias e terminais em oito Estados em protesto contra a reforma previdenciária e o programa de venda de ativos da petroleira estatal, de acordo com a Federação Única de Petroleiros (FUP).
Centrais sindicais ao redor do país convocaram uma greve geral e protestos para esta sexta-feira contra a reforma da Previdência proposta pelo governo do presidente Jair Bolsonaro e em defesa da educação.
A União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Força Sindical são algumas das entidades que convocaram as categorias que representam a aderir a greve.
A CUT estima que mais de 170 cidades do país terão atos pela greve, de acordo com nota no site da entidade .
Os atos de sexta-feira foram marcados em 1º de maio, quando as centrais sindicais comemoraram o Dia do Trabalho com protestos contra a reforma previdenciária.
Na avaliação das entidades, a proposta do governo Bolsonaro não combate privilégios e prejudica a parte mais pobre da população.
Segundo a Força Sindical, dentre as categorias que aderiram à greve estão os metroviários, motoristas de ônibus, ferroviários, metalúrgicos, professores municipais e estaduais ebancários, de acordo com nota publicada no site.
A reforma da Previdência se encontra atualmente na comissão especial da Câmara dos Deputados, onde o relator Samuel Moreira (PSDB-SP) apresentou na quinta-feira parecer favorável à reforma.
Veja a situação nas cidades:
São Paulo
Algumas estações de metrô amanheceram fechadas ou em operação parcial em São Paulo, mas estavam sendo reabertas com a chegada de trabalhadores, disse o secretário dos Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, em entrevista à Globonews.
Passageiros que tinham a estação Palmeiras-Barra Funda, da Linha-3 Vermelha do Metrô, como destino estão encontrando dificuldade para se deslocar ao trabalho. A linha está funcionando apenas entre as estações Marechal Deodoro e Tatuapé.
Nas redes sociais, o Metrô informa o funcionamento das linhas. A Linha 1-Azul funciona entre Saúde e Luz. A Linha 2-Verde, entre Vila Madalena e Alto do Ipiranga, mas Sacomã, Tamanduateí e Vila Prudente permanecem fechadas. A Linha 15-Prata está paralisada.
As linhas 4-Amarela e 5-Lilás têm operação normal. A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) funciona normalmente. Na estação Marechal Deodoro, os usuários buscam novas alternativas para chegar ao trabalho.
"Vim do Tatuapé, precisava ir para a Barra Funda. Trabalho na Freguesia do Ó e não conheço essa região. Não posso faltar no serviço, mas já avisei que vou chegar tarde", disse a gerente de vendas Karen Garcia, de 39 anos.
Há também manifestações na rodovia Hélio Schmidt, em Guarulhos, na grande São Paulo, no sentido do aeroporto internacional Governador André Franco Montoro.
Nas avenidas Vinte e Três de Maio e João Dias, onde havia interdição por conta de manifestações, o trânsito de veículos já foi liberado, mas ainda há engarrafamento.
Na avenida Francisco Morato, perto do acesso à Marginal Pinheiros, manifestantes atearam fogo em um veículo, dificultando o trânsito na região.
A paralisação ocorre no dia da abertura da Copa América de futebol com a partida Brasil e Bolívia no estádio do Morumbi, em São Paulo, às 21h30, com a presença prevista do presidente Jair Bolsonaro.
A Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM) informou que fará uma operação especial para atender os torcedores.
A Prefeitura de São Paulo manteve o rodízio de veículos, assim como as restrições a veículos fretados e às zonas azuis, e informou que a situação do trânsito será monitorada durante todo o dia.
Rio de Janeiro
Um protesto pela greve geral provocou confusão na manhã desta sexta-feira, 14, nas imediações do Terminal Rodoviário do Rio de Janeiro, na região central da capital fluminense. Manifestantes que bloqueavam o trânsito em um dos acessos da Avenida Brasil, uma das principais vias expressas da cidade, foram dispersados por policiais militares com bombas de efeito moral. Foram ouvidos pelo menos cinco estrondos, e houve correria. Não há informações sobre feridos.
O grupo, com cerca de 50 pessoas, protestava em frente ao Instituto Nacional de Traumatologia (Into), na zona portuária, causando lentidão no trânsito na saída da Ponte Rio-Niterói. Após o tumulto, os manifestantes foram para o terminal rodoviário, incluindo alunos de institutos federais, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professores.
Segundo integrantes do protesto ouvidos pela reportagem, o grupo tinha acordado com a própria Polícia Militar que sairia do Into e faria uma caminhada em direção à rodoviária, ocupando apenas uma pista da avenida. No entanto, em determinado momento, os manifestantes foram surpreendidos pela chegada de agentes do Batalhão de Choque já soltando bombas de efeito moral.
O trânsito foi liberado no local.
Brasília
A greve geral atinge em Brasília, principalmente, serviços de transporte e educação pública. Apesar de decisões judiciais, os ônibus coletivos não circulam nesta manhã e o metrô, que já estava em greve, segue com a operação padrão nesta sexta-feira, 14, com 75% dos trens funcionando nos horários de pico e apenas 30% nos demais horários.
Algumas escolas públicas em diversas regiões administrativas no Distrito Federal também suspenderam as aulas nesta sexta-feira.
Por enquanto, não há manifestação marcada ao longo do dia, mas protestos pontuais têm reunido pequenos grupos em pontos do Distrito Federal e entorno.
Belo Horizonte
Funcionários da Refinaria Gabriel Passos em Betim, na Grande Belo Horizonte, fizeram manifestação na BR-381, nos dois sentidos da estrada, alternadamente, em frente à planta.
Em Congonhas, região central do Estado, participantes do protesto ocuparam parte da BR-040, segundo informações da concessionária da via.
Rio Grande do Sul
O dia começou com protestos e bloqueios em frente às garagens de ônibus de Porto Alegre e cidades da região metropolitana, Vale dos Sinos e região da Serra Gaúcha. Com o apoio das Centrais Sindicais, motoristas e cobradores da Viação Teresópolis Cavalhada situada na zona Sul da capital, bloquearam a garagem da empresa e impediram a saída dos coletivos.
O protesto ocorreu por volta das 5h desta manhã. Policiais Militares utilizaram bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes que revidaram jogando pedras.
Na ação, alguns PMs ficaram feridos e mais de 50 pessoas foram detidas devido aos transtornos causados. Já em frente à garagem da Carris no bairro Paternon, região leste da cidade, a situação foi similar. Grevistas que bloqueavam a saída dos ônibus foram alvejados com jatos de água por policiais militares.
Segundo a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), as garagens das empresas Presidente Vargas e Gasômetro também ficaram bloqueadas. A obstrução ocorreu até as 6h30 desta manhã e agora as linhas de transporte coletivo estão operando normalmente em Porto Alegre, porém com atrasos. A expectativa da Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP) é que a situação se normalize ainda pelo turno da manhã.
Por volta das 6h45 desta manhã, na zona leste da capital gaúcha, manifestantes realizaram barricadas com queima de pneus na avenida Bento Gonçalves (sentido bairro-centro) prejudicando o transito no local.
Na Serra Gaúcha, em Caxias do Sul, professores ligados ao CPERS/Sindicato realizaram piquetes desde as primeiras horas desta sexta-feira, em frente às garagens de ônibus em apoio à greve. O grupo é contra a reforma da Previdência e cortes na Educação.
A Trensurb, que interliga seis municípios entre a capital gaúcha e Vale dos Sinos amanheceu com os portões fechados nesta sexta, prejudicando o deslocamento de milhares de passageiros que dependem exclusivamente deste modal de transporte.
Em Sapucaia do Sul, no Vale dos Sinos, seis pessoas foram detidas por policiais militares acusadas de atear fogo nos trilhos do trem. Segundo a polícia, os detidos (3 homens e 3 mulheres) são servidores da Trensurb. Por volta das 7h45, as estações da Trensurb foram abertas para atender aos passageiros e não ha cobrança de tarifa até o momento. No entanto, 15 dos 40 trens que integram a empresa estão em operação em horário reduzido.
Salvador
Os sinais da greve geral convocada para essa sexta-feira, 14, puderam ser sentidos logo cedo em Salvador, com a suspensão dos serviços de transporte. Os trens, que atuam no subúrbio ferroviário, assim como os ônibus, não estão circulando pela cidade, apenas o metrô opera dentro da normalidade. Com isso, muita gente ficou impedida de se dirigir ao local de trabalho.
Há também bloqueio de avenidas importantes como a região da Rótula do Abacaxi e Acesso Norte, onde manifestantes impedem o acesso às vias pelos veículos desde o início do dia. A Polícia Militar tem atuado para tentar fazer com que as lideranças do ato liberem ao menos parte das vias, possibilitando o fluxo dos veículos.
A informação do Sindicato dos Rodoviários do Estado da Bahia é de que nenhum dos cerca de 2,7 mil veículos da frota regular deverá circular durante todo o dia. Para tentar facilitar a vida de quem precisa sair, a Prefeitura de Salvador informou ter montado um "plano B" autorizando a circulação de 300 ônibus e micro-ônibus do Sistema de Transporte Especial Complementar (STEC).
Conforme diretores da Central Única dos Trabalhadores (CUT/BA), está prevista às 15h uma caminhada da praça do Campo Grade até a praça Castro Alves, no centro da cidade, que deverá contar com a participação do sindicato dos petroquímicos, que atuam no Polo de Camaçari, cidade vizinha a Salvador.
A previsão é de que professores de universidades públicas, servidores públicos federais e municipais, bem como bancários e comerciários, devam aderir à paralisação de hoje.