Vacina produzida pela AstraZeneca, em parceria com a Fiocruz e Oxford. (Anthony Devlin/Getty Images)
Reuters
Publicado em 3 de abril de 2021 às 16h31.
Última atualização em 5 de abril de 2021 às 20h42.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vai abrir em abril mais um turno da linha de produção de vacinas contra Covid-19 na unidade de imunobiológicos de Biomanguinhos, elevando a capacidade diária de produção para 1,2 milhão de doses, afirmou o diretor da unidade, Maurício Zuma, em entrevista à Reuters.
Até o momento, Biomanguinhos vem atuando com duas linhas para a produção da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford com o laboratório AstraZeneca, mas só uma delas com dois turnos. A segunda linha ganhará um segundo turno neste mês.
“Com esse novo turno, após testes na máquina, certamente vamos passar a capacidade para algo como 1 milhão e 200 mil, fácil, ao final de abril”, disse Zuma à Reuters na quarta-feira.
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“Mais à frente vamos tentar também aumentar o tamanho do lote. Hoje, cada turno produz um lote médio de cerca de 300 mil doses... aos poucos pretendemos elevar o tamanho do lote para 320 mil. Mas isso tem que ser feito com segurança, qualidade e sem aventuras.”
A Fiocruz bateu na semana passada seu recorde diário de produção do imunizante ao alcançar 900 mil doses, segundo Zuma. A inclusão de mais um turno na segunda linha poderá agregar mais 300 mil doses.
A vacina da Fiocruz é responsável atualmente por apenas 20% do total de doses aplicadas no país, enquanto a chinesa CoronaVac, envasada pelo Instituto Butantan, representa os outros 80%.
A meta da Fiocruz é entregar até julho desse ano 100,4 milhões de doses de vacinas produzidas com Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) importados da China, e depois mais 110 milhões de doses até o final do ano com o insumo produzido pela própria fundação.
Uma possível demora na entrega dos insumos, mediante a enorme procura internacional, podem afetar a produção, de acordo com Zuma.
“Estamos com receio de suprimento de insumos, tem gente dizendo que está com problema para embarcar insumos e materiais usados em produção”, disse Zuma, acrescentando, porém, que "no curto prazo não há risco de faltar”.
O atraso na chegada dos insumos no começo do ano retardou o início da produção do imunizante na Fiocruz. Os envios depois foram normalizados, garantindo toda a produção prevista para abril.
O planejamento da Fiocruz aponta para maio o início da produção local do IFA. De acordo com Zuma, o processo de produção de um lote de IFA leva em média 45 dias e são necessários mais 25 dias para ser envasado e para passar pelo controle de qualidade.
Os primeiros lotes de vacina com IFA nacional só devem estar disponíveis em meados de outubro.
“As instalações estão em fase final de adequação e em abril a gente quer ter tudo pronto para haver certificação e inspeção da Anvisa, que dever vir aqui na última semana de abril para esse trabalho e nos conceder as condições técnico-operacionais, e em maio comece a produção dos lotes de pré-validação“, afirmou Zuma.
“Só com essa autorização da Anvisa a gente pode manipular um agente biológico dentro de um laboratório... a vacina já deve estar com primeiro lote pronto em julho , mas aí entra a questão regulatória, lotes de consistência e outras regras”, adicionou.
Com o calendário apertado para entregar 110 milhões de doses no segundo semestre com IFA próprio, a Fiocruz poderá ter que importar mais vacinas prontas e novos lotes de IFA, reconheceu o diretor de Biomanguinhos. “Nosso foco é garantir 110 milhões, e como vai ser estamos trabalhando", disse.
A Fiocruz já havia antecipado à Reuters em fevereiro que antevia percalços para produzir vacinas com o IFA próprio e que tinha aberto negociação com a AstraZeneca para importar mais doses ou insumos.
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