Coronavírus: com o lockdown, fica proibida a circulação de pessoas que não seja para comprar alimentos ou ir ao médico (Amanda Perobelli/Reuters)
Reuters
Publicado em 5 de maio de 2020 às 18h41.
Em meio ao colapso da saúde pública causado pelo coronavírus, o Ceará decidiu implantar um bloqueio total, o chamado lockdown, na capital Fortaleza a partir da próxima sexta-feira e estender o decreto de isolamento social por mais 15 dias no restante do Estado, em maio ao avanço da Covid-19.
A decisão foi anunciada nesta terça-feira pelo governador do Estado, Camilo Santana (PT), e pelo prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), em uma live nas redes sociais.
"Mesmo com aumento de 63% em todo Estado (no número de leitos), mesmo com todo esforço nosso, o sistema de saúde tem chegado ao limite. Portanto já há uma necessidade recomendada por todos os especialistas de implantarmos medidas mais rígidas", disse Camilo.
Fortaleza será a segunda capital brasileira e entrar em lockdown, quando são impostas as medidas mais restritivas de distanciamento. São Luís começou nesta terça-feira, depois de uma decisão judicial que o governador do Estado, Flavio Dino (PCdoB), decidiu não recorrer porque já estudava adotar as mesmas medidas, como disse em entrevista à Reuters.
O governador e o prefeito evitaram usar o termo lockdown, preferindo chamar as medidas de "isolamento social rígido", mas o decreto publicado nesta terça prevê regras semelhantes às adotadas no lockdown de São Luís.
Fica proibida a circulação de pessoas que não seja para comprar alimentos, produtos de limpeza e medicamentos; buscar atendimento médico ou veterinário; atendimento a idosos ou crianças, atividades consideradas essenciais.
Será imposta também a proibição de veículos particulares a não ser para uso nos casos autorizados, e haverá bloqueios nas entradas e saídas de Fortaleza. Além disso, em qualquer atividade externa será obrigatório o uso de máscaras.
O decreto valerá por 20 dias. Para o interior do Estado, o decreto de isolamento usado até agora será ampliado pelo mesmo período.
Com mais de 11 mil casos e mais de 700 mortes, o Ceará foi o segundo Estado a entrar em colapso dos sistema de saúde, com as UTIs chegando a 100% de ocupação por dias seguidos, depois do Amazonas.
"Toda as nossas forças de segurança irão fiscalizar essas restrições estabelecidas nesse novo decreto. Sei que são medidas duras, que trazem transtornos, mas único objetivo é permitir que vidas sejam salvas, permitir ampliar o sistema de saúde. Estamos implantando 100 novas UTIs precisamos desse tempo para garantir que a população seja atendida", disse Camilo.