Campanha do Programa Rio Rural, da Secretaria de Estado de Agricultura do Rio de Janeiro, conseguiu atingir, um ano antes do início dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, a meta de 2016 nascentes protegidas em microbacias no interior fluminense.

“Tínhamos uma meta estabelecida até as Olimpíadas, que era muito ousada porque preservar nascentes não é uma coisa trivial, pois pressupõe investimento financeiro e, principalmente, dedicação do produtor, que tem que mudar sua forma de encarar a preservação ambiental”, disse hoje (6) o secretário de Agricultura do estado, Christino Áureo.

Segundo ele, preservar uma nascente significa replantar todas as espécies nativas de Mata Atlântica e vedar toda a área para o uso agrícola ou pecuário, ou seja, manter a mata intacta e replantar o que foi desmatado.

A campanha de preservação de 2016 nascentes protegidas até as Olimpíadas foi lançada em 2010 pelo Programa Rio Rural e envolveu agricultores, técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do estado (Emater-RJ), educadores, estudantes e instituições parceiras.

Os 1.661 produtores que participaram desse esforço receberam incentivos financeiros não reembolsáveis do governo fluminense, via Banco Mundial (BIRD), em torno de R$ 10 mil cada, em média, informou o secretário. Só em investimento direto, foram cerca de R$ 16 milhões, sem incluir a conta hora/homem do trabalho de cada agricultor, sua família e seus empregados nesse processo, que dobra o valor.

Áureo avaliou que a campanha foi bem-sucedida, “a ponto de a gente chegar a um ano antes das Olimpíadas com a meta atingida”. Para o secretário de Agricultura, a proteção das nascentes, que são pontos de origem dos córregos e rios que abastecem as áreas rurais e urbanas, deve ser incluída entre os legados dos Jogos Olímpicos.

O estado do Rio de Janeiro tem potencial de proteção de 14.600 nascentes e preservação de cerca de 45 mil quilômetros de cursos d'água. Para que todas essas nascentes sejam protegidas, o secretário estimou que seria necessário dar continuidade à campanha do Rio Rural por mais dez anos, “repondo a produção de água da propriedade e também a reprodução de Mata Atlântica”.

O pequeno produtor rural Antônio Amaro, de São Francisco de Itabapoana, norte do estado, disse ter plantado 600 pés de árvores nativas em seu sítio, de modo a proteger a nascente. Disse que os amigos querem visitar o local e fazer o mesmo trabalho em suas propriedades.

Carlos Roberto Braz, morador de Natividade, noroeste do estado, é outro agricultor que aderiu à campanha, logo que foi iniciada: “Estou preservando, tentando fazer melhor do que meu pai”. Braz espera que seu exemplo seja continuado por seu filho.

O Rio Rural estima que o volume de água produzido nas 2016 nascentes seja suficiente para encher 2.600 piscinas olímpicas por ano. O programa está buscando novos parceiros para ampliar a abrangência da campanha.