Flávio Bolsonaro: investigação sobre o senador foi baseada em dados fornecidos pelo antigo Coaf (Moreira Mariz/Agência Senado)
Reuters
Publicado em 30 de novembro de 2019 às 13h18.
Última atualização em 30 de novembro de 2019 às 13h25.
A ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou na noite de sexta-feira a retomada das investigações que contavam com relatórios do antigo Coaf em processo envolvendo o senador pelo Rio de Janeiro Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro.
A decisão veio após o STF ter fixado entendimento na quinta-feira de que é permitido o repasse de informações de órgãos de controle como a Receita Federal e a Unidade de Inteligência Financeira (UIF), antigo Coaf, para instruir investigações criminais do Ministério Público e da polícia.
Flávio Bolsonaro contava com duas liminares para suspender a apuração da suspeita de "rachadinha" nos salários de seu gabinete quando ele era deputado estadual no Rio de Janeiro: a primeira dada em julho pelo presidente do STF, Dias Toffoli, e depois em setembro pelo ministro Gilmar Mendes, após a defesa do parlamentar alegar que o MP do Rio não havia cumprido a determinação do Supremo e continuava investigar o senador.
O julgamento do STF na quinta-feira teve como pano de fundo críticas feitas a atuação desses órgãos de controle por ministros da corte e pelo próprio Jair Bolsonaro. Críticos afirmaram que o Ministério Público estaria quebrando o sigilo fiscal e bancário de investigados a fim de conseguir provas de maneira ilegal, o que levou o STF a abordar a questão. Bolsonaro chegou a falar em "devassa fiscal" feita pela Receita contra familiares.
A Corte, contudo, decidiu manter a autorização para uso desse tipo de informação, com o entendimento de que ela não viola sigilos. A decisão é baseada na Lei Complementar 105/2001, já considerada constitucional pelo tribunal, que permite o compartilhamento de dados detalhados sem autorização judicial.
A defesa do senador disse que ele recebeu com tranquilidade a decisão de que a investigação envolvendo seu nome será reaberta e avalia que o processo deverá seguir o seu curso natural, até que a verdade seja estabelecida, segundo informou a Globonews.
Em dezembro de 2018, um relatório do Coaf apontou uma movimentação atípica de 1,2 milhões na conta do senador, quando ainda era deputado estadual do Rio de Janeiro. O documento aponta Fabrício José Carlos de Queiroz, servidor do seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), como responsável por fazer as movimentações.
Para ter acesso às informações, o Coaf repassou ao Ministério Público dados bancários do então deputado, o que sua defesa identificou como “quebra de sigilo fiscal e bancário”. Com o aval de Gilmar e do STF, a investigação deve ser retomada.