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Fux dá prazo para PF investigar R$ 800 mil da Odebrecht a Collor

O ex-presidente Fernando Collor de Mello era o ''roxinho" na lista da Odebrecht, em razão da célebre frase "eu tenho aquilo roxo", proferida nos anos 1990

Fernando Collor de Mello: senador por Alagoas. (José Cruz/Agência Senado)

Fernando Collor de Mello: senador por Alagoas. (José Cruz/Agência Senado)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de agosto de 2017 às 15h15.

São Paulo - O ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux esticou em mais 60 dias o prazo para a Polícia Federal concluir as investigações sobre suposto repasse de R$ 800 mil da Odebrecht Ambiental ao senador Fernando Collor (PTC/AL), em 2010. Neste caso, o parlamentar foi delatado por executivos da empresa de saneamento da maior construtora do país, que disseram pagar os valores ao senador em troca de apoio à privatização dos esgotos de Alagoas.

A decisão de Fux foi tomada no dia 14. "Na sequência, tendo em vista que o procurador-geral da República manifestou-se favoravelmente ao pedido de dilação do prazo para conclusão das diligências, encaminhem-se os autos à Policia Federal, pelo prazo de 60 dias", anotou Fux.

O ex-presidente Fernando Collor de Mello - ''roxinho" na lista da Odebrecht, em razão da célebre frase "eu tenho aquilo roxo", proferida nos anos 1990 - teria sido beneficiário de caixa dois da Odebrecht Ambiental em razão do lobby pela privatização do saneamento de Alagoas, segundo o ex-presidente da empresa de saneamento do Grupo. Os valores teriam sido operacionalizados entre os executivos e o primo do senador Euclydes Mello, de acordo com a delação da empreiteira.

Fux é o relator do caso desde o dia 10 de agosto, após a presidente do STF, Cármen Lúcia, decidir que os fatos narrados pelos colaboradores da construtora não estão relacionados com a operação Lava Jato, que apura desvios na Petrobrás e outras estatais.

Em 2009, a maior construtora do país tinha em seus planos pleitear a concessão à iniciativa privada do sistema de saneamento do estado de Alagoas, de acordo com o ex-presidente da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis.

"O investimento era chamado Sistema Adutor do Agreste, que tinha como objeto o abastecimento de água aos municípios de Arapiraca, Coité do Nóia, Igaci e Craíbas dos Nunes e a Mineração Vale Verde. Chegamos a participar de um processo público de Proposta de Manifestação de Interesse (PMI) e apresentamos estudo de viabilidade em setembro de 2009. Em duas ou três visitas à Maceió, percebi que havia no estado uma enorme oportunidade para investimentos privados no setor de saneamento, que tem os piores índices de cobertura do Brasil, chegando até a estudar a privatização da Companhia Estadual Casal", afirmou o executivo Fernando Reis.

A fim de viabilizar o projeto, os representantes da empreiteira disseram se reunir com o ex-presidente no aniversário dele, em seu apartamento pessoal.

No encontro, estavam os executivos Alexandre Barradas e Fernando Reis, Euclydes Mello e Fernando Collor.

Após ouvir a proposta de privatização da Companhia Alagoana de Saneamento, Collor disse que era favorável à iniciativa privada e chegou a afirmar que queria que a Odebrecht fizesse obras. Na mesma reunião, ficou definido o repasse, via caixa dois.

Segundo o ex-executivo da Oderbrecht Alexandre Barradas, Collor foi "propositivo".

"Quero que você faça as obras", teria dito. "E nós: senador, nós não fazemos obras. Nosso negócio é investimento, é gestão. Inclusive quem faz a obra não somos nós. Nós contratamos as obras. E ele: Quero, quero, quero. Preciso ganhar", relatou Barradas.

Com a palavra, Fernando Collor

O senador se pronunciou sobre a delação da Odebrecht no dia 12 de abril, quando seu teor foi revelado.

"Nego, de forma veemente, haver recebido da Odebrecht qualquer vantagem indevida não contabilizada na campanha eleitoral de 2010."

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