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Gabrielli reduz responsabilidade de Dilma em Pasadena

Ex-presidente da Petrobras disse que a presidente não pode ser responsabilizada pela compra da polêmica refinaria

Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras no Senado ouve o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 20 de maio de 2014 às 16h17.

Brasília - O ex-presidente-executivo da Petrobras José Sergio Gabrielli disse nesta terça-feira que a presidente Dilma Rousseff não pode ser responsabilizada pela compra da polêmica refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e afirmou em depoimento à CPI da estatal no Senado que as decisões são tomadas de forma coletiva na empresa.

Como ministra, na época da aquisição da refinaria em 2006, Dilma presidia o Conselho de Administração da Petrobras.

A compra da unidade gera controvérsias em relação aos valores desembolsados pela estatal e motivou a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado, entre outros fatores.

"Não considero a presidente (Dilma) responsável pela compra de Pasadena", disse o ex-presidente a senadores, acrescentando que a compra foi aprovada tanto pela Diretoria Executiva quanto pelo Conselho de Administração da empresa, ambas estruturas colegiadas.

O depoimento de Gabrielli à CPI no Senado é o primeiro concedido à comissão, controlada pela base aliada do governo.

O movimento para investigação de um negócio aprovado em 2006 foi disparado após a presidente Dilma ter afirmado, por meio de nota, em março, que o aval para a compra da refinaria foi dado com base em um documento "técnica e juridicamente falho".

Segundo a nota da Presidência da República, o resumo executivo preparado pela diretoria da Área Internacional na época "omitia" informações como a cláusula "put option", que levou a Petrobras a pagar valores muito maiores pela refinaria do que os 360 milhões de dólares desembolsados inicialmente por 50 por cento da unidade.

Ao final de uma disputa em câmara arbitral, a estatal foi obrigada a pagar 1,25 bilhão de dólares ao todo por Pasadena, e ainda teve de fazer investimentos de 685 milhões de dólares em melhorias operacionais, manutenção e paradas programadas até 2013.

O ex-presidente da Petrobras confirmou que a cláusula não constava do sumário executivo entregue ao Conselho de Administração para a análise da compra. Afirmou à CPI saber da existência da cláusula, mas minimizou a sua importância para o negócio, dizendo que tal item definia as regras apenas para um eventual "divórcio" com a sócia de Pasadena, a belga Astra.

"É um processo de decisão que não é individualizado", disse Gabrielli sobre a decisão tomada pela empresa.

Gabrielli disse ainda que a compra da refinaria norte-americana "voltou a ser um bom negócio", embora tenha passado por dificuldades durante a crise econômica internacional.

"É um negócio que muda. Ele era bom quando foi adquirido, a partir de 2008 se torna mau negócio porque reflete a mudança do mundo com a crise... A partir de 2014 ela volta a ser bom negócio. Ela é lucrativa", defendeu.

Campanha Contra

Gabrielli afirmou ainda que a estatal não pode ser considerada uma empresa "em crise, mal gerida ou à beira da falência" e que ela tem sido vítima de uma campanha política da oposição.

Ele disse ainda que vários segmentos têm interesse em reduzir o valor da Petrobras, entre eles os "especuladores de curto prazo" e os políticos da oposição, que querem criar a "falsa imagem" de que a estatal está em crise.

"Os especuladores de curto prazo... adoram a situação das ações da Petrobras... Agora, nesta plena 'crise' da Petrobras, a ação valorizou 41 por cento. Então alguém ganhou com isso."

A valorização das ações da Petrobras, no entanto, tem sido relacionada à expectativas em torno das eleições, segundo operadores.

Por trás dessa suposta campanha contra a Petrobras, haveria interesse de mudar a lei que estabelece a empresa como operadora única do pré-sal, condição que em última análise beneficia o povo brasileiro, segundo ele.

Gabrielli ainda citou supostos vazamentos de informações do site Wikileaks, que indicariam oposicionistas no Brasil conversando com diplomatas norte-americanos para acabar, em um eventual novo governo, com a condição da Petrobras de operadora única do pré-sal.

Questionado, ele não quis apontar quais políticos da oposição estariam por trás dessa campanha.

Gabrielli disse que estranhou a ausência de senadores da oposição durante seu depoimento. "Acho muito ruim que os proponentes da CPI estejam ausentes."

A CPI do Senado, originalmente proposta pela oposição, não contou com oposicionistas nesta terça-feira. Eles querem que as investigações ocorram em uma comissão mista (na Câmara e Senado), onde a base governista teria menos poder de atuação.

A CPI Mista ainda não foi instalada.

São Paulo - O primeiro trimestre ainda nem acabou, mas a Petrobras já acumulou problemas neste período que podem valer para o ano inteiro. Entre processo de investigação de propina, preço das ações despencando e produção de petróleo menor, a petroleira dá indícios que não vive um bom momento. Veja, a seguir, 10 enroscos em que a Petrobras já se meteu neste ano:
  • 2. Investigação sobre propina

    2 /11(Sérgio Moraes/Reuters)

  • Veja também

    Em fevereiro, ex-funcionários da holandesa SBM, que aluga navios-plataformas, fizeram denúncias que apontam que empregados da Petrobras receberam propina para fechar negócios. O processo indica que funcionários e intermediários da petroleira receberam cerca de 140 milhões de dólares. A Petrobras abriu uma auditoria interna para apurar as denúncias. Segundo Graça, os primeiros resultados da auditoria levaram 30 dias para sair. A Comissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados aprovou hoje requerimento para que a empresa esclareça tais irregularidades.



  • 3. Endividamento bilionário

    3 /11(REUTERS/Nacho Doce)

  • A captação de  8,5 bilhões de dólares anunciada pela Petrobras nesta semana deve impactar ainda mais o endividamento da estatal. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a dívida líquida da petroleira deverá passar de 100 bilhões de dólares até 2018. De acordo com o novo plano de negócios quinquenal da Petrobras (2014-2018), 60,5 bilhões de dólares serão levantados em dívida bruta nos próximos cinco anos.

  • 4. Queda da produção

    4 /11(Pedro Lobo/Bloomberg News)

    Em 2013, a produção de petróleo da Petrobras caiu 2,5% no Brasil. Neste ano, em janeiro, a produção também recuou.  No primeiro mês do ano, a produção total de petróleo e gás natural ficou 2,2% abaixo do total produzido em dezembro de 2013, quando atingiu 2,36 milhões de barris de óleo equivalente por dia. Segundo a empresa, a interrupção da produção em duas unidades instaladas na Bacia de Campos e a venda de participação no Parque das Conchas impactaram a produção do período.


  • 5. Multa bilionária

    5 /11(REUTERS/Sergio Moraes)

    Entre outubro de 2013 e janeiro deste ano, a Petrobras recebeu cinco autuações da Receita Federal que somam 8,7 bilhões de reais. As informações estão no prospecto preliminar publicado na Securities and Exchange Comission (SEC), regulador do mercado de capitais da América do Norte. A Petroleira informou que já apresentou recursos em todos os casos. O processo ainda está em fase de julgamento.

  • 6. Ações despencaram

    6 /11(Alexandre Battibugli/EXAME)

    No final do mês passado, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras caíram  para o menor nível desde 2005 após a divulgação de que a dívida líquida da empresa havia crescido 50% no último ano. Os papéis preferenciais da empresa tiveram a maior queda da bolsa de São Paulo no dia 26 de fevereiro. As ações fecharam o dia cotadas a 13,70 reais, seu menor valor desde 27 de dezembro de 2005.

  • 7. Valor de mercado menor

    7 /11(Dado Galdieri/Bloomberg)

    A Petrobras foi a empresa que mais encolheu em valor de mercado no mês de fevereiro deste ano.
    Segundo dados da consultoria Economática, a estatal perdeu 12 bilhões de reais no mês passado na bolsa brasileira, período no qual o Ibovespa recuou 1,14%. Boa parte da queda é atribuída aos maus resultados de 2013 apresentados pela empresa.

    No final de fevereiro, o valor de mercado da estatal era de 172,8 bilhões de reais.

  • 8. Preço do dólar divergente

    8 /11(Bruno Domingos/Reuters)

    Durante evento para divulgar seu plano de investimentos para os próximos cinco anos, a Petrobras afirmou que vai trabalhar com um dólar de 2,23 reais neste ano.

    A cotação média do mercado, no entanto, ultrapassa a cifra de 2,40 reais e a diferença está preocupando o mercado, que não consegue entender como a estatal chegou a esse valor.
  • 9. Preço do combustível

    9 /11(Divulgação/Petrobras)

    A interferência do governo nos negócios da Petrobras também tem preocupado investidores, principalmente quando o assunto é o polêmico  reajuste no preço do combustível.

    A fim de não aumentar a inflação, o governo tem segurado os preços e a estratégia tem impactado negativamente a petroleira. A estimativa do mercado é que a empresa tenha deixado de ganhar 1,1 bilhão por não repassar alta do petróleo.

  • 10. Independência do governo

    10 /11(Francois Lenoir/Reuters)

    No mês passado, Silvio Sinedino, funcionário da Petrobras há 26 anos e presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), ganhou o direito de ocupar uma cadeira no conselho de administração da estatal. Ao que tudo indica, Sinedino quer deixar claro que os funcionários da companhia não compactuam com a ideia de que as decisões da empresa teriam de estar totalmente alinhadas às decisões do Governo Federal. Hoje o conselho da Petrobrás é formado por dez membros, sete indicados pelo governo, um pelos acionistas minoritários de ações minoritárias, um pelos acionistas de ações preferenciais e um pelos empregados.





  • 11. Agora, veja 20 empresas que dominam o país

    11 /11(AGÊNCIA BRASIL)

  • Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasCaso PasadenaCombustíveisDilma RousseffEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasExecutivosIndústria do petróleoJosé Sérgio GabrielliPersonalidadesPetrobrasPetróleoPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

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