Novas revelações de Sérgio Machado preocupam Temer
Possibilidade de que outras revelações do ex-presidente da Transpetro sejam divulgadas assusta Michel Temer
Da Redação
Publicado em 24 de maio de 2016 às 08h10.
Brasília - A divulgação da gravação do diálogo do ex-ministro do Planejamento Romero Jucá com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado sobre a tentativa de barrar a Operação Lava Jato criou a primeira grande crise interna do governo interino de Michel Temer .
Junto com o áudio, veio a preocupação de que outras pessoas da cúpula do PMDB , próximas ou não ao Planalto, possam ser atingidas em partes da conversa gravada que ainda não foram reveladas.
De acordo com interlocutores diretos de Temer, o presidente em exercício não teme ser citado, mas afirmam que há preocupação com relação a outros nomes do partido. Caso haja novas suspeitas, a solução tende a ser a mesma: afastamento imediato.
Com a saída de Jucá, Temer agora tem cinco ministros com investigações em curso no Supremo Tribunal Federal. Ele questionou todos, quando foram convidados, se teriam alguma pendência judicial.
A resposta de Jucá teria sido tranquilizadora, assim como dos demais, segundo interlocutores. Temer, então, teria avisado a cada um e repetiria isso, na primeira reunião ministerial, de que não aceitaria qualquer tipo de desvio de "ordem moral", dizem. Reiterou ainda que, se houvesse problemas, o titular da pasta seria afastado.
Um dos casos que preocupam, por exemplo, é o de Henrique Eduardo Alves (Turismo). A casa do ministro foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal em dezembro do ano passado em uma das fases da Lava Jato.
Apesar de lamentar a perda de uma peça fundamental do seu governo, considerado um operador político importante neste momento de articulação para a aprovação de medidas no Congresso, Temer e seus auxiliares respiraram aliviados com a decisão de Jucá de se afastar do cargo.
O ministro comunicou sua decisão a Temer assim que ele chegou ao Congresso para se reunir com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Bastidores
Na manhã desta segunda-feira, 23, Jucá foi ao Palácio do Jaburu, residência do presidente em exercício, e disse a Temer que, se a gravação saísse integralmente, todos veriam que não haveria problemas.
Pediu ainda que o presidente permitisse que ele se explicasse publicamente, o que foi feito em uma coletiva, no início da tarde.
Mas o estrago já estava feito e o governo precisava agir rápido. Temer informou que a defesa da Operação Lava Jato é ponto de honra para ele, assim como o combate à corrupção.
Jucá ponderou que, da forma como estava sendo apresentada a gravação, todos ficavam em único balaio e que ele queria mostrar que, quem deve, precisa pagar, mas quem não deve precisava se defender.
O ministro salientava ainda que queria se explicar e que, depois, então, Temer decidiria. O presidente em exercício disse que iria avaliar.
"Vamos esperar o decorrer do dia", afirmou Temer a seus interlocutores, já tendo certeza de que manter um ministro sob investigação e sob tiroteio, em um momento em que seu governo precisa mostrar força no Congresso para aprovação de medidas econômicas, seria muito prejudicial.
A avaliação era de que a permanência de Jucá no posto contaminaria o governo Temer e a sua busca por credibilidade, por causa do seu discurso de posse, quando defendeu a Operação Lava Jato.
Caciques
O entendimento dentro do PMDB é o de que Machado, para se livrar das acusações das quais é alvo na Lava Jato, entregou caciques do partido, como o ex-presidente José Sarney e os senadores Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR), Edison Lobão (MA) e Jader Barbalho (PA).
Segundo relatos, Machado, cearense que tem relação com o grupo há pelo menos 20 anos, chegou a tentar realizar um encontro com Jader em São Paulo, que só não foi possível em razão de o senador, na ocasião, estar internado no Hospital Sírio Libanês.
Apesar de não ter conseguido falar com Jader, integrantes da cúpula do Senado têm como certo que Renan e Sarney não escaparam das gravações.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Brasília - A divulgação da gravação do diálogo do ex-ministro do Planejamento Romero Jucá com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado sobre a tentativa de barrar a Operação Lava Jato criou a primeira grande crise interna do governo interino de Michel Temer .
Junto com o áudio, veio a preocupação de que outras pessoas da cúpula do PMDB , próximas ou não ao Planalto, possam ser atingidas em partes da conversa gravada que ainda não foram reveladas.
De acordo com interlocutores diretos de Temer, o presidente em exercício não teme ser citado, mas afirmam que há preocupação com relação a outros nomes do partido. Caso haja novas suspeitas, a solução tende a ser a mesma: afastamento imediato.
Com a saída de Jucá, Temer agora tem cinco ministros com investigações em curso no Supremo Tribunal Federal. Ele questionou todos, quando foram convidados, se teriam alguma pendência judicial.
A resposta de Jucá teria sido tranquilizadora, assim como dos demais, segundo interlocutores. Temer, então, teria avisado a cada um e repetiria isso, na primeira reunião ministerial, de que não aceitaria qualquer tipo de desvio de "ordem moral", dizem. Reiterou ainda que, se houvesse problemas, o titular da pasta seria afastado.
Um dos casos que preocupam, por exemplo, é o de Henrique Eduardo Alves (Turismo). A casa do ministro foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal em dezembro do ano passado em uma das fases da Lava Jato.
Apesar de lamentar a perda de uma peça fundamental do seu governo, considerado um operador político importante neste momento de articulação para a aprovação de medidas no Congresso, Temer e seus auxiliares respiraram aliviados com a decisão de Jucá de se afastar do cargo.
O ministro comunicou sua decisão a Temer assim que ele chegou ao Congresso para se reunir com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Bastidores
Na manhã desta segunda-feira, 23, Jucá foi ao Palácio do Jaburu, residência do presidente em exercício, e disse a Temer que, se a gravação saísse integralmente, todos veriam que não haveria problemas.
Pediu ainda que o presidente permitisse que ele se explicasse publicamente, o que foi feito em uma coletiva, no início da tarde.
Mas o estrago já estava feito e o governo precisava agir rápido. Temer informou que a defesa da Operação Lava Jato é ponto de honra para ele, assim como o combate à corrupção.
Jucá ponderou que, da forma como estava sendo apresentada a gravação, todos ficavam em único balaio e que ele queria mostrar que, quem deve, precisa pagar, mas quem não deve precisava se defender.
O ministro salientava ainda que queria se explicar e que, depois, então, Temer decidiria. O presidente em exercício disse que iria avaliar.
"Vamos esperar o decorrer do dia", afirmou Temer a seus interlocutores, já tendo certeza de que manter um ministro sob investigação e sob tiroteio, em um momento em que seu governo precisa mostrar força no Congresso para aprovação de medidas econômicas, seria muito prejudicial.
A avaliação era de que a permanência de Jucá no posto contaminaria o governo Temer e a sua busca por credibilidade, por causa do seu discurso de posse, quando defendeu a Operação Lava Jato.
Caciques
O entendimento dentro do PMDB é o de que Machado, para se livrar das acusações das quais é alvo na Lava Jato, entregou caciques do partido, como o ex-presidente José Sarney e os senadores Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR), Edison Lobão (MA) e Jader Barbalho (PA).
Segundo relatos, Machado, cearense que tem relação com o grupo há pelo menos 20 anos, chegou a tentar realizar um encontro com Jader em São Paulo, que só não foi possível em razão de o senador, na ocasião, estar internado no Hospital Sírio Libanês.
Apesar de não ter conseguido falar com Jader, integrantes da cúpula do Senado têm como certo que Renan e Sarney não escaparam das gravações.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.