Gonçalves Dias: chefe do GSI (José Cruz/Agência Brasil)
Reporter colaborador, em Brasília
Publicado em 19 de abril de 2023 às 17h32.
Última atualização em 19 de abril de 2023 às 18h04.
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Marco Edson Gonçalves Dias, pediu demissão do cargo na tarde desta quarta-feira, 19. O pedido foi feito após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e chefes de outros ministérios, no Palácio do Planalto. Na manhã desta quinta-feira, a CNN Brasil divulgou imagens que mostram o ministro e colaboradores do GSI no Palácio do Planalto durante a invasão do prédio no dia 8 de janeiro.
Nesta quarta-feira, ele deveria ter comparecido à Comissão de Segurança Pública da Câmara, para prestar esclarecimentos sobre os atos do dia 8, porém, devido a um problema de saúde, não compareceu. O presidente do colegiado, deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS), disse que, agora, Gonçalves Dias será convocado a comparecer na sessão do colegiado na próxima quarta-feira, 26, “sob o regime de convocação e nesse regime explicar sobre tudo o que os parlamentares querem ouvir do 8 de janeiro, e agora potencializada com os vídeos que foram divulgados”, disse.
Após a repercussão das imagens, o GSI divulgou nota para justificar a presença do chefe do órgão no Palácio do Planalto, e afirmou que as imagens mostram a “atuação dos agentes de segurança que foi, em um primeiro momento, no sentido de evacuar o quarto e o terceiro piso do Palácio do Planalto”.
"A respeito de reportagem veiculada no dia de hoje, sobre os ataques do 8 de janeiro, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) esclarece que as imagens mostram a atuação dos agentes de segurança que foi, em um primeiro momento, no sentido de evacuar o quarto e o terceiro piso do Palácio do Planalto, concentrando os manifestantes no segundo andar, onde, após aguardar o reforço do pelotão de choque da PM/DF, foi possível realizar a prisão dos mesmos", explicou na nota divulgada à imprensa.
Marco Edson Gonçalves Dias é natural de Americana (SP). Ele entrou para o Exército em 1969, por meio da Escola Preparatória de Cadetes do Exército. Cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais em 1986 e a Escola de Comando e Estado Maior do Exército em 1994. Chegou a ocupar o cargo de Comandante da Sexta Região Militar e a comandar o 19° Batalhão de Infantaria Motorizado.
Foi alçado ao cargo de general e, atualmente, está na reserva (como os militares chamam a sua aposentadoria). Dentro do governo, já foi Secretário de Segurança da Presidência da República, durante a primeira gestão de Lula, e chefe da Coordenadoria de Segurança Institucional da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Formado majoritariamente por militares, o GSI é o órgão responsável pela segurança das instalações da Presidência da República. Até o início de 2023, também fazia a segurança pessoal do presidente e de seus familiares. Mas Lula decidiu ter sua segurança composta por policiais federais, alguns que já o acompanharam durante a campanha presidencial.
Lula e boa parte do governo têm receio da atuação de militares no núcleo da administração federal. A quantidade de militares que participaram do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou a impressão no governo petista de que parte das Forças Armadas assumiu uma atuação ideológica. Vídeos gravados durante o dia 8 de janeiro mostram, por exemplo, o então comandante do Batalhão de Guarda Presidencial (BGP) pedindo uma atuação mais branda da Polícia Militar do Distrito Federal com os invasores.