Secretário-geral da Fifa, Jérome Valcke: "há muita coisa a fazer e estamos trabalhando a toda velocidade", disse (Sergio Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 21 de fevereiro de 2014 às 16h11.
Florianópolis - A 111 dias da Copa do Mundo, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, alertou nesta sexta-feira que o Brasil ainda tem muito trabalho a fazer e que é preciso velocidade no ritmo dos preparativos de estruturas temporárias e mobilidade urbana para receber bem os visitantes.
"Há uma demanda muito forte por ingressos, demanda grande do exterior, e temos que atendê-los da melhor forma. Há muita coisa a fazer e estamos trabalhando a toda velocidade", disse Valcke a jornalistas em Florianópolis, onde foi realizada uma reunião da Fifa com o Comitê Organizador Local (COL).
Esta é mais uma advertência à preparação do Brasil para a Copa, marcada por atrasos nas obras de estádios, mobilidade urbana e aeroportos e estouro no orçamento.
O secretário-geral afirmou que esta semana foi importante para os preparativos por causa das visitas a Manaus, Brasília e Porto Alegre - esta última teve o estádio inaugurado na quinta-feira -- e também devido à confirmação de Curitiba no Mundial, apesar do atraso nas obras da Arena da Baixada.
"Nestas duas cidades (Porto Alegre e Curitiba) ainda há muito trabalho a ser feito. O estádio de Porto Alegre está mais ou menos pronto, a estrutura está pronta, mas tem muito trabalho pela frente, na parte de fora, para projetos de TI, centro de mídia", declarou ele, ressaltando que o estádio paranaense só vai ser entregue em meados de maio, a menos de um mês da Copa, que começa em 12 de junho.
A parte exterior do estádio a que ele se refere são as estruturas temporárias, alvos de discussão nas cidades-sede sobre quem será responsável pelo pagamento destas instalações.
Também nesta semana, Porto Alegre anunciou uma solução para o impasse criado depois que o Internacional, dono do estádio, disse que não pagaria por estas estruturas, cujos custos podem chegar a 40 milhões de reais por cidade.
A solução na capital gaúcha envolve duas medidas: um projeto de lei que possibilita a captação de recursos privados e a mobilização de estruturas permanentes que sirvam a políticas públicas da cidade e do Estado.
As instalações temporárias são consideradas fundamentais para o torneio, com estruturas para imprensa, tecnologia e segurança. O ex-atacante Ronaldo, integrante do COL, reforçou a necessidade de acordos sobre esta questão.
"Foi muito bom ter a presidenta Dilma conosco para a inauguração de mais um belíssimo estádio para a Copa do Mundo (em Porto Alegre), mas a gente não pode esquecer as estruturas complementares, que são parte importantíssima para a Copa. Por isso é muito importante a gente chegar o quanto antes a um acordo com as cidades-sedes para ter essas estruturas", afirmou.
"Grande Negócio"
Valcke destacou ainda que os seis estádios que não participaram da Copa das Confederações de 2013 precisam passar por eventos-teste para o Mundial - quatro deles ainda não foram entregues: São Paulo, Curitiba, Manaus e Cuiabá, enquanto Natal e Porto Alegre foram inaugurados neste ano.
Sobre as obras de mobilidade urbana, o secretário-geral da Fifa afirmou que sabia que nem todas ficariam prontas para o Mundial. "A Copa deu o pontapé inicial... as cidades serão diferentes antes e depois da Copa", declarou.
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, aproveitou para citar exemplos de sedes que terão obras que ficarão prontas depois do torneio, como Cuiabá, e sobre o legado de São Paulo, cujo estádio está sendo erguido na região mais pobre da cidade, a zona leste.
Alvo de protestos nos últimos meses, os gastos com a Copa foram defendidos por Ronaldo, para quem a competição é um bom negócio para o Brasil, citando o aumento do PIB no Rio Grande do Sul por causa do evento.
"A Copa do Mundo é um grande negócio para o país e temos que mostrar à pequena minoria que é contra que (o torneio) vai deixar legados para o nosso país", afirmou o ex-jogador, maior artilheiro de todos os Mundiais.