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General Heleno diz que tem vergonha de ganhar R$ 19 mil líquidos por mês

Ele respondia a uma pergunta do deputado David Miranda (PSOL-RJ) sobre os salários de Heleno como diretor no COB

Segurança: o general Augusto Heleno afirmou que na época do atentado, Bolsonaro estava sob cuidado da PF (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Segurança: o general Augusto Heleno afirmou que na época do atentado, Bolsonaro estava sob cuidado da PF (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de julho de 2019 às 12h22.

Última atualização em 10 de julho de 2019 às 15h07.

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, afirmou nesta quarta-feira (10), que tem vergonha do salário líquido de 19 mil reais que recebe do Exército.

"Eu tenho vergonha do que eu recebo do Exército, isso eu tenho vergonha. Se eu mostrar pro meu filho que eu sou general de Exército, e ganho líquido R$ 19.000, eu tenho vergonha”, disse o ministro, que entrou para a reserva em 2011.

Ele respondia a uma pergunta do deputado David Miranda (PSOL-RJ) sobre os últimos três salários de Heleno como diretor de Comunicação e Educação Corporativa no COB (Comitê Olímpico Brasileiro), que passaram dos R$ 50 mil reais.

"Eu nunca pedi aumento no COB, eu recebi o que o COB me pagava. É uma entidade privada (....) O dinheiro do COB sai do valor apostado na Caixa Econômica Federal nos seus diversos concursos. Este valor há uma discussão que até hoje não se chegaram à conclusão se é dinheiro público ou não”, disse inicialmente.

“Eu ganhava honestamente, trabalhava muito no COB, formamos mais de 1000 gestores esportivos, mais de 300 treinadores. Não tenho vergonha nenhuma de ter sido bem pago como os senhores aqui a grande maioria não tem”, completou.

Heleno está participando de uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional para falar da prisão de um militar da Força Aérea Brasileira, Manoel Silva Rodrigues, preso com 39 quilos de cocaína na Espanha em comitiva que acompanhava viagem do presidente Jair Bolsonaro.

Veja no vídeo:

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Trauma

Heleno também disse que o vereador Carlos Bolsonaro é "extremamente traumatizado" pelo atentado que seu pai, o presidente Jair Bolsonaro, sofreu no ano passado, durante a campanha eleitoral, em Juiz de Fora (MG).

O comentário foi feito em resposta a uma pergunta sobre uma suposta desconfiança de Carlos Bolsonaro quanto à segurança presidencial por parte do GSI. Heleno salientou que não era o GSI, mas a PF, quem fazia a segurança de Bolsonaro naquela ocasião.

"Eu conheço Carlos. Ele é extremamente traumatizado pelo atentado que buscou mudar a realidade política do Brasil, o atentado a faca que o presidente recebeu. Naquela situação Bolsonaro estava sob cuidado da PF", disse o ministro.

Heleno emendou esclarecendo que não está "colocando responsabilidade" na PF. Disse que o órgão "melhorou mito nas últimas décadas e tem equipamentos de alta qualidade e é muito eficiente". "O que acontece é que candidatos como o presidente Bolsonaro desrespeitam regras traçadas e isso é normal e aqueles que fazem segurança não podem impedir. Hoje em dia, mesmo em viagens, ele acaba fazendo coisas que são delicadas", disse.

Em um dos temas debatidos na sessão, o avanço do narcotráfico e das organizações criminosas no país, Heleno afirmou que isso se deve a "leniência dos governos anteriores".

"Estamos seriamente contaminados por organizações criminosas a ponto de transformar problema de segurança pública em problema de segurança nacional" disse.

A frase de Heleno fez referência à observação do tenente-brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior, representante do Ministério da Defesa na sessão, que sugeriu atuação conjunta entre os poderes no país para combater as drogas.

Investigação

Na audiência, Heleno, Carlos de Almeida Baptista Junior e o representante da Aeronáutica, Carlos Augusto Amaral Oliveira, foram bastante questionados sobre o andamento das investigações em torno dos fatos e circunstâncias que levaram à prisão do segundo sargento Manoel Silva Rodrigues. Heleno comentou que "por enquanto não há indício de participação" de outros envolvidos.

Essa foi a única informação sobre o inquérito policial militar aberto. Diante de outros questionamentos, a resposta padrão é que não se podia trazer detalhes dado ao sigilo da investigação.

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