Em 2008, o ministro Mantega disse que a culpa pela alta da inflação era do "feijãozinho" (ARQUIVO/WIKIMEDIA COMMONS)
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2010 às 11h54.
São Paulo - A ideia do Ministro da Fazenda, Guido Mantega, de criar um índice de inflação sem os preços voláteis de alimentos e combustíveis é valida do ponto de vista técnico. Porém, a simples adoção desse núcleo como meta de inflação não garante juros menores, pois nem sempre ele será menor do que o índice cheio.
A avaliação é do pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Armando Castelar, que participou nesta sexta-feira (26) do programa “Momento da Economia”, na Rádio EXAME.
“A ideia básica é que a alta (no preço dos alimentos) seja revertida, ou seja, do mesmo jeito que ela é maior agora, ela será menor amanhã. Expurgar ou não esses preços não é uma coisa que vá ter impacto na taxa de juros no médio prazo. Se a tendência fosse de um aumento continuado (do preço dos alimentos), não faria sentido expurgar, pois você estaria subestimando a verdadeira inflação”, diz Castelar
O debate ressurge no Brasil num momento em que os preços dos alimentos estão elevados, ou seja, a diferença entre o núcleo (sem alimentação e combustível) e o índice cheio é grande. Porém, quando esses preços caem, essa diferença fica insignificante.
O professor lembra que os Estados Unidos usam o núcleo como referência, mas não há meta de inflação. Na Inglaterra e na União Europeia, onde tem meta, usa-se o índice cheio.
“O índice cheio para a população é muito mais transparente e o Banco Central do Brasil já acompanha os núcleos”, salienta Castelar.
Na entrevista (clique na imagem ao lado para ouvir o programa “Momento da Economia”) , o pesquisador do Ibre avalia se o Brasil já tem maturidade suficiente para buscar uma meta de inflação menor e comenta o nível de indexação da economia.