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Funai não é "problema" para governo Bolsonaro, diz futura ministra

Futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves questionou "algumas" demarcações de terra indígenas

Damares Alves: futura ministra disse não esperar resistência da Funai à sua escolha (Youtube/Reprodução)

Damares Alves: futura ministra disse não esperar resistência da Funai à sua escolha (Youtube/Reprodução)

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Reuters

Publicado em 6 de dezembro de 2018 às 17h27.

Última atualização em 7 de dezembro de 2018 às 18h43.

Brasília - A futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou nesta quinta-feira, 6, que a Fundação Nacional do Índio (Funai), órgão que ficará sob o guarda-chuva da pasta que comandará, "não é problema" para o próximo governo, ao mesmo tempo em que declarou que questiona "algumas" demarcações de terra indígenas.

O destino da Funai, que atualmente está na estrutura do Ministério da Justiça, estava indefinido até esta quinta na equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).

"Gente, Funai não é problema, índio não é problema. Funai não é problema neste governo. O presidente só estava esperando o melhor lugar para colocar a Funai e nós entendemos que é o Ministério de Direitos Humanos porque índio é gente e o índio precisa ser visto de uma forma como um todo. Índio não é só terra, índio também é gente", disse ela, na primeira entrevista coletiva após ser anunciada para a nova pasta.

Educadora e advogada de formação e ainda pastora evangélica, Damares atualmente é assessora parlamentar do senador Magno Malta (PR-ES), que chegou a ser considerado como "vice dos sonhos" de Bolsonaro, mas foi preterido para integrar o primeiro escalão do presidente eleito.

A futura titular dos Direitos Humanos disse que Malta está "feliz" com a escolha. "O senador Magno Malta até este momento é meu chefe, sabe desse convite, está feliz e entende que fui convidada por causa do meu trabalho."

A nova ministra disse acreditar que não haverá "nenhuma" resistência por parte da Funai à sua escolha ao considerar que tem uma "história de luta" com os povos indígenas que a qualifica para cuidar da fundação. Citou que há cerca de 16 anos desenvolve trabalho com crianças indígenas, sendo que ela mesma tem uma filha adotiva indígena.

Questionada sobre a fala de Bolsonaro de que não fará nenhuma demarcação de terra indígena, Damares preferiu contemporizar. Disse que vai ter que "conversar muito" sobre o assunto e afirmou que acredita que o presidente eleito tinha informações "muito importantes" e "embasamento" para ter feito tal manifestação.

"Questiono eu particularmente algumas áreas indígenas, eu questiono, mas isso é um assunto que vamos falar muito e vamos discutir", emendou ela, ao completar que uma decisão sobre essa não será tão somente da pasta dos Direitos Humanos, mas envolverá outros ministérios.

A futura ministra comentou ainda sobre a Proposta de Emenda à Constituição que deixa para o Congresso a tarefa exclusiva da demarcação de terras indígenas, a PEC 215. Ela disse que a proposta está tendo oposição e que é preciso conversar muito com o Congresso sobre o assunto.

"A demarcação de área é um tema delicado, polêmico, mas nós não vamos falar nesse tema agora, não vamos resolver essa questão agora, porque esse novo governo vem com novas propostas e, dizendo, esses ministérios vão trabalhar interagindo", disse.

"Nós vamos ouvir o Ministério da Justiça sobre a demarcação, vamos ouvir o Ministério da Saúde, o da Cidadania, Desenvolvimento Social, a questão da demarcação é muito mais que terra. Nós precisamos entender que o mais precioso bem que está em área indígena é o índio. E o índio vai ser visto dessa forma. Índio não é só terra. Índio é gente, é ser humano", completou.

Paz

Sem dar detalhes, Damares admitiu na entrevista que a pauta LGBT é "muito complicada", mas disse ter uma relação "muito boa" com o movimento. "Eu tenho entendido que dá para a gente ter um governo de paz entre o movimento conservador, o movimento LGBT e os demais movimentos, e é a isso que a gente se propõe. Vamos sentar com todos os movimentos LGBT, com toda a sua representatividade", disse.

A nova ministra afirmou que atualmente alguns segmentos não foram alcançados pelas políticas de direitos humanos. Ela disse que a infância será prioridade e que o direito à vida é o primeiro a ser protegido, referindo-se às crianças e outros segmentos sociais.

Damares destacou que vai lutar pela equiparação salarial entre homens e mulheres e que, se depender dela, vai até para porta da empresa batalhar por essa igualdade.

"Nenhum homem vai ganhar mais do que uma mulher nesta nação", disse ela, num assunto que chegou a ser um calcanhar de aquiles para Bolsonaro durante a campanha.

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