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Fazenda sobe previsão de déficit externo em 2010 e 2011

Ministério elevou estimativa por causa da valorização do real; projeção oficial será divulgada essa semana

Guido Mantega, ministro da Fazenda: déficit em conta corrente deve chegar a US$ 49,5 bi (Arquivo/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 20 de outubro de 2010 às 08h21.

Brasília - Por causa do processo de valorização do real, o Ministério da Fazenda elevou suas projeções para o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos neste e no próximo ano, segundo informou uma fonte. Os novos números dessa conta que registra todas as operações de comércio exterior, serviços e rendas do Brasil com o exterior serão divulgados ainda nesta semana pela Fazenda no boletim Economia Brasileira em Perspectiva, documento que o ministério produz sobre a evolução dos principais indicadores macroeconômicos e com projeções para a economia.

Para este ano, a nova projeção de saldo negativo na conta corrente é de US$ 49,5 bilhões, equivalente a 2,49% do Produto Interno Bruto (PIB). Antes, a Fazenda projetava déficit de US$ 45,9 bilhões (2,3% do PIB). Para 2011, a nova previsão é de saldo negativo de US$ 58,8 bilhões, ou 2,73% do PIB. No boletim anterior, a estimativa era de US$ 56 bilhões de déficit, ou 2,6% do PIB.

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A trajetória de rápida piora nas contas externas do País desde meados do ano passado tem causado preocupações na equipe econômica. Afinal, o agravamento do déficit externo significa que a indústria nacional não está conseguindo atender os consumires brasileiros e pode estar perdendo espaço para seus competidores estrangeiros. Além disso, com a constante e rápida deterioração das contas externas, o risco de uma crise cambial no futuro aumenta, o que, se ocorrer, pode provocar, entre outros problemas, uma alta da inflação.

Diferencial

Para o Ministério da Fazenda, o movimento da conta corrente reflete não só um crescimento mais forte da economia brasileira em comparação com os países desenvolvidos (que gera mais importações do que exportações), mas também o câmbio sobrevalorizado, que estimula a compra de bens importados, as remessas de lucros e as viagens ao exterior. Essa avaliação explica por que o governo está com uma postura bem mais agressiva no câmbio, adotando medidas para conter a valorização do real.

Para o Banco Central, por sua vez, o diferencial de crescimento econômico é o principal elemento que explica o crescente déficit externo. Mas a autoridade monetária tem menor preocupação com os movimentos recentes desse indicador, em razão do elevado volume de reservas internacionais (que permite atenuar movimentos abruptos do câmbio, como em 2008) e também porque os investimentos externos estão financiando com folga esse saldo negativo na conta corrente.


No cenário desenhado pelo Ministério da Fazenda para as contas externas do País em 2010, a conta de viagens internacionais deverá ter saldo negativo superior a US$ 9 bilhões (antes estavam previstos US$ 8,9 bilhões) e a de remessas de lucros e dividendos deverá ter déficit se aproximando de US$ 35 bilhões (no documento anterior estava em US$ 33 bilhões).

Segundo a fonte, essas duas contas têm forte influência da taxa de câmbio valorizada. Para 2011, o ministério espera menor déficit em viagens (entre US$ 7 bilhões e US$ 8 bilhões), refletindo um câmbio um pouco mais desvalorizado. Para as remessas de lucros, o cenário do ano que vem é de manutenção do nível de 2010. Apesar de mais pessimistas do que antes, as projeções da Fazenda para o déficit em conta corrente estão próximas e até um pouco mais otimistas do que as do mercado financeiro, que trabalha com déficit de US$ 50 bilhões em 2010 e de US$ 62 bilhões em 2011.

PIB

O ministério está mantendo em U 35 bilhões a projeção de ingressos de Investimento Estrangeiro Direto (IED) - aquele voltado à produção - em 2010, segundo a fonte. Para o ano que vem, a estimativa é de US$ 45 bilhões em ingressos de IED.

O boletim Economia Brasileira em Perspectiva do Ministério da Fazenda trará também oficialmente a nova projeção de crescimento da economia para 2010, agora em 7,5%. No documento anterior, a previsão era de 6,5%. Para 2011, o governo manteve a projeção de alta do PIB em 5,5%.

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