Gestão Doria quer flexibilizar Plano Diretor
O Plano Diretor e o Zoneamento são as duas principais legislações do governo Fernando Haddad (PT)
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de fevereiro de 2017 às 09h14.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 09h17.
São Paulo - A gestão João Doria (PSDB) prevê para o fim de março o envio de ao menos um projeto de lei à Câmara Municipal para modificar parte das duas principais legislações do governo Fernando Haddad (PT): o Plano Diretor e o Zoneamento, aprovadas, respectivamente, em 2014 e 2016.
Segundo o prefeito, a intenção não é descaracterizar as normas urbanísticas vigentes, mas reaquecer a indústria imobiliária e promover empregos na construção civil.
"Temos 2,2 milhões de desempregados na cidade. Precisamos colocar ao menos parte dessa gente na construção civil e com essas amarras (impostas pelas leis) é praticamente impossível. Temos de criar algumas flexibilizações que estão sendo estudadas já", disse Doria na quarta-feira, 22, após discurso a empresários no Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi).
A fórmula da outorga onerosa, por exemplo, é um dos pontos que deve mudar. A ideia é que a taxa cobrada pela Prefeitura para liberar edificações mais altas, acima do limite estabelecido pelo coeficiente de aproveitamento básico do terreno, sofra um ajuste de acordo com a localização do empreendimento.
Hoje, esse "imposto" é mais caro no miolo dos bairros e mais barato nas grandes avenidas. O mercado argumenta que é preciso um "equilíbrio" para que a produção se torne viável economicamente também nas áreas mais valorizadas.
O argumento foi aceito pela Prefeitura, que estuda uma nova maneira de fazer a cobrança e, consequentemente, baixar o valor. O Plano Diretor em vigor estabeleceu uma tabela específica para o cálculo da outorga, que agora poderá ser revista com o apoio da base aliada de Doria na Câmara.
Esse, no entanto, é apenas um dos pleitos do mercado, que também pede alterações em algumas das principais diretrizes urbanísticas da lei, como a altura máxima dos prédios em áreas residenciais e o limite de vagas de garagem por apartamento.
A regra atual estabelece que edifícios erguidos no chamado remanso, ou seja, nas áreas mais tranquilas dos bairros, tenham no máximo 28 metros de altura, o que equivale a oito andares.
Essa condição, segundo representantes do Secovi, encarece a produção e o valor final do imóvel, o que torna o empreendimento inviável em momentos de crise econômica.
Já a definição de que apartamentos localizados em eixos de transporte - vias dotadas de opções de transporte público, como estações de metrô e corredores de ônibus - podem ter apenas uma vaga de garagem já foi alterada pelo Zoneamento, mas por um período de transição válido por três anos.
O setor, no entanto, quer tornar a regra da garagem extra definitiva e modificar mais uma diretriz dos eixos: a que estabelece que as unidades erguidas onde há transporte público sejam menores, com média de 80 m2.
Para o mercado imobiliário, essas duas condições "engessam" os produtos e dificultam a produção e geração de empregos na área da construção civil.
"Necessidade imediata"
Sem detalhar as mudanças que pretende fazer, o prefeito afirmou que "a necessidade da cidade é imediata".
"Se você tem potencial construtivo e tem quem queira construir, temos de, sem romper a legalidade, criar estímulos para que a construção civil volte a ser reativada e empregos gerados." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.