Alberto Goldman: "Nem vou discutir (apoio). Ele (Doria) não precisa de apoio meu" (Mário Rodrigues/Veja São Paulo/Reprodução)
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2016 às 13h04.
Última atualização em 10 de outubro de 2017 às 10h57.
São Paulo - Vice-presidente nacional do PSDB, o ex-governador Alberto Goldman reiterou, em entrevista ao Broadcast Político, as críticas ao prefeito eleito de São Paulo neste primeiro turno, o empresário João Doria Jr (PSDB).
"Não vou abrir mão da minha visão crítica", disse ele, lembrando que assinou a ação que tramita no Ministério Público Eleitoral (MPE) contra Doria e o governador Geraldo Alckmin por suspeita de abuso de poder político neste pleito.
"Assinei e no meu entender houve mesmo abuso de poder, não volto atrás", afirmou. Apesar das críticas, disse que o momento é de torcer para uma boa gestão na capital, "porque uma cidade de cerca de 12 milhões de habitantes como São Paulo merece isso".
Após a confirmação de vitória neste primeiro turno, Doria, fez um discurso pacificador, citando nominalmente Alberto Goldman e dizendo que é preciso unir o PSDB.
Indagado sobre este aceno, o vice-presidente nacional do partido disse que ainda não pensou em uma conversa com ele e isso ainda não foi colocado por nenhum lado.
"Vamos dar um tempo, isso ainda não me passou pela cabeça, vou avaliar no momento adequado (o aceno do prefeito eleito)", frisou, reiterando torcer para que São Paulo tenha uma boa gestão e que cabe ao PSDB fazer "o melhor possível".
Questionado se poderá apoiar as ações de Doria no comando da maior cidade do País, destacou: "Nem vou discutir (apoio). Ele (Doria) não precisa de apoio meu".
Ação
Na entrevista ao Broadcast Político, Goldman falou da ação contra Doria que tramita no Ministério Público Eleitoral e disse que é um processo que terá seu andamento, pois no momento está nas mãos da promotoria.
Ao ser escolhido por Alckmin para ser o candidato tucano à disputa municipal em São Paulo, Doria provocou um racha na sigla e foi denunciado ao Ministério Público por Goldman e pelo senador José Aníbal (que no final do primeiro turno gravou depoimento em apoio ao candidato tucano) "por compra de votos" nas prévias tucanas.
Nesse processo, Andrea Matarazzo, que foi um dos fundadores do PSDB, deixou a sigla, filiou-se ao PSD e disputou essas eleições como vice na chapa da atual peemedebista Marta Suplicy. A representação assinada por Goldman e Aníbal foi protocolada no Ministério Público no dia 29 de março.
Mesmo após a vitória de Doria em primeiro turno, Goldman sustenta as críticas e diz que não volta atrás na decisão que motivou a ação. "Minha assinatura está lá e eu creio que houve mesmo este abuso." Há alguns dias, em uma resposta a comentários dos leitores em seu blog pessoal, o ex-governador de São Paulo fez duras críticas a João Doria, disse que não indicaria voto nele "de forma nenhuma" e falou ainda que ele era "uma desgraça para o partido".
Presidência
Na avaliação do ex-governador, a vitória histórica do candidato do PSDB na Capital foi resultado de três fatores essenciais: o desejo majoritário do eleitorado em varrer o Partido dos Trabalhadores do mapa político, não apenas no maior colégio eleitoral do País, mas no Brasil inteiro; a aliança com um leque majoritário de partidos que lhe garantiu uma base de candidatos a vereador fazendo campanha em todos os cantos da cidade e um tempo maior de que o de seus concorrentes no horário político eleitoral gratuito no rádio e na TV; e o discurso de Doria, que vendeu a proposta do "não político", apostando na onda antipolítica que vem se delineando no País, na esteira dos escândalos deflagrados pela Operação Lava Jato.
Indagado se o apoio de Geraldo Alckmin ao afilhado político credencia o governador para ser o candidato da sigla à Presidência da República em 2018, Goldman disse: "Não vou minimizar o apoio de Alckmin, mas acredito que a vitória (de Doria) é resultado da soma desses fatores".
No seu entender, São Paulo sempre tem um peso central na escolha do candidato ao Palácio do Planalto e apesar de Alckmin "ser um nome sempre expressivo neste cenário", lembrou que o partido tem outros grandes nomes, como o do ministro das Relações Exteriores, José Serra, e do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG). E frisou que é preciso aprender a conviver com as diferenças internas partidárias. "Sempre fui um crítico dentro do partido", finalizou.