Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 4 de dezembro de 2024 às 10h13.
Última atualização em 4 de dezembro de 2024 às 10h44.
A extrema pobreza e a pobreza no Brasil caíram ao menor nível da série histórica iniciada em 2012, segundo dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada nesta quarta-feira, 4, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dados, referentes a 2023, mostram que pela primeira vez, a miséria ficou abaixo de 5%, caindo para 4,4%, o que representa 9,5 milhões de pessoas. Além disso, 8,7 milhões de brasileiros saíram da condição de pobreza, reduzindo esse contingente para 59 milhões, o menor número registrado em mais de uma década.
Segundo o IBGE, a expansão dos programas sociais, destaque para o Bolsa Família, ajudou a reduzir a miséria no Brasil de 5,9% para 4,4% entre 2022 e 2023. Em números absolutos, a população na extrema pobreza recuou de 12,6 milhões para 9,5 milhões de pessoas, também o menor contingente desde 2012. Em um ano, cerca de 3,1 milhões de pessoas saíram da extrema pobreza.
Na hipótese de não existirem os programas sociais implementados pelo governo federal, a proporção de pessoas na extrema pobreza em 2023 teria subido de 4,4% para 11,2%. Já a proporção da população na pobreza teria subido de 27,4% para 32,4%.
Ainda assim, há 9,5 milhões de brasileiros vivendo em condições extremamente precárias, com renda abaixo de R$ 209 por mês ou US$ 2,15 por pessoa por dia, linha internacional usada para medir a pobreza extrema pelo Banco Mundial.
O aumento do emprego também é apontado pelo IBGE como motivo para a redução da pobreza em 2023. Entre as pessoas ocupadas, menos de 1% foram consideradas extremamente pobres em 2023, enquanto entre os desocupados essa proporção chegou a 14,6%. Da mesma forma, a proporção de pessoas ocupadas pobres (14,2%) foi bem inferior à dos desocupados pobres (54,9%).
André Simões, que integra a equipe responsável pela SIS, avalia que esses indicadores mostram que há pobreza entre a população ocupada, provavelmente relacionada à vulnerabilidade social de alguns segmentos do mercado de trabalho.
"No entanto, a pobreza e a extrema pobreza entre os trabalhadores são menos intensas do que na população desocupada", explica.
Os dados mostram que o índice de Gini - indicador que mede a desigualdade de renda, se manteve estacionado em 0,518 entre 2022 e 2023. A variação do indicado varia de zero a 1 e, quanto maior, pior.
Mesmo em um ano com a economia crescendo 3,2%, expansão de programas sociais e desemprego baixo, a desigualdade de renda no Brasil não caiu e se mantém como uma da maiores do mundo.
Simões aponta que “por atuarem mais na base da estrutura de rendimentos, os efeitos dos benefícios de programas sociais impediram que o Gini aumentasse, pois sem esses benefícios, o Gini teria passado de 0,518 para 0,555".
No Brasil, em 2023, a renda total apropriada pelos 10% com os maiores rendimentos foi 3,6 vezes maior do que a renda dos 40% com os menores rendimentos. Não houve variação frente a 2022, em consonância com os resultados do Índice de Gini.