Governo e oposição levam embate econômico a investidores
Armínio Fraga retratou uma economia que está "quase derretendo", enquanto João Carlos Ferraz apontou para novas fontes de crescimento
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2014 às 20h47.
Washington - Governo e oposição levaram seu embate econômico a investidores estrangeiros nesta sexta-feira, 10, com Armínio Fraga retratando uma economia que está "quase derretendo" e o diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) João Carlos Ferraz apontando para novas "fontes de dinamismo" para o crescimento.
Em comum, o diagnóstico de que o atual nível de investimentos é insuficiente para gerar desenvolvimento sustentável do País.
Na avaliação de Ferraz, o patamar próximo de 17% do PIB é "ridículo" diante das necessidades brasileiras. Nesse cenário, disse, o BNDES atua como um "colchão" de financiamento para as empresas.
Fraga vê o excesso de dirigismo governamental como um dos principais fatores que mantêm o nível de investimentos deprimido.
Principal assessor econômico do tucano Aécio Neves, ele defendeu um alinhamento "suave" da política fiscal, que se estenderia por um período de dois a três anos.
Segundo Fraga, há "muita gordura para cortar" no setor público, o que permitiria realizar o ajuste sem cortar programas sociais.
Ambos falaram em momentos distintos de evento realizado em Washington pelo Wilson Center, Brazilian-American Chamber of Commerce e Brazil-US Business Council.
Fraga participou por vídeo durante a manhã, enquanto Ferraz ocupou o lugar de Luciano Coutinho, presidente do BNDES, no discurso do almoço - Coutinho cancelou sua participação por problemas familiares.
No centro da discussão estava o papel do Estado e do BNDES na economia e no desenvolvimento do País.
Fraga criticou intervenções do governo para controlar preços administrados e a taxa de câmbio, defendeu aproximação com os EUA e distanciamento dos governos bolivarianos, propôs maior abertura ao exterior e sugeriu critérios mais rígidos para os empréstimos subsidiados do BNDES.
"Nós vimos esse filme antes. Essas coisas funcionam por algum tempo, mas depois voltam para assombrá-lo", afirmou, em relação às ações governamentais para controlar preços e câmbio.
Fraga afirmou que o País enfrenta dificuldades em mobilizar capital para investimentos, o que atribuiu ao excesso de dirigismo e ao abandono do modelo de agências regulatórias implantado na gestão de Fernando Henrique Cardoso.
"O resultado é que o investimento agregado continua a cair, apesar de um grande número de programas e subsídios do governo. O fato básico é que o investimento está em 16,5% do PIB, o mais baixo patamar em um longo período."
Apesar de concordar com o diagnóstico de baixo investimento, Ferraz afirmou que estão em gestação novos motores de expansão do País.
"Estamos diversificando nossas fontes de crescimento e isso significará um processo de desenvolvimento menos vulnerável e mais sustentável." Ferraz disse que impulso virá do mercado doméstico, da construção de infraestrutura e das exportações.
Em seu cenário, o BNDES continuará a desempenhar um papel central no financiamento, especialmente de infraestrutura. Se o programa federal de logística for implementado, haverá aumento nos investimentos de 1,5% do PIB nos próximos cinco anos, estimou.
Fraga defendeu critérios mais rígidos e transparentes para concessão de empréstimos pelo BNDES, lembrando que o Tesouro Nacional repassou o equivalente a 10% do PIB à instituição, recursos que foram utilizados na concessão de crédito com juros subsidiados.
"Deve haver critérios estritos, claros e transparentes, que possam ser analisados e avaliados. Nada disse ocorre hoje." Segundo ele, muitas das empresas favorecidas não precisavam do benefício, como a Petrobras e grandes empresas privadas.
Ex-presidente do Banco Central, Fraga refutou o argumento do governo de que o Brasil sofre os efeitos dos ventos adversos da economia global.
O ritmo de expansão do país tem ficado em dois pontos percentuais abaixo do registrado na América Latina, mesmo quando são incluídos Argentina e Venezuela, afirmou. E no mundo, há economias crescendo a zero e outras a 7%. "E nós estamos em zero."
O índice de inflação - que está em 6,75% ao ano - não reflete a situação real, ressaltou, em razão da contenção de preços administrados. "O governo está segurando alguns preços, incluindo o preço de combustíveis, o que é um crime ambiental."
O indicador também é afetado pela "pesada intervenção" para evitar que a moeda se deprecie em relação ao dólar e encareça as importações, observou.
Em sua avaliação, a política oficial para combater a inflação é "esquizofrênica". Enquanto o Banco Central aperta a política monetária com a elevação dos juros, o Tesouro e os bancos oficiais injetam recursos na economia, em uma tentativa fracassada de estimular a produção.
Os juros altos têm impacto negativo sobre as decisões de investimentos, já que tornam mais atrativo aplicar recursos em títulos do Tesouro do que em atividades produtivas, reconheceu Ferraz.
E apesar de defender a relevância do BNDES, ele ressaltou a importância do investimento privado para o crescimento.
Washington - Governo e oposição levaram seu embate econômico a investidores estrangeiros nesta sexta-feira, 10, com Armínio Fraga retratando uma economia que está "quase derretendo" e o diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) João Carlos Ferraz apontando para novas "fontes de dinamismo" para o crescimento.
Em comum, o diagnóstico de que o atual nível de investimentos é insuficiente para gerar desenvolvimento sustentável do País.
Na avaliação de Ferraz, o patamar próximo de 17% do PIB é "ridículo" diante das necessidades brasileiras. Nesse cenário, disse, o BNDES atua como um "colchão" de financiamento para as empresas.
Fraga vê o excesso de dirigismo governamental como um dos principais fatores que mantêm o nível de investimentos deprimido.
Principal assessor econômico do tucano Aécio Neves, ele defendeu um alinhamento "suave" da política fiscal, que se estenderia por um período de dois a três anos.
Segundo Fraga, há "muita gordura para cortar" no setor público, o que permitiria realizar o ajuste sem cortar programas sociais.
Ambos falaram em momentos distintos de evento realizado em Washington pelo Wilson Center, Brazilian-American Chamber of Commerce e Brazil-US Business Council.
Fraga participou por vídeo durante a manhã, enquanto Ferraz ocupou o lugar de Luciano Coutinho, presidente do BNDES, no discurso do almoço - Coutinho cancelou sua participação por problemas familiares.
No centro da discussão estava o papel do Estado e do BNDES na economia e no desenvolvimento do País.
Fraga criticou intervenções do governo para controlar preços administrados e a taxa de câmbio, defendeu aproximação com os EUA e distanciamento dos governos bolivarianos, propôs maior abertura ao exterior e sugeriu critérios mais rígidos para os empréstimos subsidiados do BNDES.
"Nós vimos esse filme antes. Essas coisas funcionam por algum tempo, mas depois voltam para assombrá-lo", afirmou, em relação às ações governamentais para controlar preços e câmbio.
Fraga afirmou que o País enfrenta dificuldades em mobilizar capital para investimentos, o que atribuiu ao excesso de dirigismo e ao abandono do modelo de agências regulatórias implantado na gestão de Fernando Henrique Cardoso.
"O resultado é que o investimento agregado continua a cair, apesar de um grande número de programas e subsídios do governo. O fato básico é que o investimento está em 16,5% do PIB, o mais baixo patamar em um longo período."
Apesar de concordar com o diagnóstico de baixo investimento, Ferraz afirmou que estão em gestação novos motores de expansão do País.
"Estamos diversificando nossas fontes de crescimento e isso significará um processo de desenvolvimento menos vulnerável e mais sustentável." Ferraz disse que impulso virá do mercado doméstico, da construção de infraestrutura e das exportações.
Em seu cenário, o BNDES continuará a desempenhar um papel central no financiamento, especialmente de infraestrutura. Se o programa federal de logística for implementado, haverá aumento nos investimentos de 1,5% do PIB nos próximos cinco anos, estimou.
Fraga defendeu critérios mais rígidos e transparentes para concessão de empréstimos pelo BNDES, lembrando que o Tesouro Nacional repassou o equivalente a 10% do PIB à instituição, recursos que foram utilizados na concessão de crédito com juros subsidiados.
"Deve haver critérios estritos, claros e transparentes, que possam ser analisados e avaliados. Nada disse ocorre hoje." Segundo ele, muitas das empresas favorecidas não precisavam do benefício, como a Petrobras e grandes empresas privadas.
Ex-presidente do Banco Central, Fraga refutou o argumento do governo de que o Brasil sofre os efeitos dos ventos adversos da economia global.
O ritmo de expansão do país tem ficado em dois pontos percentuais abaixo do registrado na América Latina, mesmo quando são incluídos Argentina e Venezuela, afirmou. E no mundo, há economias crescendo a zero e outras a 7%. "E nós estamos em zero."
O índice de inflação - que está em 6,75% ao ano - não reflete a situação real, ressaltou, em razão da contenção de preços administrados. "O governo está segurando alguns preços, incluindo o preço de combustíveis, o que é um crime ambiental."
O indicador também é afetado pela "pesada intervenção" para evitar que a moeda se deprecie em relação ao dólar e encareça as importações, observou.
Em sua avaliação, a política oficial para combater a inflação é "esquizofrênica". Enquanto o Banco Central aperta a política monetária com a elevação dos juros, o Tesouro e os bancos oficiais injetam recursos na economia, em uma tentativa fracassada de estimular a produção.
Os juros altos têm impacto negativo sobre as decisões de investimentos, já que tornam mais atrativo aplicar recursos em títulos do Tesouro do que em atividades produtivas, reconheceu Ferraz.
E apesar de defender a relevância do BNDES, ele ressaltou a importância do investimento privado para o crescimento.