Eduardo Gomes (MDB-GO), líder do governo no Congresso (Marcos Oliveira/Agência Senado)
Clara Cerioni
Publicado em 17 de outubro de 2019 às 16h28.
Última atualização em 17 de outubro de 2019 às 16h30.
Brasília — O porta-voz da Presidência, general Otávio do Rêgo Barros, confirmou na tarde desta quinta-feira (17) que a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) será substituída pelo senador Eduardo Gomes (MDB-TO) na função de líder do governo no Congresso.
"Sendo uma prerrogativa do presidente da República escolher seus líderes para representar o governo no poder legislativo, será encaminhada mensagem ao Congresso nacional informando a substituição da Deputada Joice Hasselmann pelo Senador Eduardo Gomes na função de líder do governo naquela casa legislativa", afirmou o porta-voz.
A mudança ocorre após Joice ter se envolvido em uma polêmica disputa sobre a liderança do PSL na Câmara. Na noite desta quarta-feira (16), a deputada assinou uma lista de apoio à permanência de Delegado Waldir (GO) na liderança do PSL na Câmara. Bolsonaro articulou para que um dos seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), assumisse o lugar.
Waldir é ligado ao presidente do PSL, o deputado federal Luciano Bivar (PE), que está em uma disputa interna na sigla com o próprio Bolsonaro e aliados.
Joice foi escolhida líder do governo em fevereiro, pela indicação dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e tinha bom trânsito com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que no início do governo era responsável pela articulação política.
Ela vinha perdendo espaço, no entanto, desde que a articulação foi repassada para a Secretaria de Governo, em agosto. O ministro Luiz Eduardo Ramos, titular da pasta, deu preferência ao líder do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO).
Na semana passada, Bivar afirmou que as denúncias de candidatos-laranja teriam motivado os recentes ataques de Bolsonaro à legenda. No dia anterior, o presidente falou a um apoiador, que se identificou como pré-candidato pela legenda no Recife, para que ele esquecesse o partido, que “está queimado para caramba”.
Em entrevista, o presidente do PSL disse que Bolsonaro já decidiu pela saída do partido e afirmou: “Acho que ele quis sair porque tem preocupação com as denúncias de laranjas. Ele quer ficar isento dessas coisas”.
Dois dias depois, Bolsonaro e mais 21 parlamentares enviaram um requerimento para Bivar solicitando uma auditoria nas contas públicas dos últimos cinco anos do partido.
No documento, os advogados Karina Kufa e Marcello Dias de Paula chamam de “precárias” as prestações de contas do partido. Dizem, ainda, que “a contumaz conduta pode ser interpretada como expediente para dificultar a análise e camuflar irregularidades”. (Leia a a representação na íntegra)
A ofensiva de parte dos membros do PSL vem na esteira das recentes investigações do Ministério Público e da Polícia Federal que acusam o partido de ter usado candidatas-laranja nas eleições. No começo do mês, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi indiciado como autor do esquema em Minas Gerais, mas foi mantido no cargo pelo presidente.
Recentemente, um depoimento dado à PF e uma planilha revelados pela Folha de São Paulo sugerem que dinheiro do esquema de Minas Gerais foi desviado por caixa 2 às campanhas de Antônio e do presidente Bolsonaro.