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FGV prevê inflação de 5,5% para o IPC-S em 2011

Alto preço da carne bovina e aumenta de renda dos trabalhadores devem impedir queda acentuada da inflação

A alta de 32,27% no preço da carne bovina elevou a inflação em 2010 (Germano Luders/EXAME)
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Da Redação

Publicado em 3 de janeiro de 2011 às 14h10.

A inflação acumulada em 2011, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), deverá ser menos intensa que a de 2010, mas ainda tende a permanecer em um nível elevado. A previsão é do coordenador do indicador, Paulo Picchetti, que informou que aguarda uma taxa de 5,5% para o índice da Fundação Getúlio Vargas (FGV) ante o resultado acumulado de 6,24% de 2010 divulgado hoje.

De acordo com Picchetti, depois de a inflação de 2010 ter sido pressionada por uma série de fatores, em especial pelo grupo Alimentação, com uma alta acumulada de 9,85%, o IPC-S de 2011 não traz, por enquanto, um cenário que possa ser considerado tranquilo para os preços ao consumidor.

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Segundo ele, isso ocorre porque alimentos de peso importante no índice, como a carne bovina, não dão sinais de que voltarão a um nível mais baixo no curto prazo. Além disso, a economia continua aquecida e trazendo reflexos na renda do trabalhador, o que influencia os preços do grupo Serviços, e os preços administrados também devem, mais uma vez, dar uma contribuição importante para a inflação.

Em 2010, com uma alta acumulada de 32,27%, a carne bovina foi a grande vilã do IPC-S. De acordo com Picchetti, o produto, que foi e é fortemente influenciado pelos preços do mercado internacional, pode até parar de subir em 2011, mas dificilmente mostrará uma queda capaz de ajudar os índices de inflação. O coordenador lembrou que o grupo Serviços fechou 2010 com uma expressiva alta de 13,92% e que os preços administrados tiveram como principal fator de pressão o forte reajuste de 17,4% promovido pela Prefeitura de São Paulo nas passagens de ônibus da capital paulista, ainda em janeiro de 2010. Para 2011, a fatia de Serviços continua a refletir os efeitos da melhora da renda no País, e a Prefeitura definiu um novo ajuste, de 11,1%, para as passagens de ônibus, o que trará impacto importante para a composição do indicador da FGV logo no início do ano.

Picchetti citou também que o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) registrou variação importante em 2010, de 11,32%, e que esta taxa poderá ser usada nos reajustes de diversos contratos. Um dos maiores exemplos é o aluguel residencial, que tradicionalmente emprega o IGP-M como indexador. "Para 2011, já no curto prazo, há uma série de aumentos contratados que independem de qualquer providência de política econômica que possa ser tomada nos próximos dias", disse, lembrando que, para janeiro, também são esperados reajustes importantes nos valores da mensalidades escolares.

Pressão

"No outro lado, temos uma pressão generalizada. Com esse aquecimento da economia e toda a recuperação que tivemos em 2010 quando olhamos para todos os indicadores (de inflação), eles mostram um aumento claro (de preços)", acrescentou. Picchetti crê que, com todo este cenário de inflação ainda pressionada, o Banco Central (BC) não vai demorar a endurecer a política monetária para controlar a alta dos preços.

Para o coordenador do IPC-S, logo na primeira reunião de 2011 do Comitê de Política Monetária (Copom), agendada para os dias 18 e 19, a taxa básica de juros será elevada, em sintonia com as expectativas dos economistas do mercado financeiro que, na mais recente pesquisa Focus do BC, previram alta de 0,50 ponto na Selic, para 11,25% ao ano. Atualmente, a taxa básica de juros está em 10,75% ao ano.

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