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Fifa cria ala VIP em favela no Rio para receber Blatter

A Fifa quer mostrar que está preocupada em lidar com a desigualdade no Brasil, mas a estrutura do evento repetiu a segregação entre pobres e ricos


	Joseph Blatter: ele se beneficiou de um camarote com todos os privilégios
 (AFP)

Joseph Blatter: ele se beneficiou de um camarote com todos os privilégios (AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de julho de 2014 às 11h38.

Rio - De um lado da arquibancada, a imagem de casas precárias de uma favela que acumula problemas, esgoto a céu aberto e um retrato de tantos dos problemas sociais o Brasil. De outro lado da arquibancada, uma ala VIP com ar-condicionado, sofá e garçom para cartolas e autoridades.

Durante a manhã desta segunda-feira, na comunidade de Caju, no Rio, a Fifa abriu seu principal evento social com um torneio na favela para mostrar que a entidade está preocupada em lidar com a desigualdade no Brasil.

Mas a estrutura montada apenas repetiu os milhares de muros entre a parcela mais rica da população e uma comunidade marginalizada. Comunidades de baixa renda foram trazidas pela Fifa ao Rio para o torneio. "O festival é para construir um futuro melhor", declarou a apresentadora do evento.

Para assistir ao jogo entre seleções de locais carentes, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, Ronaldo, o secretário-executivo do Ministério do Esporte, Luis Fernandes, e outros cartolas puderam se beneficiar de um camarote com todos os privilégios.

Caju tem uma população de 35 mil pessoas e os problemas se mostram em todas as ruas. Mas, no campinho criado pela Fifa, o que chama a atenção é um telão gigante, ao lado dos nomes dos patrocinadores. Um gramado foi construído sobre o gramado original que já estava no local.

Fora do campo, apenas os patrocinadores da Copa mantinham sua publicidade dentro das instalações. Não faltou nem mesmo um stand da Hyundai e até de seguradoras privadas, sempre dentro da favela.

Apesar da presença das autoridades, a arquibancada estava parcialmente vazia no evento. A quantidade de jornalistas era quase equivalente à de moradores locais.

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