Brasil

Governo espera até 300 votos para barrar denúncia contra Temer

Na quinta, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, vai se reunir com os líderes da base aliada e do governo para avaliar as perspectivas para o dia 2

Temer: o governo perdeu cinco dos sete votos do PSDB, em tese um dos principais partidos da base (Adriano Machado/Reuters)

Temer: o governo perdeu cinco dos sete votos do PSDB, em tese um dos principais partidos da base (Adriano Machado/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 26 de julho de 2017 às 18h39.

Brasília - A uma semana da votação da denúncia contra o presidente Michel Temer pela Câmara dos Deputados, o Palácio do Planalto faz as contas e aposta em chegar próximo a 300 votos pela derrubada do processo, em uma tentativa de mostrar força, com o presidente se envolvendo pessoalmente na conquista de cerca de 80 votos ainda indecisos.

Na quinta-feira, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, vai se reunir com os líderes da base aliada e do governo na Câmara para avaliar as perspectivas para o dia 2, quando está marcada a votação da denúncia no plenário.

Responsável pela contagem de votos, o vice-líder do governo na Câmara Beto Mansur (PRB-SP) afirma que o governo tinha, na última segunda-feira, 261 parlamentares a favor do governo e 80 indecisos.

"O presidente me pediu 20 nomes e ele mesmo entrou na briga, ligando para os deputados", contou. "Acho que podemos chegar a 300 deputados votando conosco, com tendência de mais."

Para que a Câmara autorize o Supremo Tribunal Federal (STF) a processar Temer são necessários os votos de 342 dos 513 deputados, um número que a oposição admite não ter. De acordo com cálculos de Mansur, nesse momento apenas 171 votos são garantidos contra o presidente.

Na votação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) o governo venceu com os votos de 40 dos 66 deputados do colegiado, um a menos do que a projeção feita pelo Planalto e sua tropa de choque. Mas para isso os partidos aliados fizeram várias trocas de parlamentares na comissão.

Ainda assim, o governo perdeu cinco dos sete votos do PSDB, em tese um dos principais partidos da base.

Em plenário, a avaliação de Mansur é que o PSDB deve dar pouco mais da metade dos seus votos. E confirma que pode haver mudanças ministeriais depois da votação.

"O presidente não quer tirar o PSDB do governo. Mas há sim cobranças de partidos que ocupam um espaço menor e deram os votos na comissão", disse o vice-líder do governo.

Mansur diz que, além da contagem dos votos, está fazendo um trabalho de "proporcionalidade" para entregar ao presidente, comparando o número de votos que cada partido der com seu tamanho na Esplanada dos Ministérios.

"Aí o presidente vai decidir o que fazer com isso", afirmou.

Previdência

A avaliação da base governista é que, derrotando essa primeira denúncia, uma segunda apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot --que analisa outros dois processos, por organização criminosa e obstrução da Justiça-- viria mais fraca e teria menos impacto na bancada.

"Eu acho que diminui a pressão, diminui muito. E a gente vai poder tentar trabalhar para aprovar o que é necessário", disse Mansur.

Uma votação majoritariamente favorável ao governo seria um sinal de que Temer ainda tem força para mobilizar a bancada e mexer em temas necessários para a economia, como a reforma da Previdência.

Mansur confirma que a intenção do Planalto é recomeçar a negociação para a votação da reforma da Previdência logo depois de derrotar a denúncia.

"Temos que votar a reforma da Previdência entre agosto e setembro ou não dá mais tempo", disse.

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosCongressoCorrupçãoGoverno TemerMichel TemerSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Quem são as vítimas da queda de avião em Gramado?

“Estado tem o sentimento de uma dor que se prolonga”, diz governador do RS após queda de avião

Gramado suspende desfile de "Natal Luz" após acidente aéreo

Lula se solidariza com familiares de vítimas de acidente aéreo em Gramado