Governo e oposição travam guerra de CPIs
Os governistas propuseram uma apuração com potencial para desgastar os principais adversários na sucessão presidencial
Da Redação
Publicado em 2 de abril de 2014 às 09h25.
Brasilia - Numa manobra casada entre PT e PMDB, com o aval do Palácio do Planalto, o governo conseguiu sair das cordas e ficar em posição confortável para impedir a criação da CPI da Petrobras .
Os governistas pediram nesta terça-feira a anulação das investigações que tem potencial para atingir a presidente Dilma Rousseff e, ao mesmo tempo, propuseram uma apuração com potencial para desgastar os principais adversários na sucessão presidencial: Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB.
O destino das investigações sobre a estatal deve ser definido amanhã pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que tem interesses pessoais em barrar uma apuração sobre a Petrobras: ele é padrinho político de Sérgio Machado, presidente desde 2003 da Transpetro, o braço de transporte e logística da estatal.
Caberá a ele decidir sobre dois pedidos de anulação de CPI: um, da senadora e ex-ministra de Dilma Gleisi Hoffmann (PT-PR), e outro, do líder dos tucanos, Aloysio Nunes Ferreira (SP). Em debate nos questionamentos está a abrangência de uma investigação feita por parlamentares.
A articulação para derrubar a CPI tem tido Gleisi Hoffmann como protagonista nos bastidores. Em encontro ontem à noite na casa do presidente do Senado, a senadora propôs aos presentes apresentar um requerimento pedindo a impugnação da CPI apresentada pela oposição.
A sugestão surpreendeu a todos, uma vez que Gleisi já tinha pronto um rascunho do questionamento que levaria ao plenário. No encontro, que contou com a presença de líderes partidários e do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, Renan sinalizou que poderia acatar o pedido da senadora, anulando, assim, uma eventual criação das duas CPIs. Na prática, esse é o objetivo do governo.
Desde sexta-feira passada, Gleisi articula um contra-ataque. Ela pediu informação à Consultoria Legislativa do Senado sobre a possibilidade de incluir adendos no texto da CPI da Petrobras.
A nota técnica de 21 páginas, obtida pela reportagem, afirma que os quatro itens do pedido da oposição são "desconexos" e "insuficientes" para serem aceitos. Gleisi então apresentou a nova cartada à sua bancada, que avisou ao governo da jogada que seria colocada em prática na tarde desta terça.
Em outra frente, com o apoio maciço de parlamentares do PT, do PMDB e do PTB, os aliados propuseram a criação de uma CPI "ampliada" da Petrobras, com 32 assinaturas. O pedido abarca a CPI apresentada pela oposição, mais a investigação de irregularidades no metrô paulista e em contratos da rede digital, fatos que envolveriam gestões do PSDB e do PSB.
Oito senadores do PMDB assinam a lista, dentre eles alguns egressos de Estados onde a relação com petistas anda tumultuada: Eunício Oliveira (CE) e Vital do Rego (PB), por exemplo. No domingo, o jornal O Estado de S. Paulo mostrou que o governo utilizaria acordos eleitorais para fazer valer seus interesses nos debates sobre a CPI.
A decisão de criar qualquer uma das duas CPIs está nas mãos do presidente do Senado. Pessoas próximas a Renan Calheiros dizem que ele está receoso com a ampliação das investigações na estatal e acabassem envolvendo o presidente da Transpetro, Sérgio Machado.
Com a bênção do amigo Renan Calheiros, Machado chegou ao posto da subsidiária da Petrobrás em 2003, no início do governo Lula. A relação de ambos é tão íntima que o presidente da Transpetro, antes de chegar ao cargo, já alugou um flat de Renan em Brasília. É presença frequente, segundo pessoas próximas, em encontros com o presidente do Senado nos quais discutem projetos da subsidiária da estatal.
Além das duas CPIs em discussão no Senado, a oposição já contava, até a noite desta terça, com 164 assinaturas de deputados para a CPI mista sobre Petrobras, sete a menos do que o necessário. Os apoios do Senado já foram coletados.
Outro caminho de resposta do governo é realizar uma CPI mista do cartel do metrô em São Paulo. A expectativa é coletar todas as assinaturas ainda amanhã. Deputados do "blocão", comandado pelo PMDB, disseram que assinariam as duas investigações.
"Vamos assinar as duas, até porque a Alstom está dentro da Petrobras. Todos os geradores de energia das plataformas são da Alstom", disse o líder do PMDB, Eduardo Cunha. (Colaborou Eduardo Bresciani). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Brasilia - Numa manobra casada entre PT e PMDB, com o aval do Palácio do Planalto, o governo conseguiu sair das cordas e ficar em posição confortável para impedir a criação da CPI da Petrobras .
Os governistas pediram nesta terça-feira a anulação das investigações que tem potencial para atingir a presidente Dilma Rousseff e, ao mesmo tempo, propuseram uma apuração com potencial para desgastar os principais adversários na sucessão presidencial: Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB.
O destino das investigações sobre a estatal deve ser definido amanhã pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que tem interesses pessoais em barrar uma apuração sobre a Petrobras: ele é padrinho político de Sérgio Machado, presidente desde 2003 da Transpetro, o braço de transporte e logística da estatal.
Caberá a ele decidir sobre dois pedidos de anulação de CPI: um, da senadora e ex-ministra de Dilma Gleisi Hoffmann (PT-PR), e outro, do líder dos tucanos, Aloysio Nunes Ferreira (SP). Em debate nos questionamentos está a abrangência de uma investigação feita por parlamentares.
A articulação para derrubar a CPI tem tido Gleisi Hoffmann como protagonista nos bastidores. Em encontro ontem à noite na casa do presidente do Senado, a senadora propôs aos presentes apresentar um requerimento pedindo a impugnação da CPI apresentada pela oposição.
A sugestão surpreendeu a todos, uma vez que Gleisi já tinha pronto um rascunho do questionamento que levaria ao plenário. No encontro, que contou com a presença de líderes partidários e do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, Renan sinalizou que poderia acatar o pedido da senadora, anulando, assim, uma eventual criação das duas CPIs. Na prática, esse é o objetivo do governo.
Desde sexta-feira passada, Gleisi articula um contra-ataque. Ela pediu informação à Consultoria Legislativa do Senado sobre a possibilidade de incluir adendos no texto da CPI da Petrobras.
A nota técnica de 21 páginas, obtida pela reportagem, afirma que os quatro itens do pedido da oposição são "desconexos" e "insuficientes" para serem aceitos. Gleisi então apresentou a nova cartada à sua bancada, que avisou ao governo da jogada que seria colocada em prática na tarde desta terça.
Em outra frente, com o apoio maciço de parlamentares do PT, do PMDB e do PTB, os aliados propuseram a criação de uma CPI "ampliada" da Petrobras, com 32 assinaturas. O pedido abarca a CPI apresentada pela oposição, mais a investigação de irregularidades no metrô paulista e em contratos da rede digital, fatos que envolveriam gestões do PSDB e do PSB.
Oito senadores do PMDB assinam a lista, dentre eles alguns egressos de Estados onde a relação com petistas anda tumultuada: Eunício Oliveira (CE) e Vital do Rego (PB), por exemplo. No domingo, o jornal O Estado de S. Paulo mostrou que o governo utilizaria acordos eleitorais para fazer valer seus interesses nos debates sobre a CPI.
A decisão de criar qualquer uma das duas CPIs está nas mãos do presidente do Senado. Pessoas próximas a Renan Calheiros dizem que ele está receoso com a ampliação das investigações na estatal e acabassem envolvendo o presidente da Transpetro, Sérgio Machado.
Com a bênção do amigo Renan Calheiros, Machado chegou ao posto da subsidiária da Petrobrás em 2003, no início do governo Lula. A relação de ambos é tão íntima que o presidente da Transpetro, antes de chegar ao cargo, já alugou um flat de Renan em Brasília. É presença frequente, segundo pessoas próximas, em encontros com o presidente do Senado nos quais discutem projetos da subsidiária da estatal.
Além das duas CPIs em discussão no Senado, a oposição já contava, até a noite desta terça, com 164 assinaturas de deputados para a CPI mista sobre Petrobras, sete a menos do que o necessário. Os apoios do Senado já foram coletados.
Outro caminho de resposta do governo é realizar uma CPI mista do cartel do metrô em São Paulo. A expectativa é coletar todas as assinaturas ainda amanhã. Deputados do "blocão", comandado pelo PMDB, disseram que assinariam as duas investigações.
"Vamos assinar as duas, até porque a Alstom está dentro da Petrobras. Todos os geradores de energia das plataformas são da Alstom", disse o líder do PMDB, Eduardo Cunha. (Colaborou Eduardo Bresciani). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.