Exploração de petróleo perto da Amazônia é compatível com economia verde, diz presidente da Apex
Jorge Viana defende que dinheiro arrecadado com exploração ajude a custear transição energética do Brasil
Repórter de macroeconomia
Publicado em 25 de setembro de 2023 às 20h04.
Para Jorge Viana, presidente da Apex-Brasil, a exploração de petróleo na região equatorial, próximo da floresta amazônica, pode ajudar o Brasil a avançar na transição para a economia verde.
"Você não pode ter as empresas da Noruega, dos Estados Unidos, as maiores petrolíferas do mundo no Suriname, explorando um petróleo para eles fazerem a transição para um modelo de energia limpa e proibir o Brasil de fazer uma exploração na Linha Equatorial. Com todo o cuidado ambiental, o Brasil pode fazer essa transição", disse, durante entrevista ao programa Macro em Pauta, da EXAME. A Apex tem como missão aumentar as exportações brasileiras e possui vários postos no exterior.
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"O petróleo lá tem que ser explorado com toda rigidez e cuidado, quem sabe criando um fundo soberano que mude a vida do povo que vive na Amazônia. São 29 milhões de pessoas morando na região mais rica do planeta e que passam necessidades básicas. Se o Brasil pegar esse novo pré-sal e fizer direitinho a gente faz a transição para o modelo descarbonizado, mas colocando os brasileiros em um padrão de vida digno. As coisas não são incompatíveis para mim", afirmou.
Diversos ambientalistas criticam a possibilidade de explorar petróleo perto da Amazônia. Eles alertam que a decisão de abrir novos poços, além de estimular o uso de um combustível fóssil e que gera mais poluentes, pode gerar danos para as populações indígenas e estimular indiretamente o desmatamento, pois a indústria do petróleo atrairá mais moradores para a região, o que demandará a ampliação de cidades e de estradas.
A ideia de extrair petróleo na região amazônica gera debate entre várias áreas do governo há meses. A Petrobras fez um pedido para buscar petróleo em um local a 560 km da foz do rio Amazonas, que fica no oceano Atlântico. Em maio, o Ibama negou o pedido, mas o plano segue em debate. O presidente Lula já sinalizou ser favorável à exploração de petróleo na região.
Viana nasceu em Rio Branco, no Acre, e fez carreira política no estado. Foi prefeito da capital (1993-1997), governador do estado (1999-2007) e senador (2011-19). Na entrevista, ele também defendeu que o Brasil invista na adoção e exportação de biocombustíveis, como o etanol, como alternativa à uma transição direta para carros elétricos.
Veja abaixo a íntegra da entrevista: