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Execuções são necessárias contra narcotráfico, diz Indonésia

Procurador-geral disse que as execuções não significam que a Indonésia considera os países de origem dos réus como inimigos


	Angelita Muxfeldt, parente do brasileiro Rodrigo Gularte, conversa próximo ao caixão durante funeral em Jacarta, na Indonésia
 (REUTERS/Nyimas Laula)

Angelita Muxfeldt, parente do brasileiro Rodrigo Gularte, conversa próximo ao caixão durante funeral em Jacarta, na Indonésia (REUTERS/Nyimas Laula)

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Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2015 às 14h42.

Bangcoc - A Indonésia defendeu nesta quarta-feira a execução de oito réus, entre eles o brasileiro Rodrigo Gularte, como uma medida necessária na luta contra o narcotráfico, respondendo às críticas da Austrália e do Brasil, que pediram clemência para seus cidadãos condenados à pena capital.

O procurador-geral, Muhammad Prasetyo, disse que as execuções não significam que a Indonésia considera os países de origem dos réus como inimigos, mas têm como objetivo dissuadir futuros criminosos.

"Estamos em uma guerra contra crimes horríveis de narcotráfico que ameaçam a sobrevivência de nossa nação", disse Praseyto em Cilacap, região próxima à prisão onde os réus foram fuzilados, segundo a emissora local "Metro".

Além de Gularte, foram executados na madrugada de hoje, na ilha de Nusakambangan, os australianos Andrew Chan, Myuran Sukumaran, três nigerianos, um ganês e um indonésio.

O governo brasileiro manifestou sua "profunda consternação" pela execução do brasileiro Rodrigo Gularte, atitude considerada um "fato grave" na relação bilateral, deteriorada desde janeiro após o fuzilamento de Marco Archer Cardoso Moreira, condenado à pena capital pelo mesmo crime.

Desde então, a presidente Dilma Rousseff chamou o embaixador brasileiro em Jacarta para consultas, que ainda não retornou ao posto. Depois, se recusou a receber as credenciais do novo chanceler da Indonésia no Brasil.

O primeiro-ministro da Austrália, Tony Abbott, anunciou a retirada do embaixador em Jacarta, Paul Grigson, após as execuções, classificadas como "cruéis e desnecessárias" e que colocam as relações bilaterais entre os dois países em "um momento obscuro".

"Condenamos o que ocorreu e não podemos agir como se nada tivesse acontecido. Por isso, uma vez que todas as cortesias tenham sido dadas às famílias de Chan e Sukumaran, nosso embaixador deixará Jacarta para consultas", disse Abbott em entrevista coletiva.

Abbott destacou que a Indonésia é muito importante para a Austrália, mas indicou que as relações sofreram um abalo após o fuzilamento, impacto sentido já nas últimas semanas após a suspensão dos contatos ministeriais, que seguirão interrompidos por tempo indeterminado.

A Indonésia também recebeu críticas da Anistia Internacional, que classificou as execuções como "reprováveis". Segundo a organização, vários presos não tiveram acesso a advogados competentes e intérpretes durante a detenção e a fase inicial do julgamento.

Sobre o Gularte, a AI criticou o fato de o brasileiro ter sido fuzilado mesmo diagnosticado como esquizofrênico.

O governo indonésio, por outro lado, minimizou as críticas e pediu respeito à legislação do país.

"Nossa lei deve ser respeitada. Nós respeitamos a soberania das leis em outros países", disse o presidente Joko Widodo.

A ministra das Relações Exteriores, Retno Marsudi, se mostrou confiante em manter "as boas e importantes" relações com a Austrália, enquanto o vice-presidente, Jusuf Kalla, alertou que Canberra seria mais prejudicada no caso de um conflito diplomático.

"Importamos mais da Austrália. Portanto, se eles congelarem as relações comerciais, sairão perdendo", disse Kalla em declarações divulgadas pelo "Jakarta Post".

As reprovações do Brasil e a Austrália contrastam com o agradecimento das Filipinas após o adiamento da execução de Mary Jane no último momento, solicitada por Manila depois de a mulher que supostamente recrutou a condenada ter se entregado à polícia ontem.

"É um alívio que a execução não tenha ocorrido nesta noite. Nossas preces foram atendidas", disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores das Filipinas, Charles José, segundo o site "Rappler".

Os filipinos apresentaram Mary Jane como uma vítima do tráfico de pessoas, apresentando Maria Cristina Sérgio como responsável por recrutá-la para viajar para a Indonésia levando 2,6 quilos de heroína na bagagem.

No entanto, Widodo esclareceu que a sentença imposta à Mary Jane não foi alterada.

"Há uma cara das Filipinas que expõe um caso de tráfico de pessoas. Isso é um adiamento (da execução), não uma anulação", disse o presidente.

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