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Funcionário da Fifa participou da venda ilegal de ingressos

Polícia afirma que funcionário facilitaria a ação dos suspeitos detidos acusados de venderem ilegalmente ingressos da Copa

Ingressos para jogos da Copa: funcionário da Fifa estaria envolvido em venda ilegal (AFP/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 3 de julho de 2014 às 14h12.

Rio de Janeiro - A polícia do Rio de Janeiro já identificou a participação de um funcionário da Fifa que facilitaria a ação dos suspeitos detidos nesta semana acusados de venderem ilegalmente ingressos da Copa do Mundo , informou o delegado responsável pelo caso nesta quinta-feira.

O grupo pretendia faturar cerca de 200 milhões de reais no Mundial do Brasil, segundo a polícia. "Por enquanto, o que dá para dizer é que uma pessoa na Fifa... dava facilidades à quadrilha”, afirmou o delegado responsável pelo caso, Fábio Barucke, a jornalistas no Rio de Janeiro.

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A polícia já tem o primeiro nome do integrante da Fifa, que aparece em escutas telefônicas. Um relatório com o nome dele e trechos das conversas será entregue à entidade ainda nesta quinta para facilitar a identificação.

O “intermediário” da Fifa está no Brasil acompanhando a Copa do Mundo, segundo a polícia. “Ele é um estrangeiro que se prepara para deixar o país logo após o fim da Copa e está no Copacabana Palace onde está parte da Fifa", declarou Barucke, sem dar mais detalhes.

As investigações apontam que ele tinha acesso ao quartel-general da entidade em um hotel de luxo na zona sul do Rio de Janeiro, usava um cartão de estacionamento da Fifa para ter acesso a estádios e áreas reservadas. Teria ainda contatos dentro da entidade que lhe permitiam obter ingressos para serem negociados.

A porta-voz da Fifa, Delia Fischer, disse nesta quinta que a entidade vai se reunir com as autoridades e aguarda receber mais informações sobre as investigações antes de se posicionar.

"Há muitos rumores em torno disso. Teremos uma reunião com eles (autoridades). Precisamos receber as informações. E como vocês sabem, frequentemente é muito fácil chegar a uma conclusão sobre quem é a Fifa e qual entidade está lá. Muitas vezes as pessoas chegam à conclusão de que é a Fifa e talvez não seja da Fifa", disse ela.

"Vamos esperar pelas informações das autoridades e então chegar a uma conclusão. Veremos e agiremos de acordo... Não podemos comentar até termos mais informações." Os ingressos apreendidos com os suspeitos na operação policial --batizada de Jules Rimet em referência ao troféu da Copa até 1970-- eram de patrocinadores, organizações não-governamentais (ONGs) e seleções do Mundial, inclusive a brasileira.

O grupo tinha ainda, segundo a polícia, contato direto com a Match, agência de turismo oficial da Fifa. "Há indícios e citações comuns de  envolvimento de algum membro da Fifa. A Match está sendo investigada. E terá que esclarecer como repassava para o Fofana, os ingressos", disse Barucke, referindo-se ao franco-argelino Fofana Lamine, preso pela polícia na terça-feira.

Segundo a polícia, Fofana tinha acesso livre aos eventos da Fifa e negociava bilhetes para áreas nobres dos estádios da Copa, como camarotes. “Só com um grupo de franceses ele faturou 500 mil reais”, disse o delegado a jornalistas.

Segundo Barucke, a polícia tem cerca de 50 mil escutas telefônicas sobre a ação da suposta quadrilha e apenas metade desse material foi analisado pelos investigadores.

EX-JOGADORES Em algumas dessas gravações aparecem ex-jogadores da seleção brasileira conversando com Fofana ou com membros do grupo acusado de negociar os ingressos. Entre eles estão Carlos Alberto Torres e Jairzinho, que estiveram no tricampeonato de 1970, Dunga, campeão mundial em 1994 nos Estados Unidos, Junior Baiano e até o irmão de Ronaldinho Gaúcho, o empresário Roberto Assis.

"Se algum jogador cedeu ingresso para a quadrilha vai ser indiciado pelo mesmo crime. Tem ingressos da seleção brasileira e tentamos identificar mais duas seleções", afirmou o delegado.

Esses ex-atletas são considerados testemunhas do inquérito policial aberto para investigar o caso, e devem ser convocados para prestar depoimento em breve. A polícia do Rio de Janeiro quer pedir a prisão preventiva dos 11 detidos na operação de terça-feira e ainda pretende pedir a prisão de mais sete pessoas suspeitas de integrar o grupo.

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