Brasil

Governo e oposição começam a definir estratégia para CPI

Dilma espera que sua base aliada faça da comissão do Metrô um espelho das ameaças da oposição na investigação sobre a estatal

Senador Renan Calheiros preside sessão no Congresso para discutir criação de CPMI da Petrobras e do cartel do Metrô de São Paulo (Luis Macedo/Câmara dos Deputados)

Senador Renan Calheiros preside sessão no Congresso para discutir criação de CPMI da Petrobras e do cartel do Metrô de São Paulo (Luis Macedo/Câmara dos Deputados)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2014 às 21h09.

Brasília - Depois de ser vencida na estratégia de evitar, a qualquer custo, a CPI da Petrobras, a presidente Dilma Rousseff espera que sua base aliada faça da comissão do Metrô um espelho das ameaças da oposição na investigação sobre a estatal.

O turbilhão que já culminou com queda expressiva de Dilma nas pesquisas a fez tomar as rédeas da articulação política nas últimas semanas. A ordem agora é adotar uma política de redução de danos e medir com termômetro os movimentos do PSDB para atacar com a mesma moeda.

Sem integrar nenhuma das três CPIs que serão instaladas nas próximas semanas - duas da Petrobras, uma exclusiva do Senado e outra mista; e mais uma do Metrô -, Aécio Neves corre para consolidar "um discurso profissional" e arrematar os apartes de seus representantes na comissão que vai investigar a estatal, de forma que as atuações tenham uma conexão direta com a campanha tucana à Presidência.

Enquanto isso, o pré-candidato do PSB, Eduardo Campos, tem orientado seus aliados a traçar rumos independentes, numa continuidade do discurso de descolamento dos tucanos adotado pelo pessebista nessa semana.

O Palácio do Planalto quer remover a imagem de que o PT é contra investigar a Petrobras e, para isso, tem orientado seus soldados a tomar a dianteira na apresentação de requerimentos.

Nessa linha de atuação, integrantes do partido da presidente devem apresentar pedidos de convocação de nomes ligados à estatal, como a presidente Graça Foster, o antecessor, José Sérgio Gabrielli, e o ex-diretor Internacional, Nestor Cerveró.

Em contrapartida, a oposição ameaça pedir quebras de sigilo bancário, fiscal e telefônico desses e outros personagens envolvidos nas denúncias contra a Petrobras, como o ex-diretor de abastecimento, Paulo Roberto Costa.

Se o time de Aécio pesar a mão, a reação será imediata. "É lógico que ninguém quer chamar o Serra para depor na CPI do Metrô. Mas se o clima começar a ficar mais tenso que o previsto na outra (da Petrobras), vamos apelar para os nomes políticos", disse um aliado de Dilma.

Inicialmente, contudo, governistas devem optar por convocar, na CPMI, do Metrô, técnicos já denunciados pelo Ministério Público no caso de cartel em São Paulo.

Do lado do PSDB, a ameaça de ver desgastados nomes do partido com a CPI do Metrô já começou a ditar mudanças de postura. A sessão do Congresso de quarta-feira, na qual o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) pediu as indicações para a comissão mista da Petrobras, contou com poucos tucanos.

Aécio apareceu, mas sequer se posicionou. Justificou sua passividade alegando que o objetivo da sessão já estava encaminhado.

"A oposição quer usar a imprensa para fazer um sangramento cada vez maior da presidenta. Nenhum dos dois lados quer CPI", avaliou o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM).

A oposição vai tentar se defender a qualquer custo na comissão do Metrô e, com isso, pode ceder às pressões na comissão que investiga a estatal. Tentando se afirmar como uma terceira via, Eduardo Campos orienta uma atuação independente.

"Nossa atuação será de fazer uma apuração sem um cunho exclusivamente político e eleitoral", disse o representante do PSB na CPMI da Petrobras, deputado Júlio Delgado (MG).

A postura dos correligionários de Campos deve ser a mesma nas duas CPIs, já que a avaliação é de que nenhuma delas têm poder de fogo suficiente para atingir o presidenciável.

Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasCombustíveisCongressoEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasGovernoGoverno DilmaIndústria do petróleoOposição políticaPetrobrasPetróleoPolítica no Brasil

Mais de Brasil

Quem é o pastor indígena que foi preso na fronteira com a Argentina

Oito pontos para entender a decisão de Dino que suspendeu R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão

Ministro dos Transportes vistoria local em que ponte desabou na divisa entre Tocantins e Maranhão

Agência do Banco do Brasil é alvo de assalto com reféns na grande SP