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Governo e setor privado querem metrópoles mais inclusivas

Especialistas criticam falta de politica publica para habitação de baixa renda e pedem cuidado com o meio ambiente

Grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro precisam de transporte público de qualidade, dizem especialistas (Wikimedia Commons)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.

Rio de Janeiro - O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) discutem hoje (27) como construir cidades no Brasil que sejam mais inclusivas. Para isso, as duas entidades promovem no Rio de Janeiro o simpósio Desafios das Cidades-Metrópoles no Século 21.

Incluído na agenda da missão suíça de alto nível que se reúne no país até o próximo dia 30, visando a aprofundar a cooperação científica e tecnológica nas áreas de educação superior e da saúde, o simpósio pretende debater soluções para as cidades-metrópoles, tendo em vista a realização no Brasil de grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo, os Jogos Mundiais Militares e as Olimpíadas.

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O vice-presidente do IAB, Pedro da Luz Moreira, disse que as cidades brasileiras são, "tradicionalmente, muito subdivididas. Quem tem dinheiro, quem tem privilégios,ocupa as melhores áreas. Então, a gente tem um desafio grande de pensar cidades que sejam mais inclusivas".

Para isso, ele defendeu a oferta de transporte público de qualidade, para que as pessoas possam ter mobilidade no território, e uma política habitacional mais consistente, que garanta o acesso à casa própria. "As cidades brasileiras são muito injustas quanto ao acesso à moradia", disse Moreira.

A falta de uma política habitacional voltada à população de baixa renda resultou na expansão das favelas nas grandes metrópoles. Para o vice-presidente do IAB, não faz mais sentido hoje em dia se falar de remoção de favelas. O que é preciso, insistiu, é ter política habitacional que ofereça à população "moradia decente e a preço acessível" e que as comunidades sejam urbanizadas.

Ele destacou também a necessidade de que a preservação do meio ambiente seja prioridade. Segundo o arquiteto, as grandes metrópoles brasileiras, como o Rio de Janeiro e São Paulo, são muito espalhadas no território. Isso representa um risco ambiental, apontou. "É uma cidade antiecológica, que está dependendo intensamente do meio ambiente". Isso faz com que a infraestrutura de rede de esgoto, água e luz tenha que ser distribuída em uma área muito extensa. "Quem vai pagar isso? Somos nós, contribuintes".

O IAB defende que as cidades sejam mais compactas e tenham mais densidade. "Se a gente consegue gerar uma cidade mais compacta, mais densa, estará mais sintonizado com a ideia de ter uma cidade em convívio com o meio ambiente, mais sustentável em todos os sentidos".

Experiências tecnológicas bem-sucedidas de outros países podem servir de base para propostas de urbanismo, infraestrutura e equipamentos que visam a traçar o novo perfil das metrópoles brasileiras, admitiu Moreira. Ele citou, entre elas, o trem de alta velocidade da Europa (TGV, na sigla em francês) ou o trem-bala do Japão. "São fatores de mobilidade interessantes para a população".

O arquiteto destacou que embora o modelo das cidades brasileiras seja baseado no automóvel, será preciso pensar no desenvolvimento de outros modais de transporte que concentrem grandes quantidades de pessoas, entre eles o trem e o metrô.

O simpósio está aberto a pesquisadores, estudantes, representantes da sociedade civil organizada e do Poder Público federal, estadual e municipal, além de cientistas e empresários.

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