Brasil

Êxito da Copa não oculta preocupações com Jogos do Rio-2016

Por mais que a organização da Copa tenha sido um sucesso, o Rio de Janeiro continua na corrida contra o relógio para as Olimpíadas


	Cartaz das Olimpíadas 2016, no Rio: cidade enfrenta atrasos preocupantes nas obras
 (iroh/Creative Commons)

Cartaz das Olimpíadas 2016, no Rio: cidade enfrenta atrasos preocupantes nas obras (iroh/Creative Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de julho de 2014 às 14h18.

Rio de Janeiro - Por mais que a organização da Copa do Mundo tenha sido um sucesso, o Rio de Janeiro continua numa corrida contra o relógio para os Jogos Olímpicos de 2016, enfrentando atrasos preocupantes nas obras.

A grande festa do futebol já ficou para trás e, a partir desta segunda-feira, todos os olhares se voltarão para a Cidade Maravilhosa, que acolherá as primeira Olimpíadas da América do Sul daqui a 753 dias.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, considera que o êxito da Copa deve contribuir para amenizar os temores sobre a organização dos Jogos.

"A desconfiança que enfrentamos há dois meses já não existirá mais", disse Paes na semana passada em entrevista a jornalistas estrangeiros. "Ainda temos muito trabalho pela frente, mas confiamos na nossa capacidade de entregar tudo à tempo", garantiu.

A principal dor de cabeça é o Parque Olímpico de Deodoro, que receberá sete modalidades, entre elas ciclismo, tiro esportivo, esgrima, hipismo e hóquei sobre grama. As obras, que deveriam ter começado no ano passado, só foram iniciadas no dia 3 de julho.

Três instalações herdadas dos Jogos Pan-Americanos de 2007 precisam ser renovadas e outras precisam ser erguidas do zero.

A entrega está prevista para o primeiro semestre de 2016, prazo que não dá nenhuma margem de segurança aos organizadores.

Pouca flexibilidade

O principal Parque Olímpico será localizado na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, perto do antigo autódromo. O local, que receberá 15 modalidades, parece hoje um grande terreno baldio.

Greves e atrasos afetaram o começo das obras e a construção do velódromo foi iniciada apenas em fevereiro. No imenso terreno que beira a lagoa de Jacarepaguá, aparecem apenas alguns blocos de concreto.

As únicas instalações que já estão de pé são a Arena da Barra, que receberá a ginástica e o trampolim, e o Parque Aquático Maria Lenk, ambos inaugurados em 2007. O Parque Aquático sequer receberá provas de natação, que serão realizadas numa instalação provisória ao lado, e deve se contentar apenas os saltos ornamentais e o polo aquático.

A poucos quilômetros de lá, o polêmico campo de golfe, localizado no meio de uma reserva ecológica que beira a praia do Recreio, ainda está na sua fase inicial de construção. A entrega está prevista para meados de 2015.

Apesar de todos esses atrasos, o general Fernando Azevedo e Silva, nomeado pela presidente Dilma Rousseff para chefiar a Autoridade Pública Olímpica que coordena as obras, mostrou-se "muito otimista".

"Não temos atrasos confirmados, mas tampouco temos flexibilidade (em termos de tempo), principalmente para Deodoro", admitiu o dirigente em entrevista à AFP.

Na zona norte da cidade, enquanto o Maracanã mostrou na Copa que está totalmente operacional, o Engenhão, que receberá o atletismo, modalidade de maior prestígio nos Jogos, continua fechado por conta de problemas na cobertura.

Outra preocupação é a poluição da baia de Guanabara, onde serão disputadas competições de vela e windsurf.

"Vai ficar limpa, não existe risco para os atletas", prometeu Paes, que reconheceu apenas "alguns problemas", porém "muito longe do espaço olímpico".

COI à espera

Em abril, a organização do Rio-2016 recebeu críticas duríssimas do australiano John Coates, vice-presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), que chegou a declarar que tratava-se da "pior já vista" em 40 anos.

No entanto, o presidente da entidade, o alemão Thomas Bach, mostrou-se muito mais otimista depois de uma reunião que teve na última sexta-feira com a presidente Dilma Rousseff.

"Fiquei satisfeito com a confiança que a presidente nos Jogos. Foi muito bom ouvir que os Jogos e seu legado eram uma prioridade absoluta", afirmou Bach.

Além das instalações esportivas, são previstos 27 projetos que devem trazer melhorias para a cidade, principalmente em termos de transportes públicos. Os projetos de maior destaque são a renovação da zona portuária, a construção de uma nova linha de metrô e a implementação de corredores de ônibus (BRT).

Os Jogos do Rio-2016 custarão pelo menos 36 bilhões de reais, sendo que as autoridades garantem que metade do financiamento será de origem privada ou procedente de consórcios público-privados.

O problema é que os atrasos correm o risco de elevar aumentar o peso no bolso do contribuinte e o custo final será conhecido apenas às vésperas da competição. O que se sabe no momento é que o orçamento parcial já está mais elevado do que nos Jogos de Londres-2012.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasCopa do MundoEsportesFutebolMetrópoles globaisOlimpíadasRio de Janeiro

Mais de Brasil

Alguém que pratica assédio não vai ficar no governo, diz Lula sobre denúncias contra Silvio Almeida

André Mendonça vota para aceitar recurso da PGR contra decisão que beneficiou Marcelo Odebrecht

Quase um terço dos moradores de abrigos estão em Roraima, rota de migração venezuelana

Censo 2022: metade das pessoas que moram em abrigos para pessoas em situação de rua está em SP

Mais na Exame