Falta de resultado desincentivou ocupações no campo, diz MST
"Há uma diminuição da quantidade de ações porque houve poucas conquistas nas famílias que foram acampar nos últimos cinco anos", ressaltou líder
Da Redação
Publicado em 12 de março de 2014 às 19h44.
São Paulo - Um dos líderes nacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ( MST ), João Paulo Rodrigues, afirmou nesta quarta-feira que a redução das ocupações por parte da entidade reflete uma ausência de resultados do governo.
Se logo após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva as ocupações batiam recorde, com 76 mil famílias mobilizadas em cerca de 500 ocupações em todo o Brasil em 2004, os números do próprio MST dão conta de uma redução no uso deste tipo de estratégia. Segundo o movimento, atualmente a média é de 70 a 100 latifúndios ocupados dez anos depois.
"Há uma diminuição da quantidade de ações porque houve poucas conquistas nas famílias que foram acampar nos últimos cinco anos", ressaltou Rodrigues à Agência Efe.
Segundo Rodrigues, que participou na semana passada do fórum Efe Café da Manhã, antes as famílias "ficavam em média de três a quatro anos em um local e conseguiam as terras. Agora o tempo está chegando a sete anos, e a perspectiva de assentamento é muito pequena".
De acordo com ele, o cenário é semelhante ao vivido no final do governo Fernando Henrique Cardoso, quando "praticamente parou o processo de luta porque não havia mais saída".
"Com a vinda do Lula, criou-se uma expectativa muito grande. Nossa posição é de que deve haver um processo de desapropriação grande de latifúndio e de assentamento de famílias novas", apontou.
Se isso acontecer, argumentou, "aumentará a expectativa das famílias de conquistar terras para trabalhar", destacou Rodrigues ao enfatizar que não há uma "nova orientação do MST", mas sim pouca conquista.
Segundo números do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) o número de famílias assentadas pela reforma agrária têm caído a cada ano, passando de 136,4 mil famílias assentadas em 2006 para 30,2 mil em 2013.
Os dados do Incra agregam ainda dados da regularização fundiária de posseiros e a criação de reservas ambientais, podendo revelar um cenário ainda pior.
Para o pesquisador e especialista em questão agrária da Universidade de São Paulo, Ariovaldo Umbelino, "quando você faz a desagregação destes dados, vai verificar que desde 2006 cai o número de famílias assentadas".
"Ou seja, desde o segundo mandato do Lula que não se cumpre o que o terceiro plano nacional de reforma agrária prevê", completou Umbelino.
Já na opinão de Rodrigues, o governo federal está "decidido em apoiar o agronegócio", mas ressalta que é possível e necessária uma atenção paralela à Reforma Agrária.
"O agronegócio só utiliza 30% das terras agricultáveis brasileiras. Tem 60% de terras esparramadas por todo o Brasil que poderiam ser destinadas para a reforma agrária", frisou.
São Paulo - Um dos líderes nacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ( MST ), João Paulo Rodrigues, afirmou nesta quarta-feira que a redução das ocupações por parte da entidade reflete uma ausência de resultados do governo.
Se logo após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva as ocupações batiam recorde, com 76 mil famílias mobilizadas em cerca de 500 ocupações em todo o Brasil em 2004, os números do próprio MST dão conta de uma redução no uso deste tipo de estratégia. Segundo o movimento, atualmente a média é de 70 a 100 latifúndios ocupados dez anos depois.
"Há uma diminuição da quantidade de ações porque houve poucas conquistas nas famílias que foram acampar nos últimos cinco anos", ressaltou Rodrigues à Agência Efe.
Segundo Rodrigues, que participou na semana passada do fórum Efe Café da Manhã, antes as famílias "ficavam em média de três a quatro anos em um local e conseguiam as terras. Agora o tempo está chegando a sete anos, e a perspectiva de assentamento é muito pequena".
De acordo com ele, o cenário é semelhante ao vivido no final do governo Fernando Henrique Cardoso, quando "praticamente parou o processo de luta porque não havia mais saída".
"Com a vinda do Lula, criou-se uma expectativa muito grande. Nossa posição é de que deve haver um processo de desapropriação grande de latifúndio e de assentamento de famílias novas", apontou.
Se isso acontecer, argumentou, "aumentará a expectativa das famílias de conquistar terras para trabalhar", destacou Rodrigues ao enfatizar que não há uma "nova orientação do MST", mas sim pouca conquista.
Segundo números do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) o número de famílias assentadas pela reforma agrária têm caído a cada ano, passando de 136,4 mil famílias assentadas em 2006 para 30,2 mil em 2013.
Os dados do Incra agregam ainda dados da regularização fundiária de posseiros e a criação de reservas ambientais, podendo revelar um cenário ainda pior.
Para o pesquisador e especialista em questão agrária da Universidade de São Paulo, Ariovaldo Umbelino, "quando você faz a desagregação destes dados, vai verificar que desde 2006 cai o número de famílias assentadas".
"Ou seja, desde o segundo mandato do Lula que não se cumpre o que o terceiro plano nacional de reforma agrária prevê", completou Umbelino.
Já na opinão de Rodrigues, o governo federal está "decidido em apoiar o agronegócio", mas ressalta que é possível e necessária uma atenção paralela à Reforma Agrária.
"O agronegócio só utiliza 30% das terras agricultáveis brasileiras. Tem 60% de terras esparramadas por todo o Brasil que poderiam ser destinadas para a reforma agrária", frisou.