Governo ordena que Ibama não responda mais pedidos da imprensa
Pedido alimenta temores de que Bolsonaro esteja recuando de proteções ambientais longe dos olhos do público
Reuters
Publicado em 14 de março de 2019 às 12h47.
Brasília - O governo ordenou que o órgão ambiental federal Ibama não responda a pedidos da imprensa, alimentando temores de que o presidente Jair Bolsonaro esteja recuando de proteções ambientais longe dos olhos do público.
Bolsonaro assumiu o cargo em 1º de janeiro, após se comprometer na campanha a conter as multas ambientais, uma ferramenta fundamental do Ibama para fazer valer seus regulamentos. Ele também lançou a ideia de retirar o Brasil do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas.
Ativistas e organizações não-governamentais temem que os movimentos causem desmatamento e outras destruições ambientais.
O Ibama disse em comunicado que não pode mais responder às perguntas da imprensa.
"Por orientação do Ministério do Meio Ambiente (MMA), demandas de imprensa relacionadas à atuação do Ibama devem ser direcionadas à assessoria de comunicação do MMA", informou a assessoria de imprensa do Ibama.
O chefe de comunicações da agência foi forçado a sair após semanas resistindo à ordem do ministério de redirecionar questionamentos da imprensa, segundo uma fonte a par do assunto.
Questionado sobre o tema, o Ministério do Meio Ambiente afirmou em nota que "a atuação coordenada dos trabalhos de assessoramento de comunicação e acompanhamento parlamentar proporcionará maior eficiência e coesão entre os órgãos que compõem o sistema ambiental".
Adriana Ramos, assessora jurídica e política da organização não-governamental brasileira Instituto Socioambiental (ISA), disse em comunicado que o acesso à informação ambiental é um dos pilares do Sistema Nacional do Meio Ambiente.
"Reduzir os mecanismos pelos quais a sociedade é informada sobre questões ambientais no Brasil é uma afronta à lei de liberdade de informação do país e ao direito à informação, e apenas reforça a visão de que eles estão promovendo o desmantelamento da gestão ambiental no Brasil", diz o documento.