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Freixo: “Rio não quer um prefeito intolerante como Crivella”

Candidato do PSOL critica PEC do teto de gastos e afirma ter programa perfeito para melhorar contas públicas do Rio de Janeiro

Marcelo Freixo em campanha (Divulgação/Facebook/Site Exame)

Marcelo Ribeiro

Publicado em 24 de outubro de 2016 às 11h30.

Última atualização em 24 de outubro de 2016 às 15h46.

Brasília – Evitando demonstrar euforia com as últimas pesquisas de intenção de voto, o candidato do PSOL à Prefeitura do Rio, Marcelo Freixo, afirma que deve diminuir ainda mais a diferença que o candidato Marcelo Crivella (PRB-RJ) tem sobre ele nos levantamentos da reta final.

No mais recente levantamento, do Ibope, a intenção de votos de Crivella caiu de 51% para 46%, enquanto Freixo avançou de 25% para 29%. Vale lembrar que, no primeiro turno, Freixo protagonizou uma virada aos 48 do segundo tempo. Na reta final do primeiro turno, Freixo, que aparecia embolado nas pesquisas com Pedro Paulo (PMDB-RJ), conseguiu superar o peemedebista, candidato apoiado pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB-RJ).

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A menos de uma semana do segundo turno, Freixo não poupou críticas ao seu adversário nas urnas, a quem classificou como “violento” e “intolerante”. Em entrevista a EXAME.com, o candidato do PSOL disse que “o Rio de Janeiro não quer e não precisa de um prefeito intolerante como seria Crivella, se for eleito”.

Leia os principais trechos da entrevista de Freixo por telefone a EXAME.com:

EXAME.com: De que maneira o senhor pretende dar fôlego para a economia do Rio de Janeiro?

Marcelo Freixo: A situação do município não é tão ruim quanto a do estado do Rio de Janeiro, mas estamos preparados. Minha campanha tem uma equipe econômica que tem estudado uma série de maneiras para superarmos a crise. Estamos fazendo um estudo de como estabelecer cortes orçamentários.

Além disso, vamos repensar o IPTU. Dizer que vamos revisar o valor não quer dizer que vamos aumentá-lo. É preciso lembrar que se arrecada muito mais com o ISS do que com o IPTU. No ano passado, a prefeitura do Rio arrecadou R$ 5,7 bilhões com ISS e R$ 2 bilhões com IPTU.

Ainda aperfeiçoaremos um plano para melhorar as contas públicas do Rio de Janeiro se ganharmos o segundo turno da corrida municipal.

Quais são os primeiros pontos desse plano?

Para fomentar o crescimento, é preciso oferecer microcrédito aos pequenos e médios empreendedores. São eles quem podem oferecer o caminho para a retomada da economia. Também acredito que seja necessário o corte de cargos comissionados, que são muitos.

Estamos fazendo um estudo tributário sobre o ISS e o IPTU, por exemplo. O setor de Tecnologia da Informação também pode nos trazer um retorno interessante. Estamos perdendo feio de São Paulo nesse segmento. Tenho certeza de que o Rio pode ser um polo de tecnologia e inovação.

Mas quais serão as prioridades se o senhor vencer a disputa pela prefeitura do Rio?

Como em qualquer cidade, há gargalos em saúde, educação e mobilidade no Rio. Precisamos consertar isso rapidamente. É preciso que a arrecadação da prefeitura aumente para que possamos dar os primeiros para recuperar a economia da cidade.

Como o senhor falou em cortes orçamentários, como enxerga a PEC do teto de gastos?

A PEC do teto de gastos é uma medida equivocada do governo do presidente Michel Temer. Nos últimos anos, houve queda nas despesas. Entendo que o corte de gastos possa ajudar, mas é necessário preservar os investimentos em saúde e educação. O que despencou nos últimos anos foi a receita. Por isso, mais importante do que cortar despesas, é preciso ampliar a capacidade de arrecadação. Essa deveria ser a preocupação do governo federal.

Nas últimas pesquisas, a diferença entre Marcelo Crivella e o senhor vem caindo bastante. A que o senhor atribui esse movimento?

Crivella vem caindo porque a população finalmente está conhecendo quem ele é. O Rio não quer e não precisa de um prefeito intolerante. Ele é violento e conservador demais.

Duas revelações nessa reta final também pesaram contra ele: a delação premiada de Renato Duque, que aponta Crivella como beneficiário de caixa 2 em sua campanha ao Senado em 2010, e a denúncia de que ele teria tentado expulsar uma família que estava morando em um terreno da igreja. Ele tem amplo direito de defesa, mas a situação é bem preocupante se pensarmos que ele pode ser eleito.

É preciso lembrar que nossa campanha tinha apenas 11 segundos no primeiro turno. Estamos crescendo agora porque estamos com mais tempo para apresentarmos nossas propostas. Ou seja, esse movimento das pesquisas reflete o conhecimento da população sobre os candidatos. Estão conhecendo nossas ideias e descobrindo coisas sobre o adversário.

O senhor disse que ele é violento e intolerante...

A campanha do Crivella tem um nível baixo, subterrâneo. Ele convoca nomes como o Pastor Silas Malafaia para me atacar sem fundamentos. Ele é um dos principais representantes da política ruim que vemos por aí. Tem como aliados Roberto Jefferson e Anthony Garotinho. Esse discurso de ódio, de medo, conservador tem que acabar. Eu o ataco com base política.

O senhor se preocupa com uma eventual interferência da Igreja Universal no governo do Rio caso ele vença?

Acho que qualquer projeto que mistura religião e política é assustador, preocupante. Crivella é membro da Universal, que é marcada pela violência e pela intolerância. Me preocupa muito que a Universal esteja por trás desse projeto de poder. É algo que ainda não conhecemos.

Por que Crivella chegou ao segundo turno e não morreu na praia como aconteceu com Celso Russomanno (PRB-SP) em São Paulo? Foi a ausência de alternativas melhores ou o perfil do eleitorado que é diferente?

O Crivella é muito mais competente que o Russomanno. Nos últimos anos, ele veio conseguindo barrar a rejeição, diminuiu a resistência ao seu nome. Após o primeiro turno, com o mesmo tempo na televisão, a rejeição voltou a crescer.

Além disso, no primeiro turno, as candidaturas não conseguiram trabalhar em cima do Crivella. Todos enfrentaram uma realidade de que tinham que brigar por uma segunda vaga, pois o Crivella já tinha garantido a primeira. Todos optaram por enfrentamentos entre si e deixaram ele de lado.

No primeiro turno, ele foi poupado. Agora, não está sendo. Isso tem feito ele despencar bastante.

Qual é a sua estratégia para essa última semana? Como alcançá-lo antes de domingo?

Ainda teremos um debate, um último encontro. Chego muito melhor que ele, porque estou em ascensão e ele vem caindo. Não tem muito o que inventar para essa última semana. Vamos focar na apresentação do nosso programa, que é muito mais amplo e inclusivo que o dele.

O senhor ainda sente uma resistência pelo fato de o ser do PSOL?

De forma alguma. Nosso programa tem sido elogiado até mesmo por quem tinha resistência com o PSOL anteriormente. Sinto muita abertura do empresariado. Temos demonstrado preocupação em estabelecer um diálogo com todos. Se eu vencer, vou fazer um governo democrático, buscando ouvir as pessoas. Os secretários não serão escolhidos com base política e, sim, com base técnica. Temos um projeto para a cidade, que inclui todos, inclusive o empresariado.

Nesse sentido, o senhor acredita que terá fácil diálogo com o PMDB, com o presidente Temer e com o governador Francisco Dornelles?

Se eu for eleito, vou defender os interesses do Rio de Janeiro com quem quer que esteja no poder, com qualquer partido ou nome que esteja lá. Vou defender a cidade. Essa foi a base da minha proposta e seguirei com ela se for eleito.

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