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Governo tem reunião com Pedro Parente sobre crise hídrica

As conversas vêm dias após o governo ter emitido um alerta de emergência hídrica para o período de junho a setembro em cinco Estados

Pedro Parente: Executivo disse que renunciou à presidência da Petrobras para preservar a empresa (Patricia Monteiro/Bloomberg/Bloomberg)

Pedro Parente: Executivo disse que renunciou à presidência da Petrobras para preservar a empresa (Patricia Monteiro/Bloomberg/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 31 de maio de 2021 às 15h59.

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, terá reunião nesta segunda-feira para discutir a atual crise hidrológica no Brasil e seus rebatimentos com o executivo Pedro Parente, que em 2001 liderou a Câmara de Gestão da Crise de Energia (CGE) do governo federal.

Hoje chefe do conselho da empresa de alimentos BRF, Parente foi escolhido na época pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) para comandar um comitê governamental com "super poderes" criado para lidar com um problema de escassez que levou a um racionamento de energia no país naquele ano.

O encontro entre o ministro e Parente será em São Paulo, a partir das 14 horas, segundo a agenda oficial do ministério.

"A pauta da reunião é a conjuntura hidrológica atual e o fornecimento de energia em 2021", disse a pasta à Reuters, em nota enviada pela assessoria de imprensa.

As conversas vêm dias após o governo ter emitido um alerta de emergência hídrica para o período de junho a setembro em cinco Estados, que seguiu-se ainda ao registro das piores chuvas em 91 anos entre setembro e maio.

Em meio a esse cenário, que pressiona a geração de energia no país, consultores começam a fazer cálculos sobre possibilidades de problemas de suprimento em 2021, enquanto o governo e órgãos técnicos do setor defendem que atravessar a atual situação exigirá flexibilizar restrições à operação de algumas hidrelétricas para guardar mais água nos reservatórios.

Essas flexibilizações dependem de autorização de órgãos como a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Ibama, e podem também gerar resistências políticas, uma vez que reduziriam a disponibilidade de água para outros usos.

Um exemplo disso veio na sexta-feira, com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), fazendo críticas ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) devido aos efeitos negativos de possíveis mudanças na operação da hidrelétrica de Furnas sobre setores como o turismo e a agricultura em Minas Gerais.

Um dos autores de um livro sobre o racionamento de 2001, o jornalista Roberto Rockmann disse à Reuters que o ministro poderá ouvir de Parente sobre como foi fundamental criar um órgão para liderar debates sobre a crise energética naquele ano.

No atual momento, um órgão semelhante poderia centralizar decisões sensíveis sobre o uso múltiplo das águas, explicou.

"A Câmara de Gestão da Crise de Energia foi essencial. E foi um órgão em que o Parente não contou só com gente do governo, ele teve assessores independentes... foi essencial para coordenar os esforços e resolver o problema."

Rockmann, que escreveu o recém-lançado "Curto-Circuito", sobre o racionamento, disse que antes de assumir o CGE Parente exigiu de FHC desde "poderes terminativos" até escolha sobre o nome do grupo.

"Os marqueteiros queriam que não tivesse crise no nome da Câmara, e ele bateu o martelo nisso, de que estavam vivendo uma crise e não adiantava esconder", contou.

Questionado pela Reuters, o ministério de Minas e Energia não respondeu especificamente se Parente será convidado a alguma função no governo diante da crise de energia. Não foi possível contato com o executivo.

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