Detentos: membros das duas facções se enfrentaram em uma batalha campal (Josema Goncalves/Reuters)
AFP
Publicado em 19 de janeiro de 2017 às 14h24.
Última atualização em 19 de janeiro de 2017 às 14h32.
O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, pediu nesta quinta-feira o "envio imediato" de tropas federais a Natal, capital do estado, confrontada com uma rebelião carcerária e distúrbios provocados pela guerra entre facções criminosas.
"Fiz um pedido ao ministro [da Justiça] Alexandre Moraes, para conversar com o presidente [Michel] Temer, que só ele pode autorizar, o envio imediato, para hoje, das Forças Armadas: do Exército, da Marinha, para ocupar as ruas de Natal", disse o governador, em declarações à rádio CBN.
"Estão tocando fogo em ônibus como retaliação pelo governo ter decidido separar dentro dos presídios o PCC do sindicato RN", afirmou Faria.
"A situação se tornou muito mais grave do que estava até ontem, se agravou a partir de ontem à noite. Então, precisamos de um socorro do governo federal de imediato", acrescentou.
Membros das duas facções se enfrentaram em uma batalha campal, com paus e pedras, no presídio de Alcaçuz, em Natal, onde no fim de semana 26 presos foram mortos em um brutal acerto de contas, informaram jornalistas da AFP.
A maioria dos mortos pertencia ao chamado Sindicato do Crime RN, confrontado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), principal facção do crime organizado no Brasil.
A polícia entrou na quarta-feira a este presídio superlotado, com cerca de 1.200 detentos, de onde retirou 220, pertenecentes ao Sindicato do Crime RN, para levá-los a outra prisão, a fim de aliviar a tensão.
Mas o deslocamento gerou descontentamento entre os membros das facções.
À noite, houve distúrbios em Natal e outras cinco cidades - com incêndio em ônibus e ataques a prédios públicos - assim como um início de rebelião em outro presídio, na localidade de Caicó, que deixou um morto e cinco feridos, informaram fontes oficiais à AFP.
Segundo Robinson Faria, os atos de violência são obra das duas facções criminosas. "Ambos estão retaliando o governo", afirmou.