Falta de padrão coloca em xeque pão integral
Ministério Público abriu inquérito para investigar os porcentuais de ingredientes integrais nos pães industrializados
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2010 às 09h57.
São Paulo - Os pães integrais roubaram a maior parte do espaço do tradicional pão branco nas prateleiras dos supermercados, recheadas de embalagens com carimbos como "100% integral" ou "com farinha integral". No entanto, no Brasil não há legislação que garanta que pães, bolos, biscoitos e outros desses produtos contenham porcentuais expressivos de grãos integrais que realmente possam fazer diferença para a saúde.
Diante da ausência de parâmetros para o setor, o Ministério Público abriu inquérito para investigar os porcentuais de ingredientes integrais nos pães industrializados. Quer um acordo com as empresas para que divulguem, no mínimo, a quantidade de grãos integrais adicionada ao produto.
"Até 2005, o governo permitia que pães levassem a marca de integrais, mesmo que tivessem só uma pequena quantidade de farelo. A resolução foi revogada e hoje não há norma, mas as empresas mantiveram os produtos com as mesmas mensagens", afirma o promotor Pedro Rubim Borges Fortes, da Promotoria de Defesa do Consumidor do Ministério Público do Rio de Janeiro. Nos EUA, por exemplo, o produto precisa ter pelo menos 51% de grãos integrais para poder se autodenominar integral.
Além disso, consumidores ficam confusos com selos como "multigrãos" ou "sete grãos" - um pão pode ser feito com um mix de grãos composto de cereais processados. Outra informação que confunde é a de que o produto é "rico em fibras" - mas fibras podem ser adicionadas artificialmente a uma massa de farinha branca.
A promotoria iniciou a investigação após receber denúncias de consumidores. Caso não haja acordo, empresas serão processadas por propaganda enganosa - infração prevista no Código de Defesa do Consumidor - e estarão sujeitas a multa, caso a Justiça acolha a ação da promotoria. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.