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Famílias desabrigadas começam a reconstruir comunidade em SP

800 famílias viviam no terreno, que tem aproximadamente 7,8 mil metros quadrados, na zona sul da capital paulista

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2014 às 12h37.

São Paulo - Moradores da comunidade Sônia Ribeiro, conhecida como Morro do Piolho, iniciaram a reconstrução de seus barracos, destruídos por um incêndio no dia 8 deste mês. Segundo contagem da prefeitura, 800 famílias viviam no terreno, que tem aproximadamente 7,8 mil metros quadrados, na zona sul da capital paulista.

As famílias instalaram-se, provisoriamente, nas calçadas de ruas em volta da comunidade com coberturas de lona. Banheiros químicos foram instalados pela prefeitura e um escritório móvel da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads) permanece cadastrando os desabrigados.

Cada família que perdeu sua casa tem direito a um auxílio aluguel no valor de R$ 400 por mês para morar em outro local. Aquelas que optam por refazer os barracos, têm autorização da prefeitura para isso, desde que constatada a segurança da construção. De acordo com o prefeito Fernando Haddad, o terreno será desapropriado e serão construídas, no local, moradias populares com 500 apartamentos para atender aos desabrigados. A previsão é que o conjunto habitacional leve de 18 a 24 meses para ser entregue, a partir do início das obras.

Maria de Lourdes de Moraes, 41 anos, é auxiliar de limpeza e morava com o marido na comunidade há 21 anos. Ela disse que optou por não aceitar o auxílio aluguel proposto pela prefeitura. “Eu tenho medo de ir para esse vale aluguel, eles pagarem uns dois ou três meses, e depois não pagar mais. E aí, como fica?”

Rosângela de Lourdes Silva, 52 anos, é catadora de recicláveis e disse ter o mesmo medo, por isso preferiu permanecer no terreno. “Fiz o cadastro e me perguntaram se eu queria o auxilio aluguel ou continuar. Eu tenho medo de sair daqui, pegar o vale-aluguel durante um tempo, aí eles não dão mais [o auxílio] e como é que a gente fica? A gente vai ter que voltar para cá , mas já vou ter perdido o meu lugar [no terreno]. Então, fico só nessa expectativa”, disse ela.

Rosângela conta que mora há 28 anos na comunidade, onde criou, sozinha, quatro filhos. “Eu carregava [os filhos] na carroça, desde pequeninhos. Já teve várias enchentes aqui, e eu chegava a perder tudo e ficar só com a roupa do corpo. Aí nos ficamos livres da enchente, mas do fogo não”, disse.

A Secretaria Municipal de Habitação informou que as famílias que optarem por receber o auxílio aluguel não ficarão desemparadas – o benefício será pago até a entrega das moradias populares. Ainda, de acordo com a pasta, tanto os moradores que voltarem para a comunidade, quanto aqueles que se mudarem, terão direito aos apartamentos.

Enquanto as famílias reconstroem suas vidas, doações de todo tipo são bem recebidas na comunidade. Adriana da Silva, de 42 anos, dona de casa, é voluntária na cozinha comunitária improvisada. Ela morou por 20 anos na comunidade e, quando soube do incêndio, resolveu ajudar amigos e parentes que moram no Morro do Piolho. “As famílias precisam de fogão, geladeira, panelas, cama. Comida tem chegado bastante doação e roupa também já está bom”, disse.

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