Agricultura: família de Geraldo Melo Filho era do ramo da produção de açúcar (Paulo Whitaker/Reuters)
Reuters
Publicado em 17 de outubro de 2019 às 09h34.
Última atualização em 17 de outubro de 2019 às 09h37.
Brasília — O economista ligado ao agronegócio Geraldo Melo Filho será o novo presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), substituindo um general que foi demitido do comando do órgão pelo presidente Jair Bolsonaro devido a um embate sobre a regularização fundiária.
A nomeação de Melo foi publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial da União, mas estava anunciada desde a noite anterior por seu pai, o ex-senador e ex-governador do Rio Grande do Norte Geraldo Melo, que colocou nas redes sociais o orgulho pela nomeação do filho.
O novo presidente do órgão era, até então, secretário adjunto de Relacionamento Externo da Casa Civil.
De acordo com seu currículo apresentado na rede profissional LinkedIn, Melo Filho tem ligação antiga com a agropecuária e é sócio da empresa Seleção Guzerá Agropecuária Ltda, proprietária de duas fazendas, uma em Minas Gerais e outra na Bahia.
Também foi, até agosto deste ano, diretor técnico da Associação de Criadores de Guzerá (uma raça de gado bovino) e superintendente da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA). Seu pai, Geraldo Melo, principal figura política do PSDB do Rio Grande do Norte, era dono da usina de açúcar São Francisco.
Melo irá ocupar o cargo deixado vago no início de mês pelo general João Carlos Jesus Corrêa, demitido por pressão do secretário de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Nabhan Garcia. Incomodado com a resistência de Corrêa a mudanças nos processos de regularização fundiária, o secretário convenceu o presidente Jair Bolsonaro a trocar o comando do Incra. Toda a diretoria do órgão foi demitida.
Fontes ouvidas pela Reuters disseram que Nabhan queria ampliar sua influência no Incra, que é o órgão que realmente tem poder de decisão nas questões fundiárias. Apesar de ter o tema no nome, a secretaria de Nabhan não tem nem a estrutura nem o orçamento para influenciar na regularização, por exemplo.
Ao admitir que "levou dados" ao presidente Jair Bolsonaro que levaram à demissão do general --números que demonstrariam a falta de avanços na regularização — Nabhan defendeu que o Incra deveria ter à frente um nome "absolutamente técnico".