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Falta de médicos pode se agravar nos hospitais federais do Rio

No Hospital Federal do Andaraí, 100 médicos saíram no 1º semestre do ano; a situação tende a piorar nos próximos meses

Médicos: a situação tende a piorar quando outros profissionais terão seus contratos encerrados (./Thinkstock)

Médicos: a situação tende a piorar quando outros profissionais terão seus contratos encerrados (./Thinkstock)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 3 de julho de 2017 às 15h42.

Rio de Janeiro - Não bastasse a falta de insumos, os hospitais federais do Rio de Janeiro se encaminham para enfrentar um grave problema da falta de médicos.

Somente no Hospital Federal do Andaraí, na zona norte, 100 médicos saíram no primeiro semestre deste ano, enquanto apenas cinco foram contratados.

A situação tende a piorar nos próximos meses, quando outros profissionais terão seus contratos encerrados ou irão se aposentar.

Nesta segunda-feira, 3, a Comissão Externa criada na Câmara dos Deputados para analisar a situação dos hospitais federais do Rio visitou a unidade.

A estrutura física do hospital não chegou a ser mal avaliada - o setor de Emergência está sendo reinaugurado -, mas os deputados demonstraram preocupação com a falta de médicos.

Integrante do corpo clínico do hospital, o médico Sidney Franklin de Sá acompanhou o grupo de quatro parlamentares e demonstrou sua preocupação. "O mais grave é a não renovação de contratos", afirmou.

"Como o Ministério da Saúde não realiza concurso desde 2008, os contratos (dos médicos) vinham sendo renovados. Mas o ministro (Ricardo Barros) não quer mais renovar, então a gente corre o risco de ter que fechar serviços."

O médico conta que desde 25 de abril não é feita mais nenhuma cirurgia bariátrica no Hospital do Andaraí. No setor de mastologia, dos quatro profissionais, três estão com contrato vencendo.

Na Emergência, por sua vez, dos 73 profissionais, 33 poderão sair até o final do ano.

Para a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o problema é grave. Nesta segunda-feira, ela visitou a unidade hospitalar ao lado dos também deputados Chico D'Angelo (PT-RJ), Celso Pansera (PMDB-RJ) e Rosângela Gomes (PRB-RJ).

No fim de semana, o grupo - que contou ainda com o deputado Hugo Leal (PSB-RJ) - já havia ido aos hospitais federais Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, e de Bonsucesso.

"São hospitais que têm problema de estrutura e de insumos, mas o mais grave neste momento são os recursos humanos. E eles têm que se encaixar num perfil. São hospitais que têm serviços que as redes estadual e municipal não têm, que vão de cirurgia cardíaca a transplante, e eles têm que ser valorizados e estruturados pra isso", avaliou Jandira.

A deputada afirmou que os parlamentares não descartam acionar a Justiça para garantir a manutenção dos serviços.

"Essa é uma comissão suprapartidária. Não é uma questão de situação e oposição, nós precisamos de soluções para salvar a vida das pessoas. Se não houver medidas concretas a partir daquilo que vamos levar, vamos partir para a via judicial", garantiu.

Vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj), Renato Graça criticou a política que vem sendo adotada pelo governo federal.

Na última quarta-feira (28) o ministério da Saúde divulgou que fará uma reestruturação da rede federal no Rio. As seis unidades se tornarão especializadas por área de atuação.

"A política do ministério está sendo a de unir serviços. Por exemplo, tudo que for relativo a queimados vem pra cá (Hospital do Andaraí), mas se aqui está diminuindo, não tem como atender o que tem aqui, como vai atender os que ele quer centralizar?", questionou.

"A saúde dos hospitais federais aqui do Rio está sendo muito mal avaliada pelo ministro e sua equipe. Essas ações de fechamento não contam com o apoio do Conselho, nem dos médicos e nem dos pacientes", sustentou Renato Graça.

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