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FHC foi alertado de escândalo da Petrobras em 1996

A informação foi revelada pelo próprio FHC no livro "Diários da Presidência - volume 1". Veja trechos

Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: ele foi alertado de corrupção na estatal em 1996 (Divulgação)

Talita Abrantes

Publicado em 21 de outubro de 2015 às 12h30.

São Paulo - Dezoito anos antes do início das investigações da Operação Lava Jato , o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) chegou a ser alertado de que a Petrobras era palco de um escândalo de corrupção.

A informação é revelada pelo próprio ex-presidente da República no livro “Diários da Presidência - volume 1", que será lançado no próximo dia 29.

Segundo o relato, narrado pelo jornal O Globo, a informação foi repassada a FHC por Benjamin Steinbruch, dono da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), no dia 16 de outubro de 1996 – portanto, 18 anos antes da deflagração da primeira fase da Lava Jato, que descobriu o esquema de corrupção na estatal.

“Eu queria ouvi-lo sobre a Petrobras . Ele me disse que a Petrobras é um escândalo”, afirma o ex-presidente no livro, feito com base em gravações feitas pelo tucano à época.

No texto, FHC sugere que o Orlando Galvão Filho, que foi presidente da BR Distribuidora e diretor-financeiro da Petrobras, era quem “manobrava” o esquema.

"Acho que é preciso intervir na Petrobras. O problema é que eu não quero mexer antes da aprovação da lei de regulamentação do petróleo pelo Congresso, e também tenho que ter pessoas competentes para botar lá", afirmou.

Em depoimento à Polícia Federal, o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco - um dos principais delatores do esquema -  afirmou que começou a receber propina em 1997 ou 1998 quando ocupava o cargo de gerente de tecnologia de instalações na diretoria de Exploração e Produção na Petrobras.

Segundo ele, o pagamento se tornou sistemático entre 2000 e 2003. Durante este período, a propina era paga mensalmente e os valores variavam de US$ 25 mil a US$ 50 mil por mês. No total, ele calcula ter recebido cerca de 22 milhões de dólares em pagamentos de propina da empresa holandesa SBM.

Sem papas na língua

Em outro trecho do livro, FHC relata que recusou um pedido para que o hoje presidente da Câmara, Eduardo Cunha,  fosse nomeado diretor comercial da Petrobras, de acordo com excerto publicado pela Revista Piauí.

"Imagina!" E alegou: "O Eduardo Cunha foi presidente da Telerj, nós o tiramos de lá no tempo de Itamar (Franco, ex-presidente da República) porque ele tinha trapalhadas, ele veio da época do Collor. Eu fiz sentir que conhecia a pessoa e que sabia que havia resistência, que eles estavam atribuindo ao Eduardo Jorge; eu disse que não era ele e que há, sim, problemas com esse nome. Enfim, não cedemos à nomeação."

O presidente da Câmara nega a versão.

O ex-presidente também conta que o hoje vice-presidente da República, Michel Temer, pediu ajuda para nomear o afilhado, segundo informações do jornal Folha de S. Paulo. O pedido teria sido feito depois que o peemedebista, então deputado federal, apoiou uma reforma administrativa protagonizada pelo governo. Veja:

"O Luís Carlos Santos me disse no caminho do Planalto para o Alvorada que o Temer precisa de um acerto pessoal, quer indicar alguém para a Portus (...) É sempre assim. Temer é dos mais discretos, mas eles não escapam. Todos têm, naturalmente, seus interesses."

São Paulo – Em depoimento para os deputados da CPI da Petrobras nesta terça-feira, o ex-gerente de engenharia da estatal Pedro Barusco reafirmou que recebeu propina em 1997. No entanto, segundo ele, a experiência foi isolada.  Barusco afirmou que começou a vivenciar o esquema de propina de maneira institucionalizada a partir de 2004, quando já trabalhava na diretoria de Serviços da estatal.  Considerado um dos principais operadores do esquema, Barusco era o braço direito de Renato Duque na diretoria de Serviços.No final do ano passado, ele concordou em devolver cerca de 97 milhões de dólares em troca de um acordo de delação premiada.  Segundo cálculos do ex-gerente, o PT pode ter recebido até 200 milhões de dólares com o esquema durante dez anos - o que seria equivalente hoje a mais de meio bilhão de reais. “Por eu ter recebido a quantia que está divulgada, como cabia ao PT na divisão da propina receber o dobro, eu estimo que ele recebeu entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões”, afirmou. Engenheiro naval de formação e com mestrado em engenharia oceânica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Barusco ingressou na estatal em 1979 no Cenpes. Em 2003, assumiu o posto de gerente executivo de engenharia da diretoria de Serviços, onde se tornou braço direito de Renato Duque, que comandava a área na estatal. Barusco afirmou que, ao se aposentar da Petrobras em 2011, recebia um salário de 1,2 milhão de reais por ano.  O depoimento, que começou no final da manhã, teve seis horas de duração. Veja o que Barusco já revelou até agora nas próximas fotos. * Atualizado às 16h44
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