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Febre amarela pode chegar em países vizinhos, alerta OMS

A entidade alarma para os riscos principalmente na América do Sul por transmissão de animais

Febre amarela: o alerta sobre o risco de proliferação pela região derivou do registro de 1,2 mil animais mortos em diversas regiões do Brasil (Douglas Engle/Bloomberg)

Febre amarela: o alerta sobre o risco de proliferação pela região derivou do registro de 1,2 mil animais mortos em diversas regiões do Brasil (Douglas Engle/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 3 de fevereiro de 2017 às 20h16.

Genebra - A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para o risco de uma proliferação da febre amarela pela América do Sul por transmissão de animais. Segundo a entidade, o vírus pode ser levado para Argentina, Paraguai ou Venezuela.

Em informe publicado nesta sexta-feira, 3, a entidade destaca que apenas o Brasil, por enquanto, tem casos confirmados do surto. No Peru e Colômbia, os dados apontam apenas para "possíveis casos".

Ainda assim, a entidade insiste que não recomenda que governos estabeleçam uma restrição de viagens para locais com o surto confirmado.

O alerta sobre o risco de proliferação pela região derivou do registro de 1,2 mil animais mortos em diversas regiões do Brasil por mais de 400 doenças epizooticas (que afeta vários animais em uma mesma região).

Os estudos já confirmaram que 259 deles haviam sido contaminados pela febre amarela. "A ocorrência de doenças epizooticas em Roraima, fronteira com a Venezuela, assim como no Mato Grosso do Sul e Paraná, na fronteira com a Argentina e Paraguai, representa um risco de circulação do vírus a países fronteiriços, especialmente em áreas em que se compartilha o mesmo ecossistema ", indicou.

Para a OMS, porém, nada disso justifica qualquer tipo de barreiras a viagens. "A Organização Panamericana de Saúde e a OMS não recomendam qualquer tipo de restrições de viagem ou no comércio para países onde exista um surto neste momento de febre amarela ", destaca o relatório.

Por enquanto, a OMS aponta que não existem indícios de que o mosquito Aedes aegypti esteja implicado na transmissão do atual surto. "Entretanto, o potencial risco de uma reurbanização não pode ser descartado", aponta.

Vacina

Na avaliação da entidade, governos precisam começar a estocar vacinas contra a febre amarela, assim como desenhar mapas das regiões que deveriam receber as doses de forma prioritária. O motivo: "a limitação na disponibilidade de vacinas".

Dada essa situação, a OMS "recomenda que autoridades nacionais conduzam avaliações sobre a cobertura de vacinação contra a febre amarela em áreas de risco para poder focar a distribuição das vacinas".

"Além disso, é recomendado que se mantenha um estoque de vacinas em um nível nacional para responder a possíveis surtos", disse.

"A medida mais importante de prevenção é a vacina", diz a OMS, que sugere que isso seja feito em campanhas de imunização, seja de forma sistemática, para regiões afetadas ou para viajantes que estejam pensando em ir a zonas afetadas.

A entidade insiste que a vacina disponível no mercado é "segura e barata" e garante uma imunidade, num período de dez dias, de 80% a 100%. Segundo a OMS, essa taxa chega a 99% para vacinas de 30 dias.

"Uma só dose é suficiente", afirma, apontando que o governo brasileiro já distribuiu 7,8 milhões de doses.

Mortalidade

Até o dia 2 de fevereiro, a entidade somou 901 casos relatados no Brasil, sendo 151 confirmados e 708 sob investigação. Outros 42 deram resultados negativos. Desse total, a OMS aponta para 143 mortes, das quais 54 foram confirmadas como tendo sido causadas pela febre amarela, contra 86 sob investigação.

A taxa de mortalidade também chama a atenção da entidade. Na média, o índice de fatalidade é de 16%. Considerando contudo apenas os casos confirmados, ele chega a 36%.

Segundo o relatório, no Brasil, cinco estados já foram afetado : Bahia (10 casos), Espírito Santo (67), Minas Gerais (802), São Paulo (7) e Tocantins (4). Em São Paulo, porém, o índice de mortalidade é de 43%, contra apenas 12% no Espírito Santo.

Em números absolutos, a OMS aponta para 48 mortes em Minas Gerais, 3 em São Paulo e 3 no Espírito Santo.

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