Brasil

Fachin põe sob sigilo áudios interceptados após delação da JBS

A decisão do ministro do STF vale para dois CDs que "não contêm apenas os diálogos referidos nos relatórios a que foram elas anexadas"

JBS: os áudios captados pela PF foram disponibilizados na íntegra para cópia no prédio do Supremo Tribunal Federal na sexta-feira, 19 (Ueslei Marcelino/Reuters)

JBS: os áudios captados pela PF foram disponibilizados na íntegra para cópia no prédio do Supremo Tribunal Federal na sexta-feira, 19 (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de maio de 2017 às 18h14.

Brasília - Após a divulgação de áudios de conversas interceptadas que não têm relação com os supostos crimes investigados com base nas delações da JBS, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, decidiu impor sigilo a áudios interceptados pela Polícia Federal em investigação baseada nas delações da JBS.

A decisão vale para dois CDs que "não contêm apenas os diálogos referidos nos relatórios a que foram elas anexadas".

"Determino o desentranhamento, com a juntada em procedimento autônomo que tramitará sob segredo de justiça", decidiu Fachin. A decisão do ministro alcança também eventuais áudios relativos à investigação que estejam no meio destes dois CDs que foram separados dos autos e agora passarão a tramitar em sigilo.

Os áudios captados pela PF foram disponibilizados na íntegra para cópia no prédio do Supremo Tribunal Federal na sexta-feira, 19. Repórteres e advogados fizeram cópias.

Descobriu-se, depois, que não apenas as conversas referentes às investigações foram copiados, como também aquelas que não traziam qualquer fato suspeito. No meio do volume completo, havia conversas de jornalistas.

A publicação, pelo site BuzzFeed, de um diálogo do jornalista Reinaldo Azevedo com Andrea Neves, irmã de Aécio Neves e fonte do jornalista, alarmou a imprensa diante da quebra do sigilo da fonte - que só é autorizada quando há relação direta com a investigação.

Iniciou-se uma discussão sobre de onde teria vindo a quebra do sigilo da fonte. Procurado pela reportagem, o gabinete do ministro Edson Fachin não quis comentar.

Críticas

Decano do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Celso de Mello defendeu nesta quarta-feira, 24, que o sigilo da fonte é uma garantia constitucional.

"A minha posição é que o sigilo da fonte representa uma garantia de ordem constitucional titularizada por qualquer profissional de imprensa. É um direito básico, de caráter constitucional, absolutamente indevassável", disse.

Na terça, o ministro Gilmar Mendes já havia criticado a divulgação da conversa. "A lei que regulamenta as interceptações telefônicas é clara ao vedar o uso de gravação que não esteja relacionada com o objeto da investigação. É uma irresponsabilidade não se cumprir a legislação em vigor. O episódio envolvendo o jornalista Reinaldo Azevedo enche-nos de vergonha, é um ataque à liberdade de imprensa e ao direito constitucional de sigilo da fonte", afirmou.

O diálogo foi publicado nesta terça-feira pelo site BuzzFeed. Segundo a reportagem, a conversa entre Azevedo e a irmã de Aécio ocorreu no dia 13 de abril, logo após a abertura dos conteúdos da delação da Odebrecht.

Azevedo anunciou ontem sua demissão da revista Veja onde era colunista e afirmou que dar publicidade a "esse tipo de conversa é só uma maneira de intimidar jornalistas".

Acompanhe tudo sobre:Edson FachinJBS

Mais de Brasil

Ministro da Justiça reage a caso de jovem baleada pela PRF: 'obrigação de dar exemplo'

Morre Roberto Figueiredo do Amaral, executivo da Andrade Gutierrez

Desabamento e veículos arrastados: véspera de natal é marcada por chuvas em BH

Avião desaparece no AM e mãe de piloto faz apelo por buscas do filho nas redes sociais