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Fake: vídeo de caça às baleias que Bolsonaro postou não é da Noruega

Presidente postou vídeo em rede social para questionar a legitimidade da Noruega em questões ambientais. Mas as imagens do vídeo não foram gravadas no país

Vídeo de baleias: As cenas que mostram caçadores encurralando baleias e atacando-as com arpões são originárias de uma prática tradicional das Ilhas Faroé, um arquipélago dependente da Dinamarca (Jan Egil Kristiansen / Colaborador/Getty Images)

Vídeo de baleias: As cenas que mostram caçadores encurralando baleias e atacando-as com arpões são originárias de uma prática tradicional das Ilhas Faroé, um arquipélago dependente da Dinamarca (Jan Egil Kristiansen / Colaborador/Getty Images)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 19 de agosto de 2019 às 11h38.

Última atualização em 19 de agosto de 2019 às 16h24.

São Paulo - No domingo (18), o presidente Jair Bolsonaro postou nas redes sociais um vídeo que mostra um massacre de baleias por caçadores de uma ilha da Dinamarca. Mas o presidente atribui a cena à Noruega, numa tentativa de criticar o país que suspendeu doações ao Fundo Amazônia, na semana passada, após alta recente no desmatamento da floresta.

Imagens semelhantes às do vídeo compartilhado pelo presidente circulavam nas redes sociais na semana passada, com descrições atribuindo o conteúdo à Noruega. Na sexta (16), porém, o serviço de checagem de fatos da Agência Lupa desmentiu essa relação. As cenas que mostram caçadores encurralando baleias e atacando-as com arpões são originárias de uma prática tradicional das Ilhas Faroé, um arquipélago dependente da Dinamarca. 

Bolsonaro usa o vídeo para questionar a legitimidade da Noruega em questões ambientais, dizendo que o país patrocina a matança de baleias. "Em torno de 40% do Fundo Amazônico vai para as... ONGs, refúgio de muitos ambientalistas. Veja a matança das baleias patrocinada pela Noruega", diz no post publicado no Twitter.

Fundo Amazônia

Na semana passada, a Noruega anunciou a suspensão de 300 milhões de coroas norueguesas (cerca de 130 milhões reais) em doações que seriam feitas até o final de 2019 para o Fundo Amazônia, mais importante programa de preservação da floresta.  O ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega, Ola Elvestuen, atribui a decisão à quebra de contrato do governo brasileiro. Desde a criação do Fundo Amazônia, há onze anos, os repasses das nações doadoras são atrelados aos bons resultados do Brasil na contenção do desmatamento na floresta. 

O país é de longe o principal doador do Fundo Amazônia, respondendo por 94% das doações, seguido da Alemanha (5%) e da Petrobras (1%). Desde 2008, o Fundo já recebeu mais de R$ 3,4 bilhões em doações e tornou-se o principal instrumento nacional para custeio de ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, além de promover a conservação e o uso sustentável do bioma amazônico. 

Seus recursos apoiam atualmente 103 projetos dos governos estaduais e da sociedade civil para proteger a floresta, entre eles o programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa). Voltado à criação e gerenciamento de Unidades de Conservação (UCs), o Arpa possui 46 projetos só no estado do Amazonas.

A decisão norueguesa ocorre poucos dias após a Alemanha decidir suspender o apoio financeiro dado a projetos de conservação florestal e biodiversidade na Amazônia. O governo alemão reterá uma doação de 35 milhões de euros, o equivalente a mais de R$ 151 milhões para o fundo Amazônia. O país já repassou R$ 193 milhões para o programa. 

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