Grande SP gastava mais água do que o ideal já em 2012
Apenas uma das 39 cidades da região registrou consumo de água abaixo da média diária recomendada pela ONU antes da crise
Da Redação
Publicado em 7 de maio de 2014 às 11h54.
São Paulo - Apenas uma das 39 cidades da Grande São Paulo registrou consumo de água abaixo da média diária recomendada pela Organização das Nações Unidas ( ONU ), antes da crise do Sistema Cantareira.
Dados da edição 2012 do Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto, divulgado neste mês pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), revelam que, com exceção de Mairiporã, todos os municípios da Região Metropolitana extrapolaram o gasto ideal por dia de 110 litros por pessoa.
Há casos, como o de Mogi das Cruzes, onde o consumo de água diário chegou a 371,2 litros por pessoa, o equivalente a 42 minutos de banho com o chuveiro ligado.
Na cidade, 65% da água consumida é captada no Rio Tietê e o restante é adquirido da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) pelo Sistema Alto Tietê.
Já na capital, onde o centro, a zona norte e partes das zonas leste e oeste são abastecidas pelo Cantareira, o gasto foi de 190,3 litros por habitante.
O diagnóstico dos serviços de água e esgoto é divulgado anualmente desde 1995 pelo SNIS, com base nas informações fornecidas pelas concessionárias de saneamento de todo o País.
Os dados mostram que, só nos últimos quatro anos da pesquisa, o consumo de água per capita na Grande São Paulo cresceu 8,6%: de 146,5 litros para 159 litros em 2012.
Antes da atual crise, 47,3% da Grande São Paulo era abastecida pelo Cantareira, que ontem registrou apenas 9,8% da capacidade, menor nível de sua história. No Estado, a média foi de 192,6 litros por pessoa, também acima da média nacional, de 167,5 litros.
Além da seca mais severa dos últimos 84 anos, o consumo excessivo de água é apontado por especialistas em recursos hídricos como um dos principais vilões da crise de abastecimento.
Apenas em fevereiro, quando o Cantareira já estava com 21,9% de volume armazenado em plena temporada de chuvas, foi que a Sabesp, responsável direta pelo abastecimento de 31 cidades da Grande São Paulo, lançou um plano com descontos na conta para estimular a redução do consumo.
Por dois meses, a política de bônus ficou restrita a dez cidades atendidas pelo Cantareira. Segundo a companhia, em março, 81% dos clientes reduziram o consumo - 39% acima de 20%. Outros 19% elevaram os gastos.
Em abril, a empresa ampliou o programa para as demais cidades da região onde opera porque passou a reverter água dos Sistemas Alto Tietê e Guarapiranga, que atendem, respectivamente, 20% e 19% da Grande São Paulo, para socorrer bairros anteriormente atendidos pelo Cantareira.
"A primeira lição que essa crise traz é o reconhecimento por parte da população de que a água tem valor econômico, que é um bem vital para a sociedade, mas finito, e precisa ser usado com parcimônia", avalia o presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga.
"Somente agora, na iminência de ficar sem água, é que as pessoas começam a entender a essencialidade da água e passam a usá-la com racionalidade."
Perdas
Outro vilão da crise hídrica é o índice de perdas de água na distribuição, ou seja, o volume desperdiçado pelas próprias concessionárias no trajeto entre as estações de tratamento e a caixa dágua dos domicílios.
Os dados do SNIS revelam que, em 2012, houve cidades, como Embu-Guaçu, em que 79,6% da água produzida foi desperdiçada antes de chegar ao consumidor.
Na capital, o índice foi de 36,6%, acima da média registrada nas 362 cidades atendidas pela Sabesp naquele ano (33,5%) e abaixo da média nacional (36,9%). As perdas são causadas, principalmente, por vazamentos nas tubulações.
Entre as 27 concessionárias que operam nos Estados, a Sabesp está em sétimo no ranking das menores perdas.
Os líderes são as empresas Copasa Serviços de Saneamento Integrado do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Copanor) e a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), com 23,9%.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
São Paulo - Apenas uma das 39 cidades da Grande São Paulo registrou consumo de água abaixo da média diária recomendada pela Organização das Nações Unidas ( ONU ), antes da crise do Sistema Cantareira.
Dados da edição 2012 do Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto, divulgado neste mês pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), revelam que, com exceção de Mairiporã, todos os municípios da Região Metropolitana extrapolaram o gasto ideal por dia de 110 litros por pessoa.
Há casos, como o de Mogi das Cruzes, onde o consumo de água diário chegou a 371,2 litros por pessoa, o equivalente a 42 minutos de banho com o chuveiro ligado.
Na cidade, 65% da água consumida é captada no Rio Tietê e o restante é adquirido da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) pelo Sistema Alto Tietê.
Já na capital, onde o centro, a zona norte e partes das zonas leste e oeste são abastecidas pelo Cantareira, o gasto foi de 190,3 litros por habitante.
O diagnóstico dos serviços de água e esgoto é divulgado anualmente desde 1995 pelo SNIS, com base nas informações fornecidas pelas concessionárias de saneamento de todo o País.
Os dados mostram que, só nos últimos quatro anos da pesquisa, o consumo de água per capita na Grande São Paulo cresceu 8,6%: de 146,5 litros para 159 litros em 2012.
Antes da atual crise, 47,3% da Grande São Paulo era abastecida pelo Cantareira, que ontem registrou apenas 9,8% da capacidade, menor nível de sua história. No Estado, a média foi de 192,6 litros por pessoa, também acima da média nacional, de 167,5 litros.
Além da seca mais severa dos últimos 84 anos, o consumo excessivo de água é apontado por especialistas em recursos hídricos como um dos principais vilões da crise de abastecimento.
Apenas em fevereiro, quando o Cantareira já estava com 21,9% de volume armazenado em plena temporada de chuvas, foi que a Sabesp, responsável direta pelo abastecimento de 31 cidades da Grande São Paulo, lançou um plano com descontos na conta para estimular a redução do consumo.
Por dois meses, a política de bônus ficou restrita a dez cidades atendidas pelo Cantareira. Segundo a companhia, em março, 81% dos clientes reduziram o consumo - 39% acima de 20%. Outros 19% elevaram os gastos.
Em abril, a empresa ampliou o programa para as demais cidades da região onde opera porque passou a reverter água dos Sistemas Alto Tietê e Guarapiranga, que atendem, respectivamente, 20% e 19% da Grande São Paulo, para socorrer bairros anteriormente atendidos pelo Cantareira.
"A primeira lição que essa crise traz é o reconhecimento por parte da população de que a água tem valor econômico, que é um bem vital para a sociedade, mas finito, e precisa ser usado com parcimônia", avalia o presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga.
"Somente agora, na iminência de ficar sem água, é que as pessoas começam a entender a essencialidade da água e passam a usá-la com racionalidade."
Perdas
Outro vilão da crise hídrica é o índice de perdas de água na distribuição, ou seja, o volume desperdiçado pelas próprias concessionárias no trajeto entre as estações de tratamento e a caixa dágua dos domicílios.
Os dados do SNIS revelam que, em 2012, houve cidades, como Embu-Guaçu, em que 79,6% da água produzida foi desperdiçada antes de chegar ao consumidor.
Na capital, o índice foi de 36,6%, acima da média registrada nas 362 cidades atendidas pela Sabesp naquele ano (33,5%) e abaixo da média nacional (36,9%). As perdas são causadas, principalmente, por vazamentos nas tubulações.
Entre as 27 concessionárias que operam nos Estados, a Sabesp está em sétimo no ranking das menores perdas.
Os líderes são as empresas Copasa Serviços de Saneamento Integrado do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Copanor) e a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), com 23,9%.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.