Brasil

Fundação ligada ao PT propõe mudanças na política econômica

Fundação Perseu Abramo lançou documento em que tece duras críticas e prega mudanças na política econômica do governo Dilma


	PT: documento de fundação associada ao partido resume os fatos que antecederam o ajuste fiscal e critica a composição das medidas adotadas
 (REUTERS/Pilar Olivares)

PT: documento de fundação associada ao partido resume os fatos que antecederam o ajuste fiscal e critica a composição das medidas adotadas (REUTERS/Pilar Olivares)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de setembro de 2015 às 19h55.

São Paulo - Com a presença de lideranças petistas, movimentos sociais, economistas e cientistas políticos, a Fundação Perseu Abramo, centro de estudos criado e mantido pelo PT, lançou na tarde desta segunda, 28, documento em que tece duras críticas e prega mudanças na política econômica do governo Dilma Rousseff.

Intitulado "Por um Brasil Justo e Democrático", a publicação é dividida em dois volumes, nos quais há críticas ao ajuste fiscal e propostas de mudanças "imediatas", como a redução de juros, estabelecimento de bandas na meta fiscal, mudanças no cálculo da inflação e regulação do mercado cambial.

Na apresentação do documento, os idealizadores afirmam que a elaboração se deu a partir de debates realizados em seis reuniões que contaram com a participação de mais de 100 especialistas de diversas áreas, como economistas, cientistas políticos, urbanistas, educadores e sanitaristas.

Esses analistas produziram artigos sobre diferentes temas, os quais "serviram de base" para a consolidação da publicação. A fundação pondera que, por ter o caráter colaborativo, os resultados são "preliminares e incompletos". "Trata-se, portanto, de um documento em construção", afirma.

O objetivo do documento, afirmam os idealizadores, é "suscitar debates, críticas e novas contribuições capazes de suprir lacunas e aperfeiçoar subsídios apresentados".

A publicação ressalta que todo esse debate deve ser mobilizado pela defesa da democracia.

"A iniciativa é um convite para o debate amplo, plural, suprapartidário com movimentos sociais, sindicatos, partidos políticos, organizações da sociedade civil e personalidades do campo progressista mobilizados pela defesa da democracia, da legalidade, dos direitos sociais e civis, pela mudança imediata dos rumos da política econômica", diz a publicação.

Reformas

O documento faz um resumo dos fatos que antecederam o ajuste fiscal e critica a composição das medidas adotadas.

Na agenda de reformas de curto prazo, o grupo defende o estabelecimento de bandas da meta fiscal e prazos mais amplos para seu cumprimento, bem com a retirada dos investimentos do cálculo da meta de superávit primário.

Pregam também alterar o calendário do regime de metas de inflação (RMI) e que a inflação passe a ser calculada pelo núcleo de preços.

Há ainda defesa de duplo mandato do Banco Central, com a incorporação da questão social e do emprego, além da estabilidade dos preços.

O documento também pede a redução da taxa de juros básica de juros (Selic) e a reforma tributária.

Como vetores para retomada do crescimento, os especialistas propõem o fortalecimento do mercado interno, investimentos em infraestrutura e a recuperação da capacidade de investimentos da Petrobras.

Na publicação, também há reflexões sobre o papel do BRICS e do Mercosul, a defesa da reforma política e a democratização dos meios de comunicação. No documento, os especialistas ainda saem em defesa do combate à corrupção "de forma isenta e institucional".

Lindberg Farias

O senador Lindberg Farias (PT-RJ), uma das lideranças petistas que participa do lançamento da publicação nesta tarde na capital paulista, afirmou que o documento tem o objetivo de aumentar a pressão sobre o governo Dilma Rousseff para mudança da política econômica atual.

Na avaliação dele, os "remédios amargos" receitados pela equipe econômica não funcionaram.

Para Lindbergh, não há saída para crise se o governo não tomar medidas "corajosas", como a redução da taxa básica de juros (Selic). "Se formos nessa direção, chegaremos ao desemprego de 10% no começo do próximo ano", disse.

O parlamentar afirmou que a presidente Dilma Rousseff não pode se render ao mercado financeiro. Isso porque, segundo ele, quem vai defender o mandato da petista não será o setor financeiro, mas a população e os movimentos sociais que têm sofrido com o ajuste fiscal.

"O que fragiliza o governo é a política econômica", afirmou. De acordo com Lindberg, a ideia é lançar o documento em outras cidades, como Brasília e Rio de Janeiro.

O lançamento conta com a presença também de presidentes do PT no Estado de São Paulo, Emídio de Souza, e municipal, Paulo Fiorilo, além do presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Antonio Donato.

Presentes também o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, o ex-presidente do PSB Roberto Amaral e o economista Luiz Gonzaga Belluzo, consultor econômico do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, e o ex-presidente Lula não compareceram ao evento.

Acompanhe tudo sobre:Ajuste fiscalCrise econômicaeconomia-brasileiraGoverno DilmaPartidos políticosPolíticaPolítica no BrasilPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Haddad: pacote de medidas de corte de gastos está pronto e será divulgado nesta semana

Dino determina que cemitérios cobrem valores anteriores à privatização

STF forma maioria para permitir símbolos religiosos em prédios públicos

Governadores do Sul e do Sudeste criticam PEC da Segurança Pública proposta por governo Lula