Haddad fala de Maluf: "Um prefeito não pode rejeitar apoio"
Em entrevista exclusiva, o candidato do PT justifica o apoio de Paulo Maluf: "Um prefeito não pode rejeitar apoio. Precisa disso para governar"
Da Redação
Publicado em 25 de julho de 2012 às 14h30.
Em 18 de junho, o aperto de mão de Luiz Inácio Lula da Silva e Paulo Maluf em torno do "novo homem" Fernando Haddad fez mais do que provocar a imediata saída de Luiza Erundina da chapa encabeçada pelo ex-ministro da Educação. A partir daquele dia, o nome de Maluf, deputado federal pelo PP – e até então inimigo histórico do PT – tornou-se palavra proibida no vocabulário do candidato petista à prefeitura de São Paulo.
Embora tenha garantido 1min30s a mais no tempo de televisão de Haddad no horário eleitoral gratuito – 90 segundos que Maluf prometeu cobrar –, o controvertido aliado tem sido excluído das caminhadas pela cidade, dos discursos e do palanque. Numa conversa de uma hora com o site de Veja, Haddad não fez nenhuma referência ao nome do pepista. Apenas justificou a aliança afirmando que um “prefeito não pode rejeitar apoio. Precisa de apoio para governar”.
Embora defenda um arco de alianças “tão amplo quanto o do plano federal”, Haddad, que estreia nas urnas aos 49 anos, relaciona o pleito a uma “troca de guarda, uma renovação”. “A classe política tem que se renovar de tempos em tempos porque, muitas vezes, os olhares estão viciados e não conseguem enxergar as soluções que estão à mão”, diz. Confira a seguir os principais trechos da entrevista.
- Assim como a maioria dos candidatos à prefeitura de São Paulo, o senhor disputa pela primeira vez um cargo executivo contra José Serra, que participa da quinta eleição. Que influência isso terá no pleito?
Fernando Haddad: São Paulo está vivendo um tempo novo. Um tempo de troca de guarda, de renovação política, com uma geração nova pleiteando cargos no Executivo, o que é muito importante para a política brasileira. A classe política tem que se renovar periodicamente. O ambiente institucional precisa de novas ideias, formas novas de ver velhos problemas. Com frequência os olhares estão viciados e não conseguem enxergar as soluções que estão à mão. Considero essa renovação que estamos vivendo um momento extremamente rico da história de São Paulo. Penso que isso aumenta a esperança da juventude e aproxima a classe política da população, o que é muito importante para a consolidação da democracia.
- Como o senhor pretende mostrar ao eleitor que um estreante em eleições pode administrar São Paulo?
Haddad: O Ministério da Educação tem uma característica que pouca gente conhece: seu orçamento é o dobro do orçamento da cidade de São Paulo. Durante seis anos e meio, gerenciei um dos maiores orçamentos da República. Quando assumi o ministério, ele era muito menor. Nós ampliamos como nunca o acesso à educação superior, o acesso à educação infantil, o acesso à educação profissional. Todos os indicadores foram superados, tanto em quantidade quanto em qualidade. Quando a população perceber a transformação vivida pela educação nos últimos anos, ficará claro que estou preparado para gerenciar os problemas complexos da cidade.
- O senhor teme que os problemas com o Enem e as controvérsias com o kit gay e com os livros didáticos prejudiquem a campanha?
Haddad: Considero superados esses episódios. Quando houve falha, os responsáveis foram identificados e punidos. É isso o que se espera de um gestor público. No caso dos dois crimes contra o Enem – em 2009 e 2011 –, a Polícia Federal e o Ministério Público promoveram ações exemplares. Um dos responsáveis está, aliás, condenado a mais de cinco anos de cadeia. É assim que se deve agir numa sociedade moderna.
- O salário dos professores está entre os 10 piores do funcionalismo federal. Por que o senhor não mudou isso nos quase sete anos em que ocupou o Ministério da Educação?
Haddad: Aconteceu o contrário. Mudei sensivelmente essa realidade, porque fiz com que fosse aprovada uma emenda constitucional que criou o piso nacional do magistério, uma reivindicação histórica da categoria. O piso inicialmente proposto, de 850 reais, hoje está em 1.561 reais e continua avançando ano a ano. Houve uma evolução significativa e continuará havendo porque o Plano Nacional de Educação pretende equiparar o salário médio do professor com o dos demais profissionais de nível superior. Com relação à formação, graças à minha gestão, todos os jovens que querem ser professores vão estudar gratuitamente.
- Mas o salário continua baixo.
Haddad: É só continuar a política atual de, a cada ano, dar um reajuste para o piso que tem um rebatimento em toda a carreira. O plano de voo está pronto, basta segui-lo. Não se consegue do dia para a noite cobrir uma diferença histórica, mas vamos equilibrar o jogo em poucos anos.
- O senhor terá como adversários Gabriel Chalita (PMDB) e Alexandre Schneider, vice de José Serra, ambos candidatos com trajetórias ligadas à educação. O senhor está mais preparado que eles?
Haddad: Sempre tive muito respeito por todos os secretários estaduais e municipais. Convivi com 5.563 secretários municipais, como o Schneider, e 27 secretários estaduais, como o Chalita. Como ministro, tratei todos de maneira respeitosa, sem beneficiar ou prejudicar quem quer que seja. Eles são testemunhas de que, na minha gestão à frente do ministério, 100% das demandas foram atendidas (esta versão, na verdade, é contestada por Schneider).
- O PT esteve a um passo de ter o prefeito Gilberto Kassab como aliado. Por que o senhor agora critica a atual administração? O que mudou?
Haddad: Nunca estivemos prestes a fechar um acordo. O que houve foi um gesto da parte do Gilberto Kassab na direção do ex-presidente Lula reconhecendo que, naquela altura, eu era o melhor candidato para a prefeitura de São Paulo. Ele não procurou diretamente os líderes do meu partido. Sempre deixei claro que, independentemente do arco de alianças, meu discurso seria pela mudança. Não considero adequada a forma como o prefeito administra a cidade.
- O Kassab que o senhor critica hoje é o mesmo que foi à festa de 32 anos do PT em Brasília?
Haddad: Minhas críticas são as mesmas desde o ano passado. Em nenhum momento deixei de criticar a atual administração e de, eventualmente, reconhecer avanços que pretendo manter, como a urbanização de algumas favelas. Minhas principais críticas são em relação à saúde, à educação e ao transporte público.
- Caso seja eleito, o senhor acredita que haverá mais investimentos do governo federal em São Paulo?
Haddad: É claro que sim. Se for prefeito, os investimentos virão porque eu jamais vou negar as parcerias que a União quer fazer com o município, por exemplo, com as creches, as universidades federais e as escolas técnicas, para citar exemplos da minha área no Ministério da Educação. Se o prefeito recusa um recurso federal, ele não está agredindo a União, está agredindo um direito do paulistano.
- Como ficará a parceria com o governo estadual, comandado pelo tucano Geraldo Alckmin?
Haddad: Não vou abrir mão do que é da cidade de São Paulo só por uma questão de divergência partidária. O que é de São Paulo virá para a cidade, independentemente do partido do governador, do presidente da República. O interesse do paulistano estará sempre acima dos interesses partidários e pessoais na minha gestão.
- No ato em que foi oficializada sua candidatura, o senhor falou sobre o combate ao conservadorismo na cidade de São Paulo. Como a sua campanha vai lidar com o apoio de Paulo Maluf?
Haddad: O PP está na base do governo Lula desde 2004. O fato de eles terem decidido nos apoiar significa um fortalecimento do projeto nacional que está em curso agora na cidade de São Paulo. Eu disse e repeti que procuraria todos os partidos da base de sustentação do governo Dilma para reproduzir o sucesso do governo federal na administração pública municipal. Uma base de sustentação ampla é necessária para que se possa administrar uma cidade tão complexa quanto São Paulo. O prefeito não pode rejeitar apoio. O prefeito precisa de apoio para governar. Desde que exista coerência com o projeto nacional, não vejo nenhuma dificuldade para que esses partidos estejam conosco.
- O senhor vai incluir propostas de outros partidos, incluindo o PP de Paulo Maluf, no programa de governo?
Haddad: Conversei com líderes de todas as regiões da cidade e de todos os matizes ideológicos. As propostas que tiverem afinidade com as nossas poderão ser incorporadas, inclusive as vindas de outros municípios, administrados por outros partidos. Não tenho preconceitos. Todos serão ouvidos, mas quem determina o caminho sou eu. O prefeito tem que se posicionar a respeito de todas as áreas.
- Qual será a participação de Maluf no horário eleitoral gratuito e na campanha?
Haddad: Temos um leque de alianças inspirado no governo federal. São partidos que compõem a base de sustentação do governo desde 2004. A participação de cada um será definida ao longo da campanha.
- O senhor se emocionou bastante no ato que oficializou a candidatura da deputada Luiza Erundina como vice na sua chapa. O que o senhor sentiu com a desistência da ex-prefeita?
Haddad: Tenho o maior respeito pela Luiza Erundina, que declarou seu voto em mim publicamente e já manifestou apreço pelo meu programa de governo. Temos a Luiza não como uma companheira de outro partido, mas como se nunca tivesse saído do PT, embora esteja no PSB há muitos anos. Há uma relação de fraternidade. Fico feliz por ela ter se disposto a caminhar conosco nessa campanha.
- A senadora Marta Suplicy deixou claro que não participará da sua campanha. Quais as consequências dessa ausência?
Haddad: Tenho muito respeito pela Marta. Vou respeitar sempre suas decisões. Participei da sua administração. Suei muito a camisa para que ela terminasse com os altos índices de aprovação que terminou. Só deixei a administração dela porque fui convidado para ir para o governo federal. A minha experiência na administração Marta é uma coisa que me orgulha muito.
- Gabriel Chalita afirmou que os partidos fazem acordos pensando exclusivamente no tempo de TV, sem levar em conta posições ideológicas.
Haddad: Esse argumento também valeria para o PMDB, que procurou as mesmas alianças. Isso não diminui em nada o PMDB. Mas o fato de não ter conseguido atrair esses aliados não torna a chapa mais virtuosa.
- Se o senhor tivesse que escolher um único projeto para realizar na cidade, por qual optaria?
Haddad: Um único é impossível citar, porque a cidade tem muitas demandas. Mas a saúde e o transporte são especialmente preocupantes. Entre os temas mais comentados em São Paulo estão a demora em ser atendido pelo sistema de saúde e de se deslocar pela cidade. Esses problemas dialogam com um elemento central: o tempo. O paulistano quer menos filas no SUS, menos espera para exames, para consultas e cirurgias. E menos tempo gasto com deslocamentos. Um transporte mais ágil, de melhor qualidade, que permita gastar energia com coisas importantes, como cultura, esporte e educação. Aumentar o tempo disponível para isso será um marco da nossa gestão.
Em 18 de junho, o aperto de mão de Luiz Inácio Lula da Silva e Paulo Maluf em torno do "novo homem" Fernando Haddad fez mais do que provocar a imediata saída de Luiza Erundina da chapa encabeçada pelo ex-ministro da Educação. A partir daquele dia, o nome de Maluf, deputado federal pelo PP – e até então inimigo histórico do PT – tornou-se palavra proibida no vocabulário do candidato petista à prefeitura de São Paulo.
Embora tenha garantido 1min30s a mais no tempo de televisão de Haddad no horário eleitoral gratuito – 90 segundos que Maluf prometeu cobrar –, o controvertido aliado tem sido excluído das caminhadas pela cidade, dos discursos e do palanque. Numa conversa de uma hora com o site de Veja, Haddad não fez nenhuma referência ao nome do pepista. Apenas justificou a aliança afirmando que um “prefeito não pode rejeitar apoio. Precisa de apoio para governar”.
Embora defenda um arco de alianças “tão amplo quanto o do plano federal”, Haddad, que estreia nas urnas aos 49 anos, relaciona o pleito a uma “troca de guarda, uma renovação”. “A classe política tem que se renovar de tempos em tempos porque, muitas vezes, os olhares estão viciados e não conseguem enxergar as soluções que estão à mão”, diz. Confira a seguir os principais trechos da entrevista.
- Assim como a maioria dos candidatos à prefeitura de São Paulo, o senhor disputa pela primeira vez um cargo executivo contra José Serra, que participa da quinta eleição. Que influência isso terá no pleito?
Fernando Haddad: São Paulo está vivendo um tempo novo. Um tempo de troca de guarda, de renovação política, com uma geração nova pleiteando cargos no Executivo, o que é muito importante para a política brasileira. A classe política tem que se renovar periodicamente. O ambiente institucional precisa de novas ideias, formas novas de ver velhos problemas. Com frequência os olhares estão viciados e não conseguem enxergar as soluções que estão à mão. Considero essa renovação que estamos vivendo um momento extremamente rico da história de São Paulo. Penso que isso aumenta a esperança da juventude e aproxima a classe política da população, o que é muito importante para a consolidação da democracia.
- Como o senhor pretende mostrar ao eleitor que um estreante em eleições pode administrar São Paulo?
Haddad: O Ministério da Educação tem uma característica que pouca gente conhece: seu orçamento é o dobro do orçamento da cidade de São Paulo. Durante seis anos e meio, gerenciei um dos maiores orçamentos da República. Quando assumi o ministério, ele era muito menor. Nós ampliamos como nunca o acesso à educação superior, o acesso à educação infantil, o acesso à educação profissional. Todos os indicadores foram superados, tanto em quantidade quanto em qualidade. Quando a população perceber a transformação vivida pela educação nos últimos anos, ficará claro que estou preparado para gerenciar os problemas complexos da cidade.
- O senhor teme que os problemas com o Enem e as controvérsias com o kit gay e com os livros didáticos prejudiquem a campanha?
Haddad: Considero superados esses episódios. Quando houve falha, os responsáveis foram identificados e punidos. É isso o que se espera de um gestor público. No caso dos dois crimes contra o Enem – em 2009 e 2011 –, a Polícia Federal e o Ministério Público promoveram ações exemplares. Um dos responsáveis está, aliás, condenado a mais de cinco anos de cadeia. É assim que se deve agir numa sociedade moderna.
- O salário dos professores está entre os 10 piores do funcionalismo federal. Por que o senhor não mudou isso nos quase sete anos em que ocupou o Ministério da Educação?
Haddad: Aconteceu o contrário. Mudei sensivelmente essa realidade, porque fiz com que fosse aprovada uma emenda constitucional que criou o piso nacional do magistério, uma reivindicação histórica da categoria. O piso inicialmente proposto, de 850 reais, hoje está em 1.561 reais e continua avançando ano a ano. Houve uma evolução significativa e continuará havendo porque o Plano Nacional de Educação pretende equiparar o salário médio do professor com o dos demais profissionais de nível superior. Com relação à formação, graças à minha gestão, todos os jovens que querem ser professores vão estudar gratuitamente.
- Mas o salário continua baixo.
Haddad: É só continuar a política atual de, a cada ano, dar um reajuste para o piso que tem um rebatimento em toda a carreira. O plano de voo está pronto, basta segui-lo. Não se consegue do dia para a noite cobrir uma diferença histórica, mas vamos equilibrar o jogo em poucos anos.
- O senhor terá como adversários Gabriel Chalita (PMDB) e Alexandre Schneider, vice de José Serra, ambos candidatos com trajetórias ligadas à educação. O senhor está mais preparado que eles?
Haddad: Sempre tive muito respeito por todos os secretários estaduais e municipais. Convivi com 5.563 secretários municipais, como o Schneider, e 27 secretários estaduais, como o Chalita. Como ministro, tratei todos de maneira respeitosa, sem beneficiar ou prejudicar quem quer que seja. Eles são testemunhas de que, na minha gestão à frente do ministério, 100% das demandas foram atendidas (esta versão, na verdade, é contestada por Schneider).
- O PT esteve a um passo de ter o prefeito Gilberto Kassab como aliado. Por que o senhor agora critica a atual administração? O que mudou?
Haddad: Nunca estivemos prestes a fechar um acordo. O que houve foi um gesto da parte do Gilberto Kassab na direção do ex-presidente Lula reconhecendo que, naquela altura, eu era o melhor candidato para a prefeitura de São Paulo. Ele não procurou diretamente os líderes do meu partido. Sempre deixei claro que, independentemente do arco de alianças, meu discurso seria pela mudança. Não considero adequada a forma como o prefeito administra a cidade.
- O Kassab que o senhor critica hoje é o mesmo que foi à festa de 32 anos do PT em Brasília?
Haddad: Minhas críticas são as mesmas desde o ano passado. Em nenhum momento deixei de criticar a atual administração e de, eventualmente, reconhecer avanços que pretendo manter, como a urbanização de algumas favelas. Minhas principais críticas são em relação à saúde, à educação e ao transporte público.
- Caso seja eleito, o senhor acredita que haverá mais investimentos do governo federal em São Paulo?
Haddad: É claro que sim. Se for prefeito, os investimentos virão porque eu jamais vou negar as parcerias que a União quer fazer com o município, por exemplo, com as creches, as universidades federais e as escolas técnicas, para citar exemplos da minha área no Ministério da Educação. Se o prefeito recusa um recurso federal, ele não está agredindo a União, está agredindo um direito do paulistano.
- Como ficará a parceria com o governo estadual, comandado pelo tucano Geraldo Alckmin?
Haddad: Não vou abrir mão do que é da cidade de São Paulo só por uma questão de divergência partidária. O que é de São Paulo virá para a cidade, independentemente do partido do governador, do presidente da República. O interesse do paulistano estará sempre acima dos interesses partidários e pessoais na minha gestão.
- No ato em que foi oficializada sua candidatura, o senhor falou sobre o combate ao conservadorismo na cidade de São Paulo. Como a sua campanha vai lidar com o apoio de Paulo Maluf?
Haddad: O PP está na base do governo Lula desde 2004. O fato de eles terem decidido nos apoiar significa um fortalecimento do projeto nacional que está em curso agora na cidade de São Paulo. Eu disse e repeti que procuraria todos os partidos da base de sustentação do governo Dilma para reproduzir o sucesso do governo federal na administração pública municipal. Uma base de sustentação ampla é necessária para que se possa administrar uma cidade tão complexa quanto São Paulo. O prefeito não pode rejeitar apoio. O prefeito precisa de apoio para governar. Desde que exista coerência com o projeto nacional, não vejo nenhuma dificuldade para que esses partidos estejam conosco.
- O senhor vai incluir propostas de outros partidos, incluindo o PP de Paulo Maluf, no programa de governo?
Haddad: Conversei com líderes de todas as regiões da cidade e de todos os matizes ideológicos. As propostas que tiverem afinidade com as nossas poderão ser incorporadas, inclusive as vindas de outros municípios, administrados por outros partidos. Não tenho preconceitos. Todos serão ouvidos, mas quem determina o caminho sou eu. O prefeito tem que se posicionar a respeito de todas as áreas.
- Qual será a participação de Maluf no horário eleitoral gratuito e na campanha?
Haddad: Temos um leque de alianças inspirado no governo federal. São partidos que compõem a base de sustentação do governo desde 2004. A participação de cada um será definida ao longo da campanha.
- O senhor se emocionou bastante no ato que oficializou a candidatura da deputada Luiza Erundina como vice na sua chapa. O que o senhor sentiu com a desistência da ex-prefeita?
Haddad: Tenho o maior respeito pela Luiza Erundina, que declarou seu voto em mim publicamente e já manifestou apreço pelo meu programa de governo. Temos a Luiza não como uma companheira de outro partido, mas como se nunca tivesse saído do PT, embora esteja no PSB há muitos anos. Há uma relação de fraternidade. Fico feliz por ela ter se disposto a caminhar conosco nessa campanha.
- A senadora Marta Suplicy deixou claro que não participará da sua campanha. Quais as consequências dessa ausência?
Haddad: Tenho muito respeito pela Marta. Vou respeitar sempre suas decisões. Participei da sua administração. Suei muito a camisa para que ela terminasse com os altos índices de aprovação que terminou. Só deixei a administração dela porque fui convidado para ir para o governo federal. A minha experiência na administração Marta é uma coisa que me orgulha muito.
- Gabriel Chalita afirmou que os partidos fazem acordos pensando exclusivamente no tempo de TV, sem levar em conta posições ideológicas.
Haddad: Esse argumento também valeria para o PMDB, que procurou as mesmas alianças. Isso não diminui em nada o PMDB. Mas o fato de não ter conseguido atrair esses aliados não torna a chapa mais virtuosa.
- Se o senhor tivesse que escolher um único projeto para realizar na cidade, por qual optaria?
Haddad: Um único é impossível citar, porque a cidade tem muitas demandas. Mas a saúde e o transporte são especialmente preocupantes. Entre os temas mais comentados em São Paulo estão a demora em ser atendido pelo sistema de saúde e de se deslocar pela cidade. Esses problemas dialogam com um elemento central: o tempo. O paulistano quer menos filas no SUS, menos espera para exames, para consultas e cirurgias. E menos tempo gasto com deslocamentos. Um transporte mais ágil, de melhor qualidade, que permita gastar energia com coisas importantes, como cultura, esporte e educação. Aumentar o tempo disponível para isso será um marco da nossa gestão.