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Gasolina e álcool começam a faltar em vários postos de Brasília

Segundo frentistas, a situação tende a piorar porque a demanda está cada vez maior, com praticamente todos os clientes pedindo para encher o tanque

Combustíveis: não há previsão de reabastecimento pelas distribuidoras (Andre Vieira/Getty Images)

Combustíveis: não há previsão de reabastecimento pelas distribuidoras (Andre Vieira/Getty Images)

AB

Agência Brasil

Publicado em 24 de maio de 2018 às 16h17.

Em Brasília, muitos postos de abastecimento já estão sem combustíveis, principalmente gasolina, por causa da mobilização de caminhoneiros. Segundo frentistas, a situação tende a piorar porque a demanda está cada vez maior, com praticamente todos os clientes pedindo para encher o tanque, e não há previsão de reabastecimento pelas distribuidoras.

Até o início da tarde desta quinta-feira (24), nenhum dos postos visitados pela Agência Brasil tinha qualquer previsão da chegada de combustível. No posto da 204 Norte, em menos de seis horas foram vendidos os últimos 5 mil litros de gasolina, o que ocorreu por volta do meio-dia.

Uma hora antes o álcool já havia acabado. A gerente de posto, Pâmela Rytchelle, disse que não há qualquer expectativa de reabastecimento. "A informação que nossos fornecedores nos passam é de os manifestantes não estão deixando sair nenhum caminhão."

Segundo o gerente Welington Pereira, o posto em que ele trabalha não tem combustível desde as 23h30 de ontem (23). Wellington disse que, na manhã de hoje, em pelo menos três dos oito postos da rede - dois localizados no Plano Piloto e um em Brazlândia - já não havia combustível à venda.

A demanda aumentou muito nos últimos dias, afirmou Wellington. Além de as filas terem ficado maiores, chegando a até 1,5 quilômetro de extensão, houve mais clientes pedindo para encher o tanque do carro.

Com isso, em menos de três dias foram vendidos cerca de 15 mil litros de combustível. "Temos um tanque com capacidade para 30 mil litros. Ele estava pela metade. A demanda aumentou muito, e infelizmente não estávamos preparados para isso."

Em dois postos perto dali, a gasolina acabou por volta das 8h. Quando o bloqueio dos caminhoneiros começou na segunda-feira (21), o posto da 103 Norte tinha estoque de 10,2 mil litros.

"Em três dias, depois de muitas filas, acabou tudo. Pelo que converso com os colegas de outros postos, a expectativa é de que, no máximo até segunda-feira (28) não haja mais gasolina em nenhum posto do Plano Piloto", disse o chefe de pista Luiz Fernando Ferreira Santos.

Santos enfatizou que é cada vez maior o número de clientes que chegam desesperados aos postos por estarem com o tanque na reserva.

A maior fila identificada pela reportagem da Agência Brasil nesta quinta-feira foi em um posto do grupo Jarjour, na 206 Norte. Nesse posto, a fila, que chegou a 4 quilômetros de extensão, formou-se também devido ao baixo preço do combustível na bomba (R$ 2,98). O preço mais baixo é parte de uma campanha de conscientização sobre a alta carga tributária incidente sobre os combustíveis.

"O Dia da Liberdade de Impostos dá uma dimensão sobre o quanto o brasileiro paga em impostos. No caso dos combustíveis, são pagos em média 42% em tributos", disse o representante do posto, Wonder Jarjour.

A aposentada Eliana Paula ficou na fila das 3h50 até pouco depois das 9h. "Não foi apenas para aproveitar a promoção. Estou aqui por tudo. Integrar essa fila imensa é uma forma de criticar o que está sendo feito com nosso país, para ver se as coisas mudam", disse Eliana, enquanto apontava para as equipes de reportagem que estavam no local, fazendo as imagens da fila.

Enquanto abastecia o carro, às 9h30, após mais de cinco horas na fila, a estudante Jéssica Dorneles disse que concorda com as manifestações dos caminhoneiros, no sentido de cobrar do governo federal medidas que resultem em um valor mais baixo para o combustível.

"O governo cobra sacrifício de todos, mas não contribui com sua parcela de sacrifício. Isso está errado. Ao vermos quanto custaria o combustível, caso fosse livre desses tributos, a gente entende que paga muito mais coisa do que aquilo que está comprando", afirmou a estudante.

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